2007-12-30

O fascínio da neve

Agora que muita gente procura usufruir desse prazer simples de brincar com a neve que é tão escassa no nosso país, permitindo-nos extrair desse meteoro natural apenas os seus aspectos agradáveis, recordo-me da Polónia no Inverno e em como a neve aí é uma presença constante e incómoda talvez como, para nós, a chuva no dia a dia. É chato, mas tem que ser e sabemos que faz falta.
Na formação que lá fiz falava-lhes como um exemplo de valorização dos recursos locais, falava-lhes do fluxo turístico, que anualmente, em Fevereiro, percorrem Trás os Montes para ver o espectáculo deslumbrante das amendoeiras em flor.
Todos sentiam como natural e belo esse espectáculo, só se riam com uma gargalhada franca quando eu referia:
- É que toda aquela mancha de flores brancas nos lembra a neve !

2007-12-29

Armando Vara

Há quem diga que foi meteórica a carreira de Armando Vara, que não tem curriculum suficiente para integrar a administração do BCP.
Vejamos:
Armando Vara, há mais ou menos 20 anos, era um discreto empregado duma remota agência bancária e, já então, uma “estrela” ascendente na estrutura regional do PS.
Seguiu a “glory road” laboriosamente, talentosamente. Há muitos que o tentam fazer sem o conseguir (a maioria) mas Vara sim, sabendo avançar quando era possível e retroceder também quando necessário.
O partido proporcionou-lhe a escada que precisava e lá foi subindo, degrau a degrau sem cair prematuramente.
Chegou quase ao topo, primeiro a uma direcção de serviços e depois à administração da CGD e não desiludiu, pelo contrário.
Agora dá mais um passo, para o BCP.
Um arrivista, dizem alguns, veio de pára-quedas.
A estes que falam pergunto eu e Paulo Azevedo, de onde veio ?
E, Rui Vilar, sem pôr em dúvida a sua competência, já provada entretanto , mas que passou quase directamente da licenciatura para o topo da administração privada, e tantos outros, quase todos os gestores de topo ?
Será que a escada das influencias e das relações familiares vale mais do que qualquer outra ?
Será que alguns que nascem já com curriculum feito é que têm competência genética ?
Como dizia um mestre “é pelos frutos que se conhecem as árvores”.
Critiquem Vara quando, e se, ele produzir maus frutos no BCP, para já, ainda é cedo, são meros preconceitos.

2007-12-27

Questão de números

A TVI ontem começou o seu noticiário nobre com o seguinte título:

“Crise, qual crise ?”

Depois explicava que milhares de Portugueses iriam passar o ano no Brasil, na Madeira e noutros destinos de “luxo”.

Só não percebeu que a resposta à sua questão estava contida nesse mesmo texto.

Para fora foram, de facto, milhares, só que nós somos milhões e ficámos em casa por causa da crise.

Para esclarecimento da TVI informo que, em Portugal, um milhão são mil milhares.

A situação no BCP

A sabedoria popular já há muito enquadrou o que se está a passar com o BCP:

“Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades !”

2007-12-23

Embora o mundo ainda não tenha percebido

Todas as regiões, lugares, são especiais, únicos, irrepetíveis !

Como estas que eu conheço:

Um conjunto de algumas aldeias portuguesas, no Sul no Centro, enfim em todos os pontos cardeais e colaterais, uma vasta zona de deserto em várias partes do mundo, um extenso complexo desportivo em ruínas, saudoso de velhas glórias, na Polónia, uma lixeira de resíduos tóxicos perigosos agora coberta de relva e com ovelhas a pastar, perto de mim, segundo me dizem.

Também como aquela insistentemente referida no “Meu nome é legião” de António Lobo Antunes:

"3 (três) edifícios inteiros mais ½ (metade) direita de um à esquerda e 2/5 (dois quintos) da esquerda de outro à direita."

É para dar esta notícia que é importante a noção de "marketing territorial".

É por isso que estou a escrever um livro sobre esta temática.

2007-12-21

A questão do referendo

É uma questão simplicíssima.
Por coerência, por honestidade, por uma questão de sentido democrático, pela ilusão de que é ou deveria ser o povo quem mais ordena, por tudo isso e ainda muito mais se deveria referendar o tratado constitucional.
É óbvio.
Porque não se referenda então ?
Por uma questão matemática simples:
Se todos os 27 Estados Membros referendassem o tratado, o tratado não passaria nunca, nem este nem qualquer outro.
Mesmo que houvesse 90 % de probabilidades de o tratado ser ratificado em referendo em cada um dos Estados Membros, o que já por si é duvidoso, a probabilidade de que o mesmo fosse ratificado em todos os Estados Membros seria de apenas cerca de 5 %.
É isto que nos diz a estatística, com alguns pressupostos facilmente assumíveis.
Só há uma maneira de sair deste impasse, como alguém já propôs, fazer um único referendo europeu !

2007-12-19

A minha campanha continua

Morra o Pai Natal, morra !
Pim.

Vivam o Menino Jesus e a Árvore de Natal !

2007-12-11

Afinal era mesmo Pessoa

Foi graças ao meu sobrinho Eduardo Jordão, amante de Fernando Pessoa e talentoso pianista, que aliás nos irá dar no próximo Sábado dia 15, pelas 17 horas, no Salão dos espelhos do Palácio da Ajuda, um concerto onde, estou certo, quem duvide das minhas palavras poderá confirmar ao vivo a sua justeza. Foi esse meu sobrinho que desencantou o perdido poema de Fernando Pessoa que chegou parcial e distorcido ao meu poste abaixo: “Uma Tarde no Parque “.

É assim:

Fito-me frente a frente (30-3-1931)

Fito-me frente a frente
E conheço quem sou.
Estou louco, é evidente,
Mas que louco é que estou?

É por ser mais poeta
Que gente que sou louco?
Ou é por ter completa
A noção de ser pouco?

Não sei, mas sinto morto
O ser vivo que tenho.
Nasci como um aborto,
Salvo a hora e o tamanho.

Fernando Pessoa

2007-12-06

A sinistra AZAE

Nós vamos brincando mas o mundo está-se a tornar sinistro.

A MEIA DÚZIA DE LAVRADORES que comercializam directamente os seus produtos e que sobreviveram aos centros comerciais ou às grandes superfícies vai agora ser eliminada sumariamente. Os proprietários de restaurantes caseiros que sobram, e vivem no mesmo prédio em que trabalham, preparam-se, depois da chegada da "fast food", para fechar portas e mudar de vida. Os cozinheiros que faziam a domicílio pratos e "petiscos", a fim de os vender no café ao lado e que resistiram a toneladas de batatas fritas e de gordura reciclada, podem rezar as últimas orações. Todos os que cozinhavam em casa e forneciam diariamente, aos cafés e restaurantes do bairro, sopas, doces, compotas, rissóis e croquetes, podem sonhar com outros negócios. Os artesãos que comercializam produtos confeccionados à sua maneira vão ser liquidados.
A SOLUÇÃO FINAL vem aí. Com a lei, as políticas, as polícias, os inspectores, os fiscais, a imprensa e a televisão. Ninguém, deste velho mundo, sobrará. Quem não quer funcionar como uma empresa, quem não usa os computadores tão generosamente distribuídos pelo país, quem não aceita as receitas harmonizadas, quem recusa fornecer-se de produtos e matérias-primas industriais e quem não quer ser igual a toda a gente está condenado. Estes exércitos de liquidação são poderosíssimos: têm Estado-maior em Bruxelas e regulam-se pelas directivas europeias elaboradas pelos mais qualificados cientistas do mundo; organizam-se no governo nacional, sob tutela carismática do Ministro da Economia e da Inovação, Manuel Pinho; e agem através do pessoal da ASAE, a organização mais falada e odiada do país, mas certamente a mais amada pelas multinacionais da gordura, pelo cartel da ração e pelos impérios do açúcar.
EM FRENTE À FACULDADE onde dou aulas, há dois ou três cafés onde os estudantes, nos intervalos, bebem uns copos, conversam, namoram e jogam às cartas ou ao dominó. Acabou! É proibido jogar!
Nas esplanadas, a partir de Janeiro, é proibido beber café em chávenas de louça, ou vinho, águas, refrigerantes e cerveja em copos de vidro. Tem de ser em copos de plástico.
Vender, nas praias ou nas romarias, bolas de Berlim ou pastéis de nata que não sejam industriais e embalados? Proibido.
Nas feiras e nos mercados, tanto em Lisboa e Porto, como em Vinhais ou Estremoz, os exércitos dos zeladores da nossa saúde e da nossa virtude fazem razias semanais e levam tudo quanto é artesanal: azeitonas, queijos, compotas, pão e enchidos.
Na província, um restaurante artesanal é gerido por uma família que tem, ao lado, a sua horta, donde retira produtos como alfaces, feijão verde, coentros, galinhas e ovos? Acabou. É proibido. Embrulhar castanhas assadas em papel de jornal? Proibido.
Trazer da terra, na estação, cerejas e morangos? Proibido.
Usar, na mesa do restaurante, um galheteiro para o azeite e o vinagre é proibido. Tem de ser garrafas especialmente preparadas.
Vender, no seu restaurante, produtos da sua quinta, azeite e azeitonas, alfaces e tomate, ovos e queijos, acabou. Está proibido.
Comprar um bolo-rei com fava e brinde porque os miúdos acham graça? Acabou. É proibido.
Ir a casa buscar duas folhas de alface, um prato de sopa e umas fatias de fiambre para servir uma refeição ligeira a um cliente apressado? Proibido.
Vender bolos, empadas, rissóis, merendas e croquetes caseiros é proibido. Só industriais.
É proibido ter pão congelado para uma emergência: só em arcas especiais e com fornos de descongelação especiais, aliás caríssimos.
Servir areias, biscoitos, queijinhos de amêndoa e brigadeiros feitos pela vizinha, uma excelente cozinheira que faz isto há trinta anos? Proibido.
AS REGRAS, cujo não cumprimento leva a multas pesadas e ao encerramento do estabelecimento, são tantas que centenas de páginas não chegam para as descrever.
Nas prateleiras, diante das garrafas de Coca-Cola e de vinho tinto tem de haver etiquetas a dizer Coca-Cola e vinho tinto.
Na cozinha, tem de haver uma faca de cor diferente para cada género.
Não pode haver cruzamento de circuitos e de géneros: não se pode cortar cebola na mesma mesa em que se fazem tostas mistas.
No frigorífico, tem de haver sempre uma caixa com uma etiqueta "produto não válido", mesmo que esteja vazia.
Cada vez que se corta uma fatia de fiambre ou de queijo para uma sanduíche, tem de se colar uma etiqueta e inscrever a data e a hora dessa operação.
Não se pode guardar pão para, ao fim de vários dias, fazer torradas ou açorda.
Aproveitar outras sobras para confeccionar rissóis ou croquetes? Proibido.
Flores naturais nas mesas ou no balcão? Proibido. Têm de ser de plástico, papel ou tecido.
Torneiras de abrir e fechar à mão, como sempre se fizeram? Proibido. As torneiras nas cozinhas devem ser de abrir ao pé, ao cotovelo ou com célula fotoeléctrica.
As temperaturas do ambiente, no café, têm de ser medidas duas vezes por dia e devidamente registadas.
As temperaturas dos frigoríficos e das arcas têm de ser medidas três vezes por dia, registadas em folhas especiais e assinadas pelo funcionário certificado.
Usar colheres de pau para cozinhar, tratar da sopa ou dos fritos? Proibido. Tem de ser de plástico ou de aço.
Cortar tomate, couve, batata e outros legumes? Sim, pode ser. Desde que seja com facas de cores diferentes, em locais apropriados das mesas e das bancas, tendo o cuidado de fazer sempre uma etiqueta com a data e a hora do corte.
O dono do restaurante vai de vez em quando abastecer-se aos mercados e leva o seu próprio carro para transportar uns queijos, uns pacotes de leite e uns ovos? Proibido. Tem de ser em carros refrigerados.
TUDO ISTO, como é evidente, para nosso bem. Para proteger a nossa saúde. Para modernizar a economia. Para apostar no futuro. Para estarmos na linhada frente. E não tenhamos dúvidas: um dia destes, as brigadas vêm, com estas regras, fiscalizar e ordenar as nossas casas. Para nosso bem, pois claro.

