2009-07-28

A pena de morte é o que os espera

Na Sic, hoje deram a notícia de alguém, que tinha sido preso nos EUA.
Era um americano loirinho, mas muçulmano, e que tinha amigos tenebrosos, nada loirinhos, também presos.
Parece que o homem até tinha ido ao Kosovo com o intuito de colocar uma bomba (embora não o tivesse feito), que outra razão haverá para se ir dos EUA ao Kosovo?
E não ficou por aí, também já tinha ido à Jordânia.
Certamente pertencia à Alcaeda.
A notícia acabava dizendo que vai enfrentar a possibilidade de uma pena de morte.

Esta notícia só me fez lembrar esta velha canção de Tom Waits:

2009-07-26

Reflexão sobre a volta à França

Para o ciclismo a Volta a França é hoje a “grande prova”, a prova das provas, capaz de fabricar “heróis”.
Hoje acompanhei, pela TV, um pouco dessa prova.
Os comentadores, como a transmissão, não é nada mais do que ver bastantes homens sobre bicicletas, têm a missão de nos dar conteúdo, dar-nos contexto, explicar quem é este ou aquele corredor e o drama que vive e também transmitir dados constantes sobre a importância e a seriedade da prova, valorizando aquilo que vemos.
Hoje a conversa incidiu sobre as medidas anti “doping”.
A organização é quase perfeita na detecção do “doping”, ao contrário, claro, de Portugal, embora às vezes também não seja assim: Marco Chagas (antigo ciclista e actual comentador) referiu-nos que em Portugal foi controlado em qualquer evento de veteranos, apesar de já ter 52 anos. As coisas estão a melhorar.
Depois falaram de qualquer peça da bicicleta a que chamaram extensores e que Marco Chagas lamentava não ter tido no seu tempo, embora alguns já a tivessem.

Eu, imaginando-me técnico de ciclismo e querendo que a minha equipa ganhe.
Só pensaria em duas coisas:
Ou o ciclista tem de correr mais, ter mais força muscular e cansar-se menos e isso consegue-se com os chamados bons ciclistas mas também com treino e com produtos químicos que ajudam a isso, alguns chamados “doping”, ou também, a bicicleta tem que andar mais por cada pedalada e também há produtos que ajudam a isso, talvez chamados extensores e quejandos.
São estas descobertas tecnológicas ou biológicas que fazem a humanidade avançar e dominar os problemas que se lhe colocam.

Os problemas que surgem é que a prova deixa de ter a ver com o ciclismo mas com o desenvolvimento tecnológico e com a eficácia de controlo.

Alguns ganharam provas apenas porque o seu método de “doping” ainda não era conhecido pelo controlo ou, de qualquer forma, conseguiram ultrapassar esse controlo.

Por isso eu penso que se queremos avaliar capacidade de homens, através do desporto, devemos seguir o exemplo da Grécia antiga e afastar toda a tecnologia.
Todos deveriam concorrer nus e descalços e mesmo assim não conseguiríam eliminar o “doping” de uma alimentação mais correcta para aquele fim.

Se queremos verificar o melhor em termos espectaculares, como é o caso de hoje, onde em causa estão homens mas também clubes e países e culturas, melhor seria deixar os homens e a sua cultura desenvolverem os “dopings” e a tecnologia que acham mais influente para a vitória.

O controlo “anti-doping” que quase todos acham fundamental, para mim, está a matar o desporto espectacular e a impedir o desenvolvimento científico.

2009-07-23

Você sabe o que é caviar?

É assim que começa uma interessante canção brasileira.
Sem entrar em mais detalhes, podemos dizer, com verdade, que são simplesmente ovas de esturjão.
O problema transfere-se para o de saber o que será um esturjão.
E a resposta que se ouve é que é um peixe nativo do mar Cáspio e rios que aí desaguam e que está em risco de extinção porque é demasiado pescado porque as suas ovas, o tal caviar, são apreciadíssimas e caríssimas.
É este o conhecimento que eu tinha até ontem quando vi uma reportagem na SIC sobre a pesca no Tejo, pesca essa também em extinção, e vi relatos de pessoas idosas e fotografias de um esturjão pescado no Tejo, em meados do século XX.
Pareceu-me que esse facto, por si mereceria uma reportagem bem elaborada.
Como será que um esturjão terá vindo do mar Cáspio até ao Tejo passear?
A minha imaginação criativa começou logo a conceber uma história:
Talvez um refugiado da segunda grande guerra, talvez judeu, tenha trazido daquelas bandas um ou uns quantos esturjões, lançando-os no Tejo para posterior exploração comercial.
Mas como se trariam assim esturjões?
Uma consulta ao google mostrou uma história bem mais simples e triste.
Desde a mais remota antiguidade até ao Século XIX sempre houve esturjões no Tejo, Douro, Mondego, Sado e Guadiana (onde ainda parece que ocasionalmente aparecem) e por todos os rios da Europa.
As barragens expulsaram-nos de todo o lado e, agora, só resistem no Mar Cáspio os últimos esturjões.
Esta história que mostra como com as barragens perdemos o que poderia ser um negócio de milhões, ou, mais do que isso, uma iguaria a que a nossa bolsa dificilmente permite chegar, recorda-me a polémica actual sobre a barragem do Sabor:
Esta prevista barragem, vai destruir o talvez único rio selvagem que corre na Europa, e, como alguém dizia, ganhamos alguns kilowats, mas nem sonhamos o que podemos perder.
Eu já chorava pelas ostras do Tejo (consideradas as melhores ostras do mundo) passo agora a chorar também pelos esturjões do Tejo.