António Barreto «Retrato da Semana» - «Público» de 25 de Novembro de 2007

2007-12-03

É certo que Chavez irrita um pouco mas ...

É certo que Chavez chama fascista a quem não gosta mas os nossos media pagam-lhe na mesma moeda:
Não renovou um contrato de concessão de TV que chegou ao seu termo, nos termos de um direito que qualquer democracia tem, incluindo a nossa, e logo dizem que mandou fechar um canal da oposição (aliás canal de “lixo”, como muitos observadores independentes manifestaram).
Propõe a retirada do limite de mandatos, tema perfeitamente discutível em qualquer democracia e aliás que aqui também já se polemizou relativamente às autárquicas, mas logo dizem que quer passar uma lei para se perpetuar no Governo até aos 75 anos, esquecendo-se de acrescentar a verdade: “se os venezuelanos quiserem”.
Perde o referendo dessa proposta, aceita pacificamente a derrota e cumprimenta os adversários, como é natural em qualquer democracia, logo dizem que o “ditador” perdeu, mas qual “ditador” ? Deve ser aquele "ditador" parecido com o "fascista" do Aznar.
O Público aliás na edição de hoje assegurava a vitória de Chavez e insinuava batota eleitoral.
Também irrita tanta má vontade.

2007-11-28

Mas onde é que eu já vi isto ?

“Depressa fiquei com a sensação de que ele, tal como o recordava, estava a penetrar em toda a parte, a infectar com a sua presença a maneira de pensar e a vida quotidiana de todas as pessoas, de tal forma que a sua mediocridade, o seu tédio, os hábitos cinzentos se tornavam a própria vida do meu país. E finalmente a lei por ele estabelecida – a implacável força da maioria, o incessante sacrifício ao ídolo da maioria – perdeu todo o significado sociológico, pois a maioria era ele.”

Vladimir Nabokov “Tiranos derrubados” in Contos completos

2007-11-21

Uma tarde no parque

Voltei ao parque infantil do Alvito, com os meus netos, 50 anos depois de lá ter estado eu próprio, várias vezes, de bibe e pião.
Trepar por umas gaiolas de ferro, que já não existem (certamente a UE deu-se conta de que elas matavam e baniu-as), era a minha brincadeira favorita, agora é o “barco dos piratas”, em madeira e cordas, que mais atrai as crianças.
Na popa do “barco dos piratas”, com vento de feição, viajava eu enquanto Pedro corria de uma ponta a outra do “barco”; “é ágil o meu neto”, pensava, quando senti o telemóvel vibrar-me no bolso. Quem seria àquela hora ?
Era o Adriano, meu filho e companheiro de blogue, onde já não escreve porque perdeu a “password”, e que me diz assim:
- Pai, ouve esta quadra !
A ligação estava péssima.
- Que quadra?
- Está no livro do Luiz Pacheco.
- É uma quadra do Luiz Pacheco ?
- Não, vem citada no livro dele mas é do Fernando Pessoa, ouve só
Pareceu-me ouvir o seguinte:

Sento-me frente a frente
E sei quem sou
Sou louco, obviamente
Mas que louco sou ?


Já procurei, em vão, se será mesmo de Fernando Pessoa e se será assim como a ouvi.
É que o meu filho acha que ela tem muito que ver comigo e eu, por acaso, também não deixo de achar.

2007-11-19

Eles dizem que foram enganados


Mas eu estou desconfiado de que o que querem é enganar-nos outra vez

2007-11-16

O Desbaste pelo alto, sempre ele

No Ministério da agricultura há pouquíssimos Directores Gerais dignos dessa função.
Digo pouquíssimos para não dizer 2 porque há um ou outro que não conheço e não quero cometer uma injustiça.
Hoje passou a haver pouquíssimos menos 1.
Parece que o Sr. Director Geral das Florestas não tinha a confiança do Sr. Ministro.
Presumo que confiará nos outros !

É minha intenção

Restringir o acesso a este blogue.
Só a minha falta de domínio informático e de HTML me tem travado mas eu vou lá chegar um dia, faço assim:
Ao acederem à página vão encontrar a seguinte mensagem:

Este blogue pode fazer mal a espíritos menos esclarecidos.
Para sua protecção e para que não perca o seu precioso tempo inutilmente peço-lhe que opte por uma das 5 respostas às seguintes 3 questões.
Se as suas respostas não coincidirem com as que nós entendemos como correctas a leitura deste blogue não lhe trará nenhum benefício, por favor regresse ao seu trabalho para merecer o salário que ganha.


As questões colocadas serão as seguintes:

A palavra Kafka associa-a a quê ?

1. Jogador do Bayern de Munich que marcou, com um pontapé de bicicleta um golo imortal que deu a este clube o título de Campeão Europeu de 1984.

2. Cientista sueco, prémio Nobel da medicina em 1942 que descobriu os mecanismos de propagação da herpes.

3, Escritor checo-eslovaco do século XX que escreveu entre outras obras os seguintes romances: “O processo” e “A metamorfose”.

4. Nada disto.

5. Tudo isto.


Unabomber será ?

1. Nome dado pelos americanos à bomba atómica lançada sobre Hiroshima no final da segunda Guerra Mundial. ?

2. Uma conhecida marca de bombas para encher pneus de bicicleta. ?

3. O nome porque ficou conhecido Theodor Kaczinski depois de matar 3 pessoas e tentar matar diversas outras através de dispositivos explosivos enviados pelo correio, a fim de denunciar e chamar a atenção pública para o que Almada Negreiros chamou, entre muitos outros, a “intrujice da civilização” ?

4. Nome porque ficou conhecida Linda Bart após ganhar o título de Miss Universo em 1987 ?

5. Uma marca de comida para bebés altamente saudável e energética ?


Osama Bin Laden é:

1. Uma expressão hebraica que significa “Os cães ladram mas a caravana passa” ?

2. Uma expressão árabe significando “Nem tudo o que luz é ouro” ?

3. Juramento maçónico, utilizado na Grande Loja do Oriente Lusitano ?

4. Fundador da “AL Qaeda” ?

5. Aventureiro, originário da Arábia Saudita, que colaborou com a CIA na libertação da ocupação soviética do Afeganistão.

Vão-se pois treinando

2007-11-15

Os fantasmas da história

O que me surpreende (ou não se pensarmos bem sobre o assunto) é que não obstante o mundo globalizado, o estonteante desenvolvimento tecnológico, as dicas e as tricas de cada dia que absorvem a nossa atenção e movem as nossas paixões, há um lastro de história, de cultura, de qualquer coisa, que se mantem presente, contamina a nossa racionalidade (ou dá-nos uma mais ampla racionalidade) e continua a condicionar as nossas opções e comportamentos mais simples.
Vi isto no Quebeque:
- « S`il vous plait, on va parler en français »
Vi isto na Bélgica flamenga:
- “I can speak French but please let’s talk in English”
Vi isto na Polónia, na Silésia, que até há poucas dezenas de anos era Alemã, vi-o no sorriso artificial dos empregados de hotel polacos para os hóspedes alemães que se transformava num temporário esgar depreciativo quando se voltavam para nós (não alemães) e comentavam “niemęc” (alemão) esboçando então um sorriso genuíno.
Vi isto na Hungria numa manifestação anti-judeus, que, segundo os organizadores, estão paulatinamente a recuperar o seu poder perdido na Hungria e vi também, por exemplo num mapa em pedra numa pequena aldeia húngara onde se desenhava a Hungria que somos, incluindo a vasta Tasmânia (hoje Romena) e outras áreas em mãos estrangeiras e, a Hungria que nos obrigam a ser com os limites oficiais actuais.
Vi isto em Israel onde parece que Moisés ainda os está guiando para a terra prometida.
Vi isto no meu amigo Bernard Ehrwein, francês de origem alsaciana que me dizia:
- Não suporto quando tiram o H ao meu nome.
E em Portugal, apesar dos seus 900 anos de fronteiras estáveis, vejo como chegou até nós o eco da humilhação nacional do mapa cor-de-rosa e mais recentemente, onde eu estive também, no espantoso grito por Timor que o mundo ouviu e respeitou.
O nosso Império foi construído sobre um monte de ignomínia, dizia lucidamente Eça de Queiroz mas a verdade é que foi o nosso império, feito por nós e é isso que conta.
E é assim que eu vejo o recente episódio do “Por qué no te callas” do Rei de Espanha:
Para a maioria dos espanhóis e dos portugueses, porque nisto somos irmãos do espanhóis, foi a resposta à altura dum grande da Europa, a um arrogante, malcriado e balofo índio mascarado de Presidente mas a quem falta a patine, muita corte e muito chá.
Para os muitos Venzuelanos afectos a Chavez (e deste nome Chavez e da língua que fala já não se liberta) foi mais uma prova da intolerável arrogância dos ex‑conquistadores, dos ex‑patrões para um valoroso Índio que tenta redimir a sua terra mãe de todas as humilhações passadas.
Não parece mas têm todos razão, as idiossincrasias é que são diferentes ! e ainda bem.

2007-11-10

Morreu um homem lúcido

Há quem diga que eu não gosto de americanos, não é verdade, do que não gosto é da América e do que ela hoje significa. Dos americanos apenas lastimo esse seu “handicap” natural que torna mais difícil o seu crescimento.
Manter a lucidez sendo nado e criado nos EUA é um facto notável, Norman Mailer, que hoje morreu, pertencia a essa categoria escassa embora também, felizmente, inesgotável.

Dilema

Hoje, durante o almoço, conversávamos sobre aquela agressão violenta e absurda de um jovem a uma, ainda mais jovem, passageira de um metro que há alguns dias se passou.
Foi em Espanha mas com a ajuda dos vídeos de vigilância e a multiplicação pelos media passou-se de facto em todo o lado onde foi notícia.
Do que falávamos, foi da passividade dos outros passageiros, que assistiram a tudo “in loco” sem que tenham tido um gesto para neutralizar o acto bárbaro como vai sendo corrente em situações similares.
Está alguma coisa podre no reino da Dinamarca, sem dúvida, o que será isto ? esta total insensibilidade ? esta ausência de sentido de justiça e de solidariedade ?
Será que por qualquer acaso se juntaram naquele dia, naquele momento, naquela carruagem do metro, uma série de homens e mulheres, todos, sem o mínimo caracter ?
Foi essa a conclusão que aparentemente extraímos dos factos durante o almoço.
Mais tarde tornou-se-me evidente que não, a razão tem que ser forçosamente outra.
Pensei mesmo no que faria eu se lá estivesse e sinceramente não sei o que faria, actuaria talvez ou talvez desculpasse a minha inércia fazendo-me pensar que acto tão insólito poderia ser qualquer iniciativa do espectáculo, qualquer “apanhados” enfim qualquer situação que não me dizia respeito e onde não teria o direito de intervir.
Era uma realidade feia de mais e este mundo aliena-nos tanto !

2007-11-04

2 histórias (reais ?)

História 1 – A Mãe Assassina
Na Madeira, há uma rapariga, egoísta, preguiçosa, que não quer trabalhar mas apenas cuida do seu prazer.
A sua vida dissoluta e a sua irresponsabilidade, (a pílula, toda a gente conhece) deu-lhe uma filha que não podia cuidar.
Ela, espertalhona, bem tentou sacar subsídios e apoios do Estado, que vendo bem a sua irresponsabilidade e muito bem, lhe recusou tudo, sem descurar todavia o problema da menina.
Ela (a mãe), que se lixasse, que continuasse o seu caminho para a perdição ou então que trabalhasse porque tinha um bom corpinho, assim ela o quisesse, mas a pobre menina teria que ser poupada aos maus tratos dessa mãe irresponsável, seria acudida pela sociedade numa instituição.
Incrivelmente a valdevina, raivosa foi à instituição e, sobre o pretexto de lhe dar uma laranjada, envenenou cruelmente a sua própria filha, que morreu, assassinada pela própria mãe (se é que se pode dar esse nome a esta criminosa).
Vendo que não tinha saída com a justiça, nem com a sua vida, em boa hora a mãe bebeu também do mesmo veneno e só não morreu (porque todos os diabos têm sorte) ou porque a sociedade a acudiu prontamente, mas há-de pagá-las mais tarde, se Deus quiser.

História 2 – A Desamparada
Na Madeira, ao Deus dará, vivia uma menina que, como todo o ser humano, lutava pela vida.
Todas as portas se lhe fechavam, e o único bálsamo para a sua vida só o encontrava entre os amigos e companheiros de infortúnio, até que um dia nasceu-lhe uma criança.
Então sentiu que nesse bebé estaria o seu tesouro, e todo o sentido para a sua vida.
Pediu ajuda, sabia que a sociedade podia ajudar em situações como esta, até tinha uma filha para criar (não há até o rendimento mínimo ou lá o que é ?) mas não, não era para ela, afinal era só para outros.
Não podia sobreviver nem dar à sua filha o futuro que merecia, diferente do dela.
Incrivelmente, a única resposta da sociedade foi tirar-lhe a criança, a sua própria vida.
Desesperada, sentindo que já nada fazia sentido, tomou a única decisão possível:
- Se a vida não nos quer, saímos nós !
Dirigiu-se à instituição onde estava a sua filha e ambas partilharam uma laranjada envenenada.
A sua filha morreu logo, ela, infelizmente, sobreviveu, até aí falhou !

Estas histórias, misturadas, ouvia-as na comunicação social, a história verdadeira, receio bem que nunca a saberemos.

Referendo

A participação, por vezes, permite melhorar a qualidade das decisões a tomar mas pode ter também uma função na legitimação das decisões tomadas.
Digamos que há uma razão honesta para apelar para um referendo mas também uma razão manipulativa.
É exclusivamente esta versão interesseira que tem guiado os “opinion makers” no debate sobre a oportunidade do referendo ao tratado Europeu.
Até ao momento não vi ninguém, mesmo ninguém, que demostrasse uma genuína vontade em conhecer o que pensam realmente os portugueses sobre o assunto.
Assim não preciso de referendo nenhum.

Adjectivos certeiros

A escolha das palavras certas nem sempre é tarefa fácil.
Por isso admirei Bagão Félix pelo seu acerto ao classificar a proposta de orçamento do Governo:
É um orçamento manhoso, disse.
Também António Lobo Antunes numa das entrevistas abaixo citadas, resumiu certeiramente a condição do povo português:
Desamparados referiu, os portugueses vivem desamparados.
Acho que é de facto assim que nos sentimos.

2007-10-28

James Whatson

Não faço ideia, nem tampouco me importa muito, saber se a raça negra é mais ou menos inteligente que a orgulhosa raça caucasiana, até porque a inteligência tal como nós geralmente a vemos e tentamos medir nos testes de QI tem uma marca cultural vincada, é feita á nossa imagem e semelhança.
Depois este modelo civilizacional que criámos não abona muito pela inteligência da raça branca, talvez se fossemos um pouco mais burros as coisas tivessem corrido melhor.
Por último os homens não se medem nem aos palmos, nem aos QI, nem a nenhum atributo de que tenha sido dotado sem que tenha contribuído nada para ele.
Despedir o Sr. Whatson de um dos seus empregos e crucificá-lo na praça pública por dizer que pensa que os pretos são menos inteligentes do que os brancos é que não demonstra, de facto, muita inteligência.

2007-10-24

Portugal, um país sem Norte

Portugal nunca teve Norte, o que tem tido sempre é Minho, Trás-os-Montes e Douro.
Não sei que luminária descobriu o Norte em Portugal:
Primeiro, timidamente foi introduzindo a CCRN (Comissão de Coordenação da Região Norte, suponho), depois a doença passou para a agricultura e criou-se a Direcção Regional de Agricultura do Norte, onde dantes haviam as de Entre o Douro e Minho e de Trás-os-Montes.
Agora quer fazer o mesmo com as Regiões de Turismo: acaba o Minho, acaba o Douro, acaba Trás-os-Montes e fica o Norte.
Qualquer técnico de “marketing” sabe que a segmentação é a “core strategy” a estratégia central, o segredo do sucesso, mas os sucessivos governos vão entendendo que o ideal é caldear tudo: vinha de enforcado, recortes verdes na paisagem, o berço de Portugal, Guimarães, o Reino Suevo, o vinho verde, as escarpas do Douro, as vinhas em mortórios e socalcos, o vinho do Porto, os rabelos, os pauliteiros de Miranda, as alheiras, os folares, os castinçais, Gerês, e por aí fora é tudo a mesma coisa, para não dizer o que realmente pensam: é tudo a mesma merda.
Viva o Norte homogeneizado!

2007-10-20

Porreiro pá !

Lá conseguiste tirar a Europa do impasse em que se arrastava pá !
Foi um feito pá !
Tu, o Luis Amado, o Lobo Antunes e todos os outros, é preciso não esquecer os outros, lá conseguiram o tratado, ainda por cima o tratado de Lisboa e no fundo, vê bem, até foi mais fácil do que parecia.
Mas não te esqueças pá, que foram precisamente as qualidades que tu partilhas com os outros portugueses, as qualidades que tu mais desprezas e combates que te valeram agora.
Foi o vira do Minho, as palmadas nas costas, as anedotas privadas, o puxar o problemas para a sua real dimensão que te levaram ao sucesso.
Ainda bem, afinal isto também não é uma Nicarágua qualquer.
Assim vais lá e a cimeira com África também há-de ir, se Deus quiser

2007-10-16

Ainda o défice

O défice lá foi para baixo como eu já tinha dito aqui e, se não me engano, ainda vai ficar mais baixo do que os 3% quando o ano terminar, a ver vamos.
Os analistas dividem-se: foi a despesa que diminuiu ou foi a receita que aumentou ?
Como o mestre italiano das pizzas eu diria “foi tudo”.
È que a questão é outra: um corte brutal destes tem de fazer sangue, mas aonde ?
Os analistas, que na sua generalidade não são funcionários públicos e os que o são estão em escalões de excepção do funcionalismo, querem mais cortes no orçamento, pensam “os impostos aleijam a todos mas os cortes nas despesas correntes só aleijam esses parasitas dos funcionários, bem feita !”
Pois eu sou como todos, quero aumentos nos impostos que eu não pago e reduções naqueles que eu pago, e cortes nos salários dos outros pançudos porque o meu é bem pequeno e precisa é de subir.
Isto, pode não parecer, mas é fina análise económica espero que o Senhor Engenheiro Sócrates leia isto e aprenda.
(Nota à margem: o meu corrector ortográfico não aceita “Sócrates” e sugere-me “secreta”, ele lá saberá porquê!)

2007-10-14

A União Europeia

Cimentar a unidade entre a diferença, cultural e individual é o problema que sempre se enfrenta na construção de uma sociedade.
Geralmente usa-se a força para garantir a hegemonia de um grupo sobre outros ou então a doutrinação maciça que reprime diferenças, esmaga qualquer rasgo individual impondo a homogeneização social.
A União Europeia é um caso singular e único de tentativa de construir uma sociedade respeitando as diferenças.
Lenta, laboriosamente, com avanços e recuos lá vai dando os seus passos na construção dessa teia.
Como a calçada portuguesa é feita pedra a pedra, apenas burilando pequenos defeitos, vai-se estendendo e dando-nos um chão firme para caminharmos.
Sai bem mais cara do que o tapete de cimento é mais lenta de construir, cansa um pouco mais andar sobre ela mas é bem mais bonita.

2007-10-12

Os Jornais gratuitos

Têm uma coisa boa, puseram a ler gente que, até aqui, o único contacto com as letras se limitava ao destino da carreira.
Vejo-os a ler, atentos, de dedo estendido para não perderem a linha, a ler, a ler.
Só por isso vale o Destak !

2007-10-07

Serenidade

Embora não seja habitual comigo, tenho estado a viver uns dias de intensa actividade profissional que me tem retirado tempo para postar.
Escrevo agora, apenas para assinalar o que foi, par mim, o facto mais assinalável dos últimos dias, refiro-me às duas entrevistas concedidas ao DN e á Visão por António Lobo Antunes.
Pode ler aqui a do DN e aqui a da Visão.

2007-09-28

Birmânia - Um povo em armas

Apesar de lutar sem armas e contra armas !
O povo birmanês está a dar uma lição de coragem a um mundo adormecido e embriagado por um quotidiano tonto.
Visitar este blogue é já uma pequena ajuda.

2007-09-25

Como este mundo encara a vida

Não se conseguiu unanimidade para criar o dia europeu contra a pena de morte mas já existe o dia mundial da contracepção !
Parece até que é hoje.

2007-09-24

Birmânia

Hoje, na Birmânia, estou a ver nitidamente esta pequenina luz.
Brilha.

Uma pequenina luz

Uma pequenina luz bruxuleante

não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumière
just a little light
una picolla... em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidãoa
ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Brilhando indeflectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não ilumina também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não:
brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
no meio de nós.
Brilha

Jorge de Sena - uma pequena luz

2007-09-20

Palinca

O álcool é uma presença habitual e estruturante, em quase todas as sociedades humanas. Mesmo no Islão, onde foi banido pelo Profeta, ele permanece presente ainda que apenas como fantasma
Sela contratos, assinala datas importantes, estimula o convívio social, inspira poetas, escritores e outros artistas.
As formas em que surge são as mais diversas:
Nos países mediterrânicos abençoados pela natureza, o álcool afirma-se no vinho e na bebida suprema, a aguardente vínica, saboreia-se lenta e pausadamente. O álcool em si é aqui um acompanhante, aparentemente secundário, entre uma miríade de sabores e aromas sublimes embora, no fundo, se venha sempre a revelar como o verdadeiro espírito da festa.
Noutros recantos do mundo, menos afortunados, o álcool procura-se em fermentados e destilados diversos, por vezes agradáveis como a cerveja, o whisky e tantos outros, por vezes quase intragáveis tendo que ser bebidos num trago (num “shot” como agora se diz) para que se chegue, mais depressa e sem distracções, ao seu espírito que é a sua única razão de existir.
Em todo o lado, mal ou bem, ganha o estatuto de bebida nacional e lá temos os vodkas, na fria Europa, as cachaças e os outros destilados de cana, nos países tropicais, o sake no imperial Japão e não sei que mais por esse mundo fora.
Na Hungria esse estatuto é desempenhado pela Palinca. Destilado de diferentes frutos e ervas que imprimem sabores e colorações diversas e permitem sempre a afirmação de que a minha Palinca é melhor do que a tua.
No fundo são todas mais ou menos iguais, valem pelo espírito que contêm.
Na Hungria bebi, em média, 9 Palincas diárias, de manhã até à noite, recusar podia ser considerado como má educação ou sinal de desprezo, até que ao 4º dia comecei a sentir que me começava a faltar sangue vital na minha corrente de Palinca.
Tive que dizer basta, invocando razões de saúde e religiosas para não ferir susceptibilidades e não cair no descrédito social e lá consegui baixar a dose para apenas 1 ou 2 por dia.
De qualquer forma, e estranhamente, o meu organismo suportou bem este excesso.
Não será impunemente que durante centenas ou milhares de anos os Húngaros aprenderam a dominar a sua técnica de fabrico e de consumo de forma a que ela cumpra a sua função social sem maiores danos para os utentes.