2009-07-17

O que eu hoje mais queria era apanhar a gripe A, já

Nesta guerra, até agora, o vírus da gripe A está a levar a melhor.
Estamos num ponto em que, apesar do clima aqui estar muito desfavorável ao vírus, ele progride, em passos lentos, como os mais terríveis monstros do cinema.
102 casos em Portugal, para os 10 milhões que dizem que habitam aqui, é ainda muito pouco, mas sobe todos os dias uns pontos e “devagar se vai ao longe”.
A OMS, já disse que vai parar os seus relatórios sobre o número de novos contágios (perdeu já o controlo).
Portugal comprou já 3 000 000 de vacinas que ainda não existem, (talvez para Novembro ou Dezembro).
Com esta força, no tempo das vacas magras (para o vírus), quando o frio vier vai ser o caos.
Há quem preveja um terço da população portuguesa com gripe, talvez lá para Novembro.
Eu, não duvido, já vi este filme com a asiática, quando não tive nenhum amigo ou conhecido que não a tivesse apanhado embora agora os humanos tenham outros recursos.
O que penso é o seguinte, quando chegar a minha vez, se chegar, vai estar tudo à rasca, vacinas ainda não haverão ou se houverem não vão chegar para mim ou quando chegarem já é tarde porque eu já tenho a gripe.
Tendo a gripe vou querer “tamiflu” mas aí vai ser difícil porque toda a gente vai querer; ainda acabo por não o ter e ter de contar exclusivamente com o meu sistema imunológico para curar a gripe em 6 dias.
Se apanhasse a gripe HOJE já tudo seria diferente:
Aos primeiros sintomas, telefonava para o 808242424, seria bem atendido, faziam-me análise à borla e davam-me “tamiflu” a mim e a toda a família.
Ao fim de uma semana, estaria são como um pêro e, sobretudo, IMUNIZADO e protegido para o período da confusão, isto mesmo sem vacina nenhuma, “porque a natureza está muito bem feita”.
O problema é que não conheço ninguém com gripe para me chegar perto.

2009-07-15

Curiosidades

A fábrica de sapatos Investvar ou o maior grupo português de calçado, decidiu acabar ou foi corrida, para o caso é irrelevante, da ligação que detinha com a multinacional americana que gere a marca “aerosoles”.
Agora é exclusivamente portuguesa e para o provar vai lançar a nova marca muitíssimo portuguesa que é a “MoovON”.
Pelo nome vemos logo que agora vai ser tudo muito mais português.

2009-07-14

Parece que a ASAE é inconstitucional

Oxalá!

A ASAE é a Santa inquisição do século XXI.
Enquanto a Inquisição, espalhava o terror e cometia crimes contra a humanidade para salvar as nossas almas, a ASAE faz o mesmo para salvar os nossos corpos.
Uma e outra não salvam nada, só destroem e têm a tendência para eliminar o talento e o que de melhor há no nosso país.
O mundo globalizado, evidentemente tem os seus perigos e necessita controlo. Em cada frasquinho ou latinha que compro muitas podem e, algumas vezes têm, adjuvantes químicos e toda a espécie de venenos que matam aos milhares. Mas quando isso acontece a indústria diz “woops”, finge que chora pelos mortos que causou, dá-nos a suposta paz retirando todo o lote do mercado e continua o “business as usual” como se nada se tivesse passado.
A ASAE não quer saber disto o seu inimigo é o Sr. Zé e a D. Maria que usam os tomates da sua horta: vê, cheira, pede os papéis e arruína-lhes a vida, a deles e a nossa que gostamos dos tomates.
Morra a ASAE morra, Pim.
A Santa Inquisição tirou-nos Espinosa, Joseph de La Vega e tantos outros espíritos brilhantes que tiveram que ir brilhar para Amsterdão.
A Santa ASAE tira-nos a bola de Berlim nas praias e a ginginha que não têm para onde ir brilhar.
Morra a ASAE morra Pim.

2009-07-12

Chegou-me em e-mail por duas vias

È uma bela peça de humor.
Infelizmente ainda não sei a origem.

2009-07-10

A comunicação social não tem a noção de dose.

A noção de dose é fundamental, eu já tentei explicar isto aqui.
Reportagens que envolvam: “Cristiano Ronaldo”, Michael Jackson” ou o “pequeno Martim”, que continuam a servir-nos diariamente, são já insuportáveis.
São “overdose”.

2009-07-08

Uma aventura na estrada

Ou
“Como o capital encarnou e habita entre nós”

O meu carro, agora, é um Megane cheio de mariquices que eu gosto.
Acende os faróis sozinho quando ele acha que não se vê, fecha os vidros abertos, quando o abandonamos, como que dizendo “Estás a ver, que serias tu sem mim? Deixavas-me a saque!”.
Apesar de ter já uns anos e quase 100 000 Km de rodagem, é um carro já do “admirável mundo novo”.
Tem um computador de bordo que me avisa em português correcto, quanto gasóleo ainda tenho, quantos quilómetros posso ainda andar, que está na hora da revisão ou de mudar o óleo e também quando não se sente bem, embora aí seja parco em palavras.
Há poucos dias, quando entrava na ponte Vasco da Gama, vindo do Sul, o carro dá dois soluços súbitos e grita-me no computador: “STOP”.
Eu, encostei-me na margem e parei logo.
Pensei falar