2007-09-17

Vingança

Eu confesso meio envergonhado que sou desse portugueses que, diariamente, vai assistindo na SIC, ao arrastar penoso da novela Vingança.
Ninguém me obriga, é certo, mas que querem ? a explicação tem que ser encontrada no fundo do meu cérebro, sinto talvez aquele prazer mórbido de quem vasculha o lixo.
E faço-o estoicamente embora ultimamente já comece ceder na luta contra o sono e a adormecer no sofá do meio da novela para a frente, mas vai ficando o essencial que é isto:
As histórias de vinganças têm tipicamente uma estrutura narrativa: o “heroi” fica “mad” com as maldades que lhe fazem, depois de mais maldades fica “real mad” e como estas continuam fica “real, real mad” e aí, quando diz chega !, já basta!, acabou! começa o processo de vingança.
O que se segue depois depende: se for num filme de Hollywood começa a partir tudo, à bomba e à metralhadora, se for num filme ou romance um pouco mais elaborado e interessante, concebe uma estratégia fina e inteligente que executa calmamente, com requinte, até recuperar a sua paz e punir os responsáveis.
“A vingança é um prato que se serve frio” disse alguém que sabia da coisa.
A solução que a SIC encontrou é porém inovadora, nem uma coisa nem outra, na verdade nem existe sequer vingança nenhuma.
O “herói” e os diferentes personagens vão-se mexendo ao sabor do vento, distraem-se com questões menores, arrastam-se tristemente com constantes mudanças de humor e tricas de namoricos de adolescente mas estão sempre a afirmar com um orgulho pateta que seguem um plano (que ninguém vê, nem eles) o famoso plano de Santiago Medina.
A juíza então é uma figura patética, actriz que estamos habituados a ver vender “Pop Limão” ou algo assim, continua a vender “Pop Limão” mas na solenidade do sistema judiciário, uma tristeza.
Os actores oscilam entre o médio e o medíocre, com duas excepções:
Uma muito positiva, é a representada por Nuno Melo, que faz com imenso talento um papel muito difícil e consegue-nos dar a única imagem coerente, verosímil e interessante naquele amontoado de nulidades.
A outra excepção, esta muito negativa, é a que nos é dada por Diogo Morgado, chegamos a ter pena dos seus algozes por não terem tido a felicidade de o encerrar num cárcere em Marrocos até à sua destruição total.
Mostra-se psicologicamente instável, com birras de menino, com a arrogância dos fracos e ignorantes. Estraga tudo em que mexe e nem sequer tem capacidade para reflectir um mínimo nos seus fracassos, só tem “certezas”.
E depois é aquela forma ridícula de se vestir sempre com um enorme sobretudo negro e cintado mesmo quando toda agente à sua volta está de manga curta e ar desportivo.
Só há pouco tempo me apercebi onde se queria chegar com o sobretudo: à imagem do “Corvo”, meus amigos, como o cordeiro que veste a pele do lobo.
O segredo é este, referências fora de contexto, ao Conde Montecristo, para dar um ar sério, a Hollyood, às fúrias dos filmes de Steven Segal e ao “Corvo”, para atrair a juventude, e ás telenovelas para tentar dar um ar ecléctico, generalista.
Mas falta muito o talento e, a imagem final que fica é a de um deprimente ridículo.
Poderão dizer que a culpa não é dos actores mas do guionista que desenhou os personagens mas não é verdade, neste medium actores e personagens confundem-se e a prova é que Nuno Melo sendo bom e estando, com os outros, na mesma merda consegue produzir algo de bom enquanto Diogo Morgado que não serve para esta vida de actor torna tudo ainda mais penoso.

2007-09-14

O desbaste pelo alto continua

Abel Mateus, Presidente da autoridade da concorrência, que visa defender a concorrência e combater os poderes dominantes do mercado, tem saída anunciada.
Porquê?
Porque tem, defendido a concorrência e combatido os poderes dominantes do mercado de forma demasiado eficiente.
O homem devia aprender com Scolari: pode dar murros mas não pode aleijar.

2007-09-13

Como eu queria ver a nossa selecção de futebol

Com a atitude da nossa selecção de rugby.
Com a qualidade técnica da nossa Vanessa Fernandes.

2007-09-11

Rapidinhas

Grande clarividência
Cristiano Ronaldo e Maniche dizem que Portugal não pode perder mais pontos no apuramento para o mundial.
Por acaso também acho!

A “silly season”
Nunca percebi porque se chama “silly season” (estação pateta) ao Verão, onde os políticos andam quase todos de férias, quando na verdade tempos mesmo “silly” só surgem quando eles estão ao serviço!

João de Deus Pinheiro
Definiu hoje o perfil que deverá ter o responsável europeu pela luta anti-terrorista.
Disse praticamente tudo, só lhe faltou dizer que também é importante saber jogar golf !

Porque será ?
Que fiquei mais feliz com a derrota portuguesa no mundial de rugby por 56-10 contra a Escócia do que com o empate a 2-2 contra a Polónia no apuramento para o mundial de futebol.

Eu vi e ouvi com os meus olhos e os meus ouvidos
A Sky News disse que, segundo informação da polícia local, os novos resultados das análises ao fluido encontrado na bagageira do carro alugado pelos MacCann 25 dias depois do desaparecimento de Maddie mostravam um “perfect match” com o ADN da criança.
Até acrescentaram que a coincidência de cerca de 80% anteriormente obtida poderia já ser considerada como um forte indício embora os novos resultados excluissem todas as dúvidas.
Entretanto os media portugueses entretêm-se a discutir que 100% não existe (como se alguém tivesse falado de 100%) e que a nossa Polícia desmentia que tivessem chegado novos resultados (como se a nossa polícia fosse a polícia local da Sky News).

2007-09-10

O que me surpreendeu na Hungria

Dentro da minha classificação simplista dos povos da Europa, a Hungria estava lá para cima, não sendo eslava, andava por lá próximo dos grupos de Rus e Czech, porque também há eslavos no Sul, nos Balcãs (um dia ainda contarei esta interessante lenda eslava de Lech Czech e Rus).
Mas adiante. De facto a Hungria é já um país de transição entre o Norte e o Sul da Europa, da trilogia mediterrânica do pão, vinho e azeite a Hungria não tem azeite mas tem bom pão e bom vinho, muito para além do lendário Tocai.
Na gastronomia há já um toque do Sul: os refugados, as tomatadas, os enchidos de porco temperados com pimentão, a tão húngara paprica. O leczo, prato tão típico como os famosos golaches, lembra muito uma tomatada alentejana.
A maneira de ser do povo magiar está mais próxima de nós, nos seus valores e estilos de vida.
Foi uma alegre surpresa este sentir-me tão em casa na Hungria.

2007-09-08

Será que alguém se lembra ?

Eu ainda sou do tempo em que FNAC era igual a “ar condicionado”.

2007-09-06

Pavarotti

Pavarotti era para mim o melhor tenor da actualidade.
Para mim, porque entre os seus pares havia aquele misto de respeito e de desprezo, talvez pela sua postura menos convencional, a sua cedência ao êxito fácil, aos media e ao dinheiro, sacrificando a arte pela arte.
Para mim, também não sei bem porquê, embora suspeite que as vibrações do seu timbre e a sua interpretação em articulação com um qualquer gene que eu tenha, e que será muito comum porque a admiração é quase universal, provocam uma descarga de qualquer caldo químico que envolve o meu corpo de prazer e de emoção e chega a trazer-me lágrimas aos olhos.
Das reportagens que vi sobre ele, a última das quais hoje na RTP 1, retenho, entre outras duas passagens:
Uma foi vê-lo a mostrar aquela música popular italiana, do tipo da que ouvimos em filmes sobre a mafia, cantar também mas dizendo com naturalidade “eu não sei cantar isto” e não sabia, assim como não saberia cantar fado, cantaria bem mas não era aquilo.
Outra foi hoje quando referiu que sabia o que eram bombas explicando “o que são bombas só se sabe sentindo-as cair sobre a nossa cidade, não atirando-as nas cidades dos outros”.
Era também porque dizia estas coisas que eu gostava de Pavarotti.

Para além do médico de família

Deveríamos ter também, pelo menos, um advogado de família, e um técnico informático de família.
Mas como nem o consagrado médico o Estado me consegue atribuir, apesar dos longos anos de esforço, bem posso esperar sentado.

2007-09-02

Rákóczifalva

Sabe o que é ? É uma pequena vila Húngara, junto à cidade de Solnok, onde passei esta última semana.
Foi a minha primeira visita de trabalho à Hungria, as impressões colhidas foram muitas e muito ricas, penso que alguns futuros postes serão, de algum modo, ligados à Hungria.
Por agora deixo apenas a minha impressão geral:
Os magiares partilham connosco, portugueses, uma profunda nostalgia por um passado glorioso!

2007-08-24

O crédito aos estudantes

Sócrates anunciou ontem, com pompa, a nova linha de crédito bonificado para os estudantes universitários.
Funciona assim: o estudante sustenta-se com o crédito enquanto estiver a estudar, uma vez licenciado e após um ano de carência começa a amortizar o empréstimo.
Do jeito que as coisas estão, essa amortização será muito provavelmente feita com o subsídio de desemprego, se o arranjar é claro.

2007-08-22

Reflexão sobre alguns comentários

Certamente já têm reparado que os postes deste blogue têm suscitado poucos comentários.
Sendo um blogue, modesto, de certo modo, intimista, que reflecte mais as questões que me ocupam o espírito e que naturalmente não despertam paixões nem porventura suscitaram ainda grande reflexão por parte da generalidade dos visitantes, considero o facto como normal.
Imaginem então o meu espanto quando vejo que os meus 2 postes sobre Pedro Abrunhosa, aqui e também aqui, onde simplesmente digo e procuro explicar porque não gosto do “artista” em questão, tem atraído progressivamente a atenção de alguns visitantes inconformados e ávidos de demonstrar que é a minha tacanhez de espírito, pobreza intelectual, frustrações e grande atrevimento que me permitem exprimir tal opinião iconoclasta.
E é esse facto em si que se torna interessante para mim:
Primeiro, porque se um dia me passar pela cabeça querer aumentar a audiência deste blogue, já tenho uma pista válida (confesso que já me tinha lembrado, para o efeito, de colocar estrategicamente “tags” do tipo “sexo anal”, “gajas boas” ou então falar mais de futebol e da perseguição do famigerado “sistema” ao meu impoluto Sporting, mas dizer mal do Abrunhosa, não, nunca me tinha ocorrido).
Depois, porque desmente cabalmente a sabedoria popular quando diz “gostos não se discutem”, é mentira, é precisamente o que mais se discute.
Por último, dou graças a Deus por não ter dito ali toda a verdade em relação ao Pedro Abrunhosa ou o meu amor próprio já teria sido completamente arrasado, é que o homem, além do mais, não sabe cantar !

2007-08-20

A Guarda vermelha e a Guarda verde

A revolução cultural chinesa teve a sua Guarda vermelha impondo a sua verdade a bem ou a mal.
Agora, à escala global mas também já neste cantinho, começa a aparecer a Guarda verde impondo a sua verdade a bem ou a mal.
Só a cor mudou, os homens e as mulheres são os mesmos.

2007-08-16

Maddie

Se o sangue encontrado no quarto que foi dos Mc Cann, não for de Madie como diz o “The Times”, a PJ não fica num beco sem saída, fica é num beco com demasiadas saídas.

2007-08-14

Fiz um poema

Chamei-lhe “esquizofrenia”
É assim:

Esquizofrenia

Meu nome é pseudónimo embora tenha vida,
Tem passado, presente e futuro provável.
O sobrenome é de rio da terra prometida,
O nome é de luso herói, de condestável.

Como Nuno Jordão assino as minhas obras,
Nome de guerra para enfrentar manobras.

É nome armadura e traje de passeio,
Com ele represento o dia a dia,
Com ele exprimo a verdade e com ele falseio,
Até que um dia desça à terra fria.

Mas outro é o meu nome verdadeiro,
Outro é o cerne do meu ser primeiro,

Chamo-me Pentalomino de Arifante,
Trago nobreza no meu sangue ardente,
Tenho braços de leão e coração de amante,
Senhor de mim, maior que toda a gente.

Já enfrentei D. Quixote, perdido no tempo,
Com o meu exército de moinhos de vento.


Li o poema mas não gostei, via-o recitado num salão dos Gouvarinhos, ou algo assim, recitado por um jovem bacharel bexigoso, com ênfase discursiva e provocando tremuras de emoção em muitas belas damas, escondendo o seu rubor por trás de um leque.
Sublime, diriam !
Mas eu estou no século XXI, o poema é anacrónico, tenho que ser um homem do meu tempo, vou voltar a escrevê-lo.
Saíu isto:

Esquizofrenia

O meu nome não é nome,
Apenas pseudónimo utilitário,
Como Pessoa dei-lhe vida e horóscopo,
Tem ressonâncias de herói,
Desfaz-se em água por fim.

Nuno Jordão, nome banal para assinar papéis
E assim desafiar os infiéis.

É nome de combate e de recreio,
Anda sempre comigo,
Serve-me para a verdade e para a mentira,
Assim será para sempre certamente.

Mas eu não sou apenas Eu,
Sou mais o outro que também sou eu.

Sou Pentalomino de Arifante,
Herói de fábula e pleno de nobreza,
Tenho comigo a força do sonho,
E sou gigante, olho de cima a natureza.

Já combati D. Quixote numa Mancha imaginária,
Levando comigo os meus moinhos guerreiros

Meu Deus, ainda não é isto, parece-me que não envergonha mas não tem génio !

Tentei então uma versão tipo Abrunhosa, sempre é mais fácil e alguns visitantes deste blogue parecem gostar do estilo.
Aqui está ela:

Esquizofrenia

O meu nome é uma quimera que percorre a cidade,
Sou um fantasma da noite que afronta a liberdade,
Não sou o meu nome, apenas a saudade.

Vivo no punho da minha espada alada
Enfrento exércitos de luz e nada
Eu sou só a realidade !


Não, não sou capaz, vou limitar-me à essência e disfarço a minha incapacidade de dizer o indizível, com esta expressão maliciosa: “se não compreenderem que se lixem !”

Esquizofrenia

Não sei quem sou.
A realidade é um sonho !
O sonho é a realidade !
O meu nome é apenas um instrumento do espectáculo.
O meu nome é um pseudónimo.
Talvez eu seja de facto, e só, o meu pseudónimo.

Desculpem-me, não tento mais, desisto !
Ou talvez o meu poema seja todo este poste !

2007-08-12

Ainda Miguel Torga

Coimbra, 29 de Junho de 1990

Já não tem remédio. As minhas relações com os governantes hão-de ser sempre uma confrontação crispada. Mesmo quando uma real simpatia nos aproxima, o diálogo nunca é naturalmente cordial. Há nele, subjacente, não sei que mútua reticência. O mais vulgar cidadão e ocasional interlocutor mantêm-se nossos semelhantes para além da condição social. Mas o político, só pelo facto de o ser, é sempre um estranho ao pé de nós. Tem qualquer coisa de um predador humano, que ameaça dia e noite a paz dos demais viventes da selva. É pelo menos o que sinto. Quero abrir-lhes o coração, e não consigo. Não sei que instinto de conservação tolhe-me o impulso de sinceridade e acirra-me a vontade de o defrontar. Sei que só um objectivo o move na vida: o poder. Que por ele de tudo é capaz, diga o que disser, pareça o que pareça. Ora nesse desejo obstinado de mando, de domínio, vejo, não sei porquê, potencialmente comprometida a minha liberdade. E retraio-me. É como se o soubesse caladamente armado contra mim.


Miguel Torga, in “Diário XVI”

O poeta telúrico

Faria hoje, faz ?, 100 anos Miguel Torga.
Certo dia escreveu o seguinte:

Montalegre, 1 de Setembro de 1990

Eram jovens, abordaram-me, gostavam do que escrevi, e queriam saber coisas de mim. Qual era o meu segredo ?
- Ser idêntico em todos os momentos e situações. Recusar-me a ver o mundo pelos olhos dos outros e nunca pactuar com o lugar comum.


in “diário XVI

2007-08-07

A infantilização global

Eu já sabia isto, muitos pensadores o têm referido de diversas formas, mas permanecia discretamente oculto no meu cérebro.
Só na conjugação de circunstâncias específicas, certas parcelas difusas do conhecimento podem surgir à luz do dia com uma enorme clareza.
Piaget chamava a este fenómeno a equilibração do conhecimento acumulado, o momento em que aprendemos de facto uma coisa.
Eu vou contar-lhes o que se passou comigo:
Nestes dias de férias na praia, levámos connosco o nosso neto Pedro de 2 anos e meio e encetámos a delicada tarefa de lhe retirar o uso das fraldas.
Pedro, não obstante a sua tenra idade, como todas as crianças começa a desenvolver um sentido moral, tem já uma noção difusa mas efectiva do bem e do mal, há palavras chave que lhe impõem respeito: a palavra “perigoso”, por exemplo. Ele evita o perigoso, e para ele é perigoso tudo o que nós, pais e avós lhe dizemos que é perigoso de uma forma insistente e coerente. Também não gosta de ser apelidado de “porcalhão” é, para ele, claramente uma palavra insultuosa.
Foi manipulando este sentido moral que lhe fomos inculcando o comportamento que entendemos correcto:
- Não toques na tomada Pedro, é perigoso e podes morrer !
A ameaça da morte não parece convencê-lo mas o perigoso sim, e para nós tanto nos faz, a realidade é que ele evita mexer nos artigos eléctricos.
Mais tarde Pedro irá crescer, saber que nós não somos deuses e não temos o monopólio da sabedoria, que há coisas perigosas que se podem mexer, sim, em determinadas circunstâncias. Enfim, vai-se tornar adulto e fazer as suas próprias escolhas de acordo com a sua própria análise, conhecimentos, sentido do risco etc.

Ontem, na SIC, ouço qualquer coisa como isto: nenhuma praia fluvial do Douro está reconhecida por, não sei quem que deve fazer esse reconhecimento, não estão vigiadas e já morreram este ano 2 banhistas.
Eu, que sei o que é um rio, que já tomei banho em muitos e nunca senti falta da vigilância, que até já apanhei ultravioletas em períodos de enorme irradiação sem sequer saber quanto era, que já saí à rua em dias verdes laranjas e encarnados de calor, porque eles ainda não me diziam de que cor eram e consegui sobreviver a isso tudo, senti claramente que falavam comigo como eu falo com o Pedro, como se eu fosse uma criança sem o mínimo discernimento.
- Não vás a uma praia fluvial no Douro, Nuno, olha que é "perigoso" !
Depois entrevistaram veraneantes nessas praias e, felizmente, estavam todos felizes da vida e nada preocupados.
Preocupada só a “avózinha” jornalista.
É isto que os média procuram fazer: infantilizar-nos.
Assim poderemos ser todos manipulados tal como eu manipulo o meu neto.

2007-08-03

Desbastes pelo alto

Em gestão florestal, quando se pretende reduzir a densidade de uma floresta superlotada existem, entre outras, duas estratégias possíveis:
Retirar as árvores mais débeis e defeituosas, criando espaço para que as melhores se desenvolvam mais – desbaste pelo baixo.
Ou, pelo contrário, retirar as mais desenvolvidas e vigorosas, realizando algum proveito imediato e na esperança que as condições mais desafogadas permitam a recuperação das mais frágeis – desbaste pelo alto.
Transpondo esta imagem para a administração verificamos que, há anos, se vem seguindo um intenso desbaste pelo alto.
Quem está por dentro poderá referir muitíssimos exemplos dessa estratégia mas agora até já surgem alguns casos nos media:
A Senhora directora da DREN que tem apresentado enormes fragilidades fica, a Senhora Directora do Museu de Arte Antiga que todos dizem tem feito um excelente trabalho, sai.
A estratégia está lá bem nítida, é o desbaste pelo alto, só resta esperar que a mediocridade medre.
E tem medrado, de facto, muitíssimo !

2007-07-23

Durante as minhas férias 2

Ouvi Sócrates dizer que não aceita lições de democracia.
Com esta atitude penso que nunca aprenderá nada !

Durante as minhas férias 1

O Quarteto

Reuniu em Lisboa o quarteto para a paz no Médio Oriente.
Vi-os jantando e também falando numa conferência de imprensa.
Irradiavam paz, sem dúvida, querem que Israel e a Palestina vivam em paz, lado a lado, cada um com o seu Estado, feliz e viável.
Lá estavam a Condoleesa, o Blair, o Sócrates, anfitrião, e outros notáveis. Blair, aliás, é a nova estrela do quarteto.
Com esta gente a paz vai chegar rápidamente à Palestina.
A um quarteto tão feliz e pacífico, quem poderá ficar indiferente ?

2007-07-15

Quem ganhou as eleições ?

Vi em todas os canais:
Foi o Dra. Maria José Abstenção e com maioria absoluta.
Confesso que não prestei atenção a todos os candidatos, eles eram tantos, mas ouvi logo a novidade, desde as sondagens à boca da urna, foi a Abstenção, foi a Abstenção!
Quem será a Abstenção ? perguntei-me eu.
Fui investigar.
É Dra, porque este é um país de Doutores mas parece que também tem umas cadeiras de engenharia e, como se adivinha, chama-se Maria José, para ser chamada Zé como é devido, deve ser a tal Zé que faz falta.
Eu que trabalho diariamente em Lisboa, uso as suas infra-estruturas de transporte e piso as suas ruas mas que não posso votar em Lisboa, desejo à Dra. Zé Abstenção as maiores felicidades e sigo para férias na praia mais animado.

2007-07-13

A festa dos tabuleiros em Tomar

A SIC, em boa hora, tem dedicado, em horário nobre, uma série de reportagens a essa festa que se repete de 4 em 4 anos em Tomar e onde eu infelizmente nunca estive.
Hoje, o centro da preocupação e do espanto da “reporter” era o facto dos pesados tabuleiros serem, tradicionalmente, carregados por mulheres.
De facto hoje há um quase total desconhecimento de muita sabedoria ancestral de base rural, naturalmente.
Muitos transmontanos idosos, ainda conhecem a antiga expressão “peso de mulher”.
Não julguem os meus visitantes que “peso de mulher” se referia a um peso leve, mais apropriado para o sexo fraco, nada disso, a expressão “peso de mulher” era dedicado precisamente a peças, transportáveis mas muito pesadas, peças que só se podiam transportar à cabeça e só as mulheres sabem transportar à cabeça.
Porquê ? não sei, só sei que nunca se vê um homem levar coisas à cabeça (aliás hoje quase já se não vê ninguém) mas mulheres sim, haverá quem se lembre das varinas e das suas canastras ?
A física explica o facto de um grande peso se suportar melhor sobre a cabeça desde que se tenha uma postura recta, de cabeça levantada, olhando para diante.
Porque só as mulheres conseguem essa postura é que não sei se será por razões anatómicas ou culturais, mas é assim, sempre foi assim.
Via-se aliás na reportagem, nas entrevistas feitas, o orgulho daquelas jovens por estarem à altura daquela missão, por ainda hoje serem capazes de transportar dignamente um “peso de mulher”.

2007-07-11

A Natalidade em Portugal está a cair vertiginosamente

É a própria estratégia civilizacional que conduz à alienação do ser humano da sua condição natural.
A mulher moderna, dinâmica, executiva, civilizada que nos apresentam como modelo, é obrigada a adiar, cada vez mais, o seu papel de mãe, para que se aliste no exército da produção.
É o que as estatísticas dizem e o simples bom senso permitiria ver.
Para algumas mulheres, ser mãe ou sobreviver, é o dilema que enfrentam diariamente.
A comunicação social alarma-se, nasceram menos 4000 portugueses este ano !
Alguns néscios culpam a lei do aborto: “queremos bebés ou o “stock” de bebés/mercadoria vai extinguir-se em breve, que se lixem as mulheres”
Outros dizem não, “salvem-se os direitos da mulher/mercadoria, que já está formada e a produzir além disso o próprio aborto ainda nos vai dar chorudos lucros, que se lixem os bebés.”
A civilização vê entretida este debate, preocupa-se antes com o CO2 que vai emitindo para a atmosfera para que a desgraça não nos caia do céu, olha para as nuvens, e dá calmamente mais uns passos para o abismo !
È evidente que isto são só devaneios meus, “no passa nada”, está tudo bem !

2007-07-04

O dilema humano

Para ler, pesando cada palavra e cada acento gráfico.

Toda a gente vivia entediada, metida à força no próprio tédio. Graças a Camus, aprendêramos que o homem é um estranho sobre a terra, ficou “entulhado” no seu monte de “sucata” e forçado a viver num mundo de que nunca será parte. Se tenta participar, vê-se perdido, “objectiva-se” e desintegra-se. E se o não fizer, permanece errado, porque desse modo negligenciará as responsabilidades que tem em relação a tudo quanto existe.

Extraído de Greil Marcus: “Marcas de baton - uma história secreta do século XX”
O texto é atribuído ao movimento “Letrista” e concretamente a Isidore Isou.

O que quererá isto dizer ?

“O Sr. Ministro da Saúde executa uma política correcta mas não tem sensibilidade social !”
Para quê a sensibilidade social numa política correcta ?
Como pode haver uma política correcta sem sensibilidade social ?
O que será uma política correcta ? a que serve quem ?
O que esta frase quer de facto dizer é que o Sr. Ministro foi inábil a enganar o povo !

2007-07-01

A forma e o conteúdo

“O que me chateia é a gente que está no “street racing” mas que não é do “street racing” dizia-se num “sketch” dos Gatos Fedorentos.
Curiosamente, o humor transmitido nesta frase simples exigiria uma maior elaboração se posta em francês ou em inglês ou em tantas outras línguas que não diferenciam “ser” de “estar”.
Todavia esta dicotomia é para nós fundamental, o “ser” como uma essência, como uma natureza perene, como um conteúdo ontológico em oposição ao “estar”, transitório, aparente que se modifica e se adapta como uma forma do ser.
Em todas as questões podemos descortinar o ser e o estar, a forma e o conteúdo, a aparência e a realidade.
Na sociedade espectacular em que nos movemos é a forma que prevalece; o conteúdo desvaloriza-se, por vezes nem existe de todo, mesmo nas formas mais brilhantes e atraentes.
O Governo e o aparelho do estado são um exemplo:
Vestem-se, comportam-se, vivem e falam como um governo mas não pensam nada, não querem nada para além da sua simples sobrevivência a não pensar nada e a não querer nada e a defender-se de outros que querem tomar a sua “forma” para serem nada também.

All the world`s a stage, and all the men and women merely players; they have there exits and their entrances; and one man in is time plays many parts, ... ”.

Nem mais, velho Shakespeare, tu já sabias !

2007-06-29

2007-06-26

Assim vai o Prace

Da forma como segue a reestruturação do Ministério da Agricultura, parece que o Governo está a ponderar a mudança da sua designação para:
Comissão Liquidatária da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas.

2007-06-25

A boçalidade

Llasa de Sela, filha de pai mexicano e mãe americana, salvo erro, dizia que não suportava a estupidez da classe média americana que considerava os mexicanos como gente burra rude e boçal apenas porque não sabiam falar inglês (a língua natural, no imaginário dessa gente).
Todavia essa estupidez não é exclusiva dos EUA, por cá também vou ouvindo classificar Joe Berardo como burro rude e boçal apenas porque não domina minimamente o português e por não ter tido uma educação formal.
Naturalmente, ele deve rir-se com os dentes de trás repetindo o dito popular “faz-te tolo mais “có qués” que um só tolo engana dez”.

2007-06-22

Eu escrevo para alguém

Referiu hoje Mia Couto na sua entrevista na RTP.
António Tabucchi também contou que um dia, quando ainda era estudante comprou um pequeno livro, em francês, com uma poesia com um nome estranho de um poeta que desconhecia completamente. Todavia, a leitura desse poema, durante uma breve viagem de comboio, mudou completamente a sua vida.
Chamava-se o poema “Bureau de Tabac” e o poeta era um tal Fernando Pessoa.

Ainda George Steinner diz ter descoberto assim, por acaso ?, Walter Benjamin.

Agostinho da Silva referia que não cobrava direitos de autor por razões metafísicas:
Não estava certo de ser ele próprio a escrever o que escrevia, talvez fosse alguém ou algo transcendente que lhe ditava essas linhas.

Também eu, por vezes sonho que daqui a vários anos, talvez alguém que vasculhe bits e bytes num velho “server” informático, venha a encontrar, com espanto, algumas linhas deste blogue e que essas linhas se transformem para ele numa revelação !

2007-06-20

Rollerball

Falo do filme, meio esquecido, de 1975, realizado por Norman Jewison e não do de 2002 que não vi nem me interessa ver.
Passa-se em 2018 num mundo onde já não há Estados e o controlo é exercido por Corporações, da energia, dos transportes, da alimentação etc.
O tema do filme passa-se em torno de um desporto de massas de então, o rollerball, onde as regras iam mudando de jogo para jogo segundo os interesses dessas Corporações, independentemente disso prejudicar e confundir os jogadores ou mesmo de pôr a sua vida em risco.
Lembrei-me do filme quando li o comunicado sobre o caso da professora com leucemia obrigada a dar aulas até quase ao dia da sua morte.
Diz o Governo que foi tudo legal, tudo de acordo com as regras.
Pudera, como no rollerball, também são eles que fazem as regras a seu bel-prazer !

2007-06-17

Ota ou Alcochete ?

Ao contrário da maior parte dos analistas que tenho ouvido, para mim, o novo aeroporto vai ser em Alcochete, o tempo se encarregará de me confirmar ou de me desmentir.
As minhas razões são estas:
A situação:
Há muitos anos que surgiram duas localizações sobre a mesa, Rio Frio e Ota, para saber as razões destas opções teríamos que recuar até ao antigo regime, as duas são péssimas aliás, mas como ninguém pensava a sério em fazer o aeroporto, os estudos sucederam-se até à exaustão mas as opções foram ficando as mesmas até ser escolhida a menos má das duas, a Ota.
Agora pretende-se fazer o aeroporto a sério e a inconveniência da Ota vem ao de cima. Todos dizem mal, mas o Governo não pode fazer mais nada, ou se agarra à posição tomada ou entra por um caminho infindável de estudos e mais estudos, e não faz aeroporto nenhum.
Para o Ministro Mário Lino o caso torna-se num ponto de honra e para Sócrates numa embrulhada.
A CIP, financiada por alguns empresários assustados com a forte possibilidade de ter que engolir o aeroporto na Ota, fazem um estudo sobre uma primeira hipótese minimamente aceitável, Alcochete.
Sócrates agradece com alívio a tábua de salvação e Mãrio Lino engole o sapo e vai tentando, como pode não deixar morrer a Ota.

Critérios técnicos:
Alcochete ganha aos pontos à Ota.

Critérios Económicos:
Alcochete ganha aos pontos à Ota.

Interesses obscuros:
Muitos analistas focalizam a sua atenção nos proprietários de terreno na Ota e agora também de Alcochete, mas uma coisa me parece certa aí não há interesses, há apenas interessezinhos.
Alguma valorização dos terrenos, expropriações super pagas a alguns, talvez haja tudo isso mas não deixam de ser pequenos ganhos.
Onde verdadeiramente está o Big Money é, como sempre, na apropriação privada de bens públicos, é na Portela, obviamente.
Quem vai ficar com a Portela, e em que condições é a isto que deveremos estar atentos.
Curiosamente o fim da Portela que é o mais difícil de sustentar, por todas as razões, é precisamente a questão que já não se discute.
Nem Portela mais um, nem Um mais Portela, a Portela nunca, a Portela vai acabar em prédios.
É isto que interessa ao Governo que terá algum encaixe financeiro e a alguém que terá um enormíssimo encaixe financeiro.
Para estes tanto faz Ota ou Alcochete ou outra coisa qualquer, só é preciso que acabe a Portela.

Conclusão:
Para o poder político aceitar Alcochete é pacífico, só Mário Lino perderá a face, mas aí Sócrates e Cavaco terão mais força.
Para o poder económico interessa Alcochete porque faz um mínimo de senso.
Para algum poder económico interessa-lhe apenas desviar as atenções para as disputas entre a Ota, Alcochete, Poceirão ou qualquer outra localização desde que se cale apenas qualquer hipótese que inclua a Portela.

Juntando assim o poder económico ao poder político quem vai ganhar é Alcochete.
A ver vamos.

2007-06-16

Qualquer criança sabe

Mas com o tempo vamo-nos esquecendo:
Uma ferida, uma dor, alivia-se com um beijinho !

2007-06-14

Hoje é o dia mundial do dador de sangue

Na tv perguntavam a uma especialista:
- Quem pode dar sangue ?
- Toda a gente que tenha saúde e leve uma vida saudável.
Respondeu prontamente a especialista.

Eu, que não levo uma vida saudável percebi logo que infelizmente não podia dar sangue mas qual não foi o meu espanto quando à pergunta directa:
- Os fumadores podem dar sangue ?
Ouvi esta resposta:
- Porque não ?

A especialista e a entrevistadora que certamente não são fumadoras, não sabem ainda mas eu já sei porque me estão a dizer constantemente nos maços de tabaco que compro.
Porque:
Fumar mata !
Fumar prejudica gravemente a minha saúde e a dos que me rodeiam !
Fumar bloqueia as artérias e provoca ataques cardíacos e enfartes !
Fumar pode prejudicar o esperma e reduz a fertilidade !
Fumar provoca o cancro pulmonar mortal !
Quem fuma tem que proteger as crianças e não as obrigar a respirar o seu fumo !
E muitas mais razões que dificilmente habilitam os fumadores a se enquadrarem num estilo de vida saudável! Isso já eu percebi muito bem.
Ainda bem que o Governo me avisa.

2007-06-13

Um novo problema

Se o aeroporto for para o campo de tiro de Alcochete para onde iremos nós atirar balas e mísseis ?
Para a Ota ?
Para a Portela ?
Aceitam-se sugestões.

2007-06-11

Um argumento simples mas eloquente

Quando, há vários anos, passei cerca de um mês num Kibutz, tinha, na minha juventude de então, um imenso fascínio e curiosidade por essa utopia afinal realizada.
E o que lá vi foi um sistema aparentemente perfeito e feliz: não obstante não existir propriedade privada, toda a gente usufruía de mais bens materiais, de viagens, de lazer, do que no resto do mundo em volta, não era quando cada um queria, é certo, mas quando a comunidade democraticamente entendesse que havia condições para tal, mas essas condições surgiam facilmente num Kibutz rico e bem gerido.
Apenas uma questão me intrigava:
Estatisticamente a maioria dos jovens nados e criados num kibutz, que ao atingir a maioridade usufruíam de uma extensa viagem pelo mundo, precisamente para fazer uma opção em consciência, ao regressar decidiam precisamente não ficar !
Falo no pretérito porque desconheço totalmente se a realidade continua a ser a mesma hoje, mas naquela altura os kibutzim eram mantidos por um fluxo constante de aderentes de fora para dentro e constantemente “sangrados” de dentro para fora.
Foi conversando com um jovem dissidente que havia abandonado um kibutz que compreendi perfeitamente a questão:
Embora reconhecesse que agora a vida era mais difícil e que vivia materialmente pior justificou-se assim:
- Se você aguenta passar um dia e outro dia e um mês e um ano e vários anos, enfim toda a vida, a comer numa mesa e a conversar com a mesma cara à frente e a mesma cara no seu lado direito e a mesma cara no seu lado esquerdo, pode gostar dos kibutzim, eu não suportei isso.
Este simples argumento fez-me mudar totalmente toda a minha filosofia social.
Foi mais eficaz do que os milhares de páginas que tenho lido sobre o tema !

2007-06-09

Diferenças culturais

Para os ingleses parece muito estranho que os inspectores que investigam o desaparecimento de Madeleine tenham almoços de 2 horas.
Para mim, com a mesma irracionalidade, é estranho ver os pais de Madeleine correrem o mundo em jacto particular emprestado e gastando o dinheiro da enorme onda de solidariedade, penso que com efeitos contraproducentes para a investigação e para o presumível sofrimento a que estarão sujeitando a menina.

2007-06-06

De regresso às lides

Depois de umas curtas férias sem “net”, sem notícias, deixo-vos um pouco do que ficou desses momentos: o belo poema, mataram a tuna, de Manuel da Fonseca que ainda há poucos dias ouvi recitar num momento mágico.

Mataram a Tuna

Nos domingos antigos do bibe e pião

saía a Tuna do Zé Jacinto
tangendo violas e bandolins
tocando a marcha Almadanim.

Abriam janelas meninas sorrindo
parava o comércio pelas portas
e os campaniços de vir à vila
tolhendo os passos escutando em grupo.

Moços da rua tinham pé leve
o burro da nora da Quinta Nova
espetava orelhas apreensivo
Manuel da Água punha gravata!

Tudo mexia como acordado
ao som da marcha Almadanim
cantando a marcha Almadanim.

Quem não sabia aquilo de cor?

A gente cantava assobiava aquilo de cor...
(só a Marianita se enganava
ai só a Marianita se enganava
e eu matava-me a ensinar)
que eu sabia de cor
inteirinha de cor
e para mim domingo não era domingo
era a marcha Almadanim!

Entretanto as senhoras não gostavam
faziam troça dizendo coisas
e os senhores também não gostavam
faziam má cara para a Tuna:
que era indecente aquela marcha
parecia até coisa de doidos:
não era música era raiva
aquela marcha Almadanim.

Mas José Jacinto não desistia.
Vinha domingo e a Tuna na rua
enchendo a rua enchendo as casas.
Voavam fitas coloridas
raspavam notas violentas
rasgava a Tuna o quebranto da vila
tangendo nas violas e bandolins
a heróica marcha Almadanim!

Meus companheiros antigos de bibe e pião
agora empregados no comércio
desenrolando fazenda medindo chita
agora sentados
dobrados nas secretárias do comércio
cabeças pendidas jovens-velhinhos
escrevendo no Deve e Haver somando somando
na vila quieta
sem vida
sem nada
mais que o sossego das falas brandas...
- onde estão os domingos amarelos verdes azuis encarnados
vibrantes tangidos bandolins fitas violas gritos
da heróica marcha Almadanim!

Ó meus amigos desgraçados
se a vida é curta e a morte infinita
despertemos e vamos
eia!
Vamos fazer qualquer coisa de louco e heróico
como era a Tuna do Zé Jacinto
tocando a marcha Almadanim!

Manuel da Fonseca

Este poema, eu diria a marcha Almadanim, deu-me a coragem necessária para as guerras que se avizinham.

Muitos especulam sobre esta marcha Almadanim, como seria esta marcha ? porquê Almadanim ?

O que mais me cativa a mim, todavia, são “os tempos antigos do bibe e pião”.
Que mundos de significação estão encerrados nesta imagem de Manuel da Fonseca !

2007-05-31

Alguém está a ver uma miragem

Onde o Sr. Ministro Mário Lino vê um deserto, mesmo na zona restrita que apontou na margem Sul, o Sr. Ministro Jaime Silva vê uma cidade, tão urbana, que não aceita que aí se apliquem os apoios previstos do Fundo Europeu para o Desenvolvimento Rural o FEADER.
Um dos dois certamente se engana ou, na verdade, enganam-se os dois, como parece evidente.

2007-05-29

Já percebi

O principal problema com a poupança de energia é que sai caríssimo !

2007-05-27

Ser o primeiro

Há um fascínio estranho dos homens e mulheres deste mundo por serem “os primeiros”.
O Gato Fedorento já caricaturou este fascínio relativamente ao polémico túnel do Marquês, o esforço e dedicação que tantos despenderam para ser os primeiros a fazer qualquer coisa: passar no túnel, tocar algum azulejo, mijar no túnel, eu sei lá !
Vi há pouco um programa sobre o mar, onde um professor exprimia a sua grande emoção por ter estado num submarino, a não sei quantos metros de profundidade e não sei aonde e por ter sido o primeiro a ter estado ali, tirando talvez o condutor do submarino que não conta, assim como o Sherpa que chegou primeiro ao pico do Himalaia com Hillary não contava, até alguém reparar.
Eu também partilho este fascínio da espécie, também gosto de ser o primeiro, só que tenho a consciência de que diariamente sou o primeiro em tantas coisas, em quase tudo, até fui o primeiro a escrever isto.
Ser o primeiro é tão banal que julgo que se deveria inventar o desejo de se ficar na 1437ª posição, porque não? é tão difícil !
Afinal é como ser o primeiro a estar na 1437ª posição.

2007-05-25

Os números e os nomes

O Sr. Ministro da Saúde num debate sobre o fecho das urgências (ou dos SAP, como ele dizia) referia, rindo-se do ridículo da situação, que num determinado SAP fechado só lá iam 4 utentes 4 por cada noite.
De facto manter instalações abertas, equipamento operacional, médicos e enfermeiros, a receber salário e horas extraordinárias para servir 4 utentes 4, parece irracional e a mim também me pareceu, na medida em que esses 4 utentes 4 não eram nem eu, nem algum dos meus filhos, nem um meu vizinho ou conhecido, eram 4 cidadãos quaisquer 4.
Assim esta desumanização, transformação em número das pessoas parece muito conveniente para o Governo quando se trata de estragar a vida de alguém.
Curiosamente, no caso das greves, para o Governo, não servem os números, há que humanizar, listar os nomes e expô-los na internet para que todos saibam , tem que se saber os nomes.
É assim que convém gerir o país e o mundo:
Todos somos números quando somos despedidos, abusados e prejudicados, mas já temos de ser nomes quando afrontamos o Governo, para este efeito já tem que haver transparência.

2007-05-23

O seu a seu dono

Ouvido um debate na 2 sobre a complexa questão dos direitos de autor fiquei a saber que tenho sido um perigoso criminoso desde os meus tempos de estudante em que fotocopiava textos de terceiros, até aos dias de hoje onde, de vez enquanto, faço um download de um mp3
Conforme percebi o conceito, da forma simplista como ele foi tratado, se e quando apanharem, os raptores de Madleine eles terão direito a uma choruda parcela dos lucros que proporcionaram aos media pela autoria moral do seu crime.

2007-05-19

Quem vai ganhar a BWIN Liga

No pressuposto de que todas as 3 equipas de topo têm igual probabilidade de perder, empatar ou ganhar os respectivos jogos, as probabilidades de vencer o campeonato são as seguintes:

FC Porto – 63 %
Sporting CP – 30 %
SL Benfica – 7 %

2007-05-18

O meu MEM

A Joana, minha filha, desafiou-me para postar um meu MEM, inserindo-me assim numa cadeia que se vai desenvolvendo por vários Blogues.
A minha primeira dificuldade foi a de conhecer melhor o conceito.
A minha ideia inicial identificava MEM com aquilo a que eu tenho chamado aqui, nalguns postes de “tijolos”: Impressões, experiências individuais elementares que se incorporam e construem a nossa idiossincrasia, como peças de um “puzzle”.
Uma pesquisa no “Google” mostrou-me que não, o MEM, noção introduzida por Richard Dawkins, não é um elemento individual, será antes uma unidade colectiva que se propaga como um gene cultural sendo mais próximo do que eu tenho chamado “referências”.
Sendo assim, parece-me uma noção menos interessante para se colocar num blogue (expressão individual, geralmente) visto que para ser um MEM tem que ser já partilhado por um conjunto de pessoas.
O que pensei intuitivamente colocar foi o seguinte:
“A base de sucesso da natureza, mesmo do universo, está na diversidade”
Pensando, todavia melhor creio que isto, pelo menos formulado desta maneira, não será propriamente um MEM, é apenas uma ideia minha, sê-lo-ia se estivesse inscrito na obra de um notável autor e que muitos conhecessem.
Deixo então um verdadeiro MEM extraído do Maio de 68 e que é já partilhado por muita gente e base da cultura de muitos (excepto Sarkozi):
“Somos realistas, queremos o impossível”

2007-05-17

Malhas que o Império tece

Foi há 35 anos, em Angola.
Sentávamo-nos, o ex-soldado e eu, a uma mesa, conversando, entre petiscos e cerveja, sobre o dia passado e sobre a guerra que nos envolvia.
Nisto, diz-me ele com a voz mais baixa e um estranho à vontade, solene e triste:
- Sabes ? matei uma criança !
- Meu Deus, como pode ser isso, estás a brincar ? (como se se pudesse brincar assim)
Explicou-me então o que se tinha passado:
- Estávamos no meio de um tiroteio. Não se via nada, eu estava escondido atrás de umas moitas e disparava para o mato para de onde vinha o fogo inimigo.
De repente, passa um vulto negro a correr à minha frente, um filho da puta de um “turra” mesmo ali, à minha frente. Não pensei, não hesitei, dei-lhe um tiro e o vulto tombou ali.
Fui ver, era uma jovem negra que transportava um bébé, o seu filho, às costas.
Ela, jazia morta, a criança gritava assustada e em sofrimento, tinha um braço decepado pela bala.
Que fazer meu Deus ! sair dali e abandonar criança assim ?
Encostei-lhe a arma à cabeça e disparei sem olhar. Morreu instantaneamente.
Até hoje não sei se fiz bem ou mal, maldita guerra !
Nunca mais abordámos este assunto.
Apesar de trabalhármos hoje no mesmo ministério, há anos que não o vejo nem falo com o ex-soldado e, tudo se foi esmorecendo.
Até há dias em que me telefonou desesperado pedindo ajuda por conta de um processo disciplinar a que estava sujeito, conduzido por alguém que eu conhecia bem.
Intercedi por ele, falei ao meu amigo e disse-lhe que o ex-soldado era um bom rapaz, que já tinha trabalhado comigo, há anos em Angola e não tinha queixas dele, antes pelo contrário.
Não sei, nem quis saber o resultado final.
O meu amigo que instruiu o processo disciplinar apenas me disse:
- Vou ver o que posso fazer, mas não é fácil, o “gajo” é completamente maluco, passa de todas as marcas !
- Talvez ... !
Respondi-lhe eu, enquanto todo o pesadelo me afrontava de novo, voltando do fundo da memória.

2007-05-16

Questões de etiqueta

Na maratona ou no triatlo fica bem chegar em último, com uma hora de atraso, de rastos mas sem se desistir.
Talvez alguem ainda se lembre de uma célebre e dramática chegada, fora de horas e perto da exaustão de uma atleta suiça, concorrente da maratona de uns jogos olímpicos de há alguns anos e que foi recebida por um estádio em pé a aplaudir.
Também, no recente triatlo realizado em Lisboa, a concorrente americana que saiu como um pinto e “aos esses” da natação, muito atrás de todas as outras, foi tão acarinhada pelo público como a vencedora Vanessa Fernandes.
É bonito ver esse esforço individual de alguém que luta consigo próprio, até ao limite, para concretizar um sonho.
Porém, se o desporto for xadrez, o abandono tardio, a luta até ao fim a esperança desesperada num volte-face é considerado impertinente, estúpido e antidesportivo, não desperta aplausos mas antes assobios.
Sempre me intrigou esta dualidade de critérios entre o esforço físico e o intelectual mas a realidade é assim mesmo e as explicações sociológicas poderão ser talvez encontradas.
Mas há zonas de penumbra neste domínio:
O gesto de Carmona Rodrigues de lutar até a um fim inglório é aplaudido por uns e assobiado por outros, na verdade não se consegue ver claro se Carmona Rodrigues participava numa maratona ou num jogo de xadrez.

2007-05-15

O que faz falta

É bom senso.
Não sei bem o que é, só o reconheço quando o vejo mas vejo-o muito pouco e cada vez menos.

2007-05-11

Pornografia gastronómica

Parece que a Coca-Cola é óptima para desentupir canos e, dizem também que tem algumas propriedades medicinais em perturbações do tráfico intestinal.
Até há quem a beba com algum prazer, atendendo certamente à quantidade de açúcar que contem, essa droga poderosíssima que torna tudo, mais ou menos, apetecível.
Para o que manifestamente não serve é para acompanhar sardinhas assadas.
A simples sugestão dessa possibilidade que agora é feita despoduradamente na publicidade, em horários nobres onde existem criancinhas a assistir é contra natura e ofende a sensibilidade gastronómica portuguesa e mundial.
Coca-Cola com sardinhas não só não liga como estraga tudo, até a sardinha se deve sentir enxovalhada com este desrespeito.
Sempre que vejo esse anúncio fico ruborizado de vergonha e de cólera contra o atrevimento.
Onde estão as comissões de ética e todos essas instãncias criadas para nos protegerem de conteúdos obscenos nos media ?

2007-05-05

Afinal ainda há esperança

Não me precipitei, as coisas passaram-se exactamente como contei no poste anterior, li a mensagem de recusa de publicação no monitor.
Vi e fiquei ofendido e triste.
Recorri à única arma que tinha, a “minha tribuna”, e assim nasceu o poste anterior.
Inesperadamente li hoje o comentário de Daniel Oliveira neste blogue, voltei ao Arrastão, fiz F5 e o meu comentário lá apareceu como penso devia ter aparecido desde o primeiro momento.
Fico feliz porque parece não ter sido, de facto, uma opção editorial de Daniel Oliveira mas antes um daqueles incontroláveis e inusitados acontecimentos de que este media é pródigo e dos quais já tenho falado aqui e que não me interessa aprofundar.
Assunto encerrado portanto, retiro a minha desconfiança em relação às intenções de Daniel Oliveira e reforço a minha desconfiança em relação aos computadores e às suas manias.

2007-05-04

Assim vai a “esquerda” hoje !

O arrastão, blogue do mediático militante de esquerda Daniel Oliveira, publicou o seguinte poste a 2 de Maio:
Sempre ao seu dispor
Vejo na SIC que Alberto João inaugurou uma estrada para uma pequena povoação. Conta que o fez para pagar uma dívida a Maria, a empregada que o ajudou a cuidar dos filhos e que ali vive. Ficamos todos satisfeitos por contribuir com o nosso dinheiro para pagar os favores do senhor Alberto. E que ele tenha o descaramento de o dizer na televisão, comovido com a nossa generosidade, ainda me agrada mais.
Suscitou diversos e justíssimos comentários de apoio ao poste e de repulsa pelo comportamento de Alberto João Jardim.
Porém, eu tenho outro ponto de vista sobre o mesmo assunto e procurei exprimi-lo, postando um comentário como este.
“Pois é, servir os interesses do capital, como fazem quase todos, quase sempre, não suscita a revolta da esquerda de hoje, mas a D. Maria é demasiado insignificante, não é ?
Eu, por mim gosto que os meus impostos sirvam os interesses das D. Maria e dos Srs. José deste mundo.”
Parecia-me correcto, educado e que permitiria alguma reflexão mais profunda sobre a questão.
Acontece que o blogue de Daniel Oliveira tem instituída a censura prévia, funcionalidade que , pensava eu, serviria para afastar os “spam coments” ou linguagem obscena. Engano meu, é censura mesmo e o meu comentário não foi publicado por ter sido classificado de comentário não apropriado.
Afinal Daniel Oliveira usa no seu blogue a mesma estratégia de Alberto João na Madeira ao “comprar “ os jornais todos: aplausos, tudo bem mas qualquer voz discordante nem pensar.
Viva o lápis azul !
Curiosamente, o mesmo blogue “Arrastão”, no dia 1 de Maio, prestou um excelente serviço ao divulgar diversas versões da “Internacional” que tiveram o condão de me comover, ao me proporcionar ouvir em diversas línguas do mundo, diversas versões da seguinte noção:
“Bem unidos façamos nesta luta final, uma terra sem amos, a internacional”
Infelizmente, assim não vamos lá !

2007-04-30

Impressões de viagem 7

O Rio de Janeiro continua lindo

E assim continuará enquanto a cidade não destruir completamente a portentosa natureza.
Foi assim que vi o Rio: um centro histórico interessante mas menos interessante do que os de outras cidades do Brasil como Salvador ou Manaus, para falar apenas de cidades visitadas por mim, uma praia, um mar, o calçadão, com a beleza das marginais sumptuosas acrescida da tal natureza que irrompe da cidade mas sempre atormentada pelo fantasma do crime potencial.
Depois, há as favelas, que não visitei.
Sugeriram-me a “Academia da Cachaça” onde me disseram que poderia comer a melhor feijoada da minha vida. Segui o conselho e comi, de facto, a melhor feijoada da minha vida, não é um restaurante turístico mas recomendo-o sem reservas.
As vistas do Cristo redentor, do Corcovado, e do Pão de Açúcar são esplendorosas, “breath taking” como dizem os anglo-saxónicos:
Uma paisagem descomunal de serra e mar, manchada por “um cancro branco” que vai alastrando e que é a cidade.
Não ilustro com fotos porque não é necessário, o Rio todos os dias entra pelas nossas casas.

2007-04-23

O metro ao Sul do Tejo

Ou, com mais propriedade, o eléctrico ao Sul do Tejo, vai tornar-se em mais um caso de estudo dos erros clamorosos do desenvolvimento planeado.
Não serve objectivo nenhum.
Não aumenta nenhuma acessibilidade.
Tem custado uma fortuna.
Empata todo o trânsito
É uma fonte permanente de muitos previsíveis acidentes.
E tudo isto era já claríssimo no papel.
Tem decisor que é cego !

2007-04-20

O massacre de Virgínia

Cresço num mundo de profetas que constantemente me mostram o caminho do sucesso, logo ali à frente, estende-se numa passadeira rolante !
Vejo as pessoas percorre-lo facilmente, felizes e contentes.
Sigo-lhe os passos mas só encontro subidas penosas, curvas e pedras, mas logo me dizem: “não é bem por aí, é um pouco mais ao lado”.
Corrijo a trajectória mas tudo me parece igual.
Estou exausto, faltam-me as forças, e vejo os outros que lá vão, ali tão perto, de tapete rolante.
Procuro debalde a passagem para esse tapete que nunca está ali, ou já passou ou ainda há-de vir.
Estou como K no caminho do Castelo.
Os profetas bem me dizem “olha, estuda que com os estudos encontras logo o caminho” e mostram-me como estariam outros que seguem no tapete, se não tivessem estudos.
Vêm-me à memória, muitos outros que também lá estão embora não tenham estudos nenhuns, tiveram talvez sorte !
Vou então estudar, até ao último grau, mas a passagem continua sem aparecer, para mim só há subidas, curvas e pedras e só para mim.
A raiva e a inveja invadem os meus nervos, Tem de haver um segredo, uma passagem secreta, que não me ensinaram mas que todos os outros parecem conhecer.
Foram os profetas malditos que me esconderam o segredo e só a mim, sacanas !
Estou quase morto de cansaço, a música e a alegria que vejo no tapete, aumenta o meu ódio.
“Se não é para mim também não há-de ser para mais ninguém, já que não me querem dizer o segredo que todos sabem !”
Pego numa bomba (encontram-se muitas bombas no caminho dos escolhos) e atiro-me para cima do tapete.
Morro na explusão com mais 3o e poucos do tapete.
Durante 5 minutos o tapete tem uma pequena avaria que logo é corrigida.
Nos media, desconhecem a minha lucidez: comenta-se o meu acto e chamam-me doido. “ainda por cima estava tão perto do tapete, mesmo ao lado da passagem, como é isto possível ?”.
Só na hora da morte me apercebo da verdade:
Não há tapete nenhum, era tudo uma ilusão !

2007-04-19

Lá saíram as listas

Há dias saíram as esperadas listas do Ministério da Agricultura e com elas milhares de funcionários passaram para o “limbo” da mobilidade.
Os piores ? perguntar-me-ão. Nada disso, saíram maus, é certo, mas também bons e excelentes.
Ficaram os melhores ? Também não. Ficaram bons e excelentes e também muitos maus, a qualidade não foi, senão na forma, o critério utilizado.
Saíram sim os mais fracos, os mais frágeis, aqueles a quem a saída mais custa, mas também aqueles que têm menos possibilidades de lutar e de se defender.
Todavia, como muitos fracos fazem uma força, suspeito que as coisas, mesmo assim, não fiquem por aqui.
Quanto a mim, fiquei. Apenas porque sou um barão, em termos maquiavélicos, o meu poder não vem do príncipe e os barões têm que ser tratados com cuidado ou, preferencialmente, exterminados.
Felizmente eles não leram, com certeza, “o Príncipe” !

Para se compreender a Administração Pública, há 3 leituras que recomendo:
O excelente poste do Jumento chamado “Os boys, as Pandilhas e os Gangs na Administração Pública” onde se desnudam as estruturas do poder aí constituídas
“O Príncipe” de Maquiavel e, sobretudo, Kafka, especialmente “O Castelo”, está lá tudo.

2007-04-18

Ser Português, nós

Ser português não é como ser de outra nação qualquer.
Ser português é falar e amar uma língua que sem qualquer plano ou esforço se fortalece e ninguém a consegue abater e que é a nossa surpresa e o nosso orgulho.
Ser português é estar em qualquer lugar do mundo bem e melhor que em Portugal.
Ser português é odiar Portugal por nunca conseguir estar ao nosso nível.
Mas ser português é amar Portugal, acima de qualquer outro país, por aquilo que Portugal há-de ser um dia, ainda que esse dia nunca venha .
E só nós sabemos que aquilo que Portugal pode ser, por o poder ser, o torna grande já.
Para um português, ser nacionalista é ser para o mundo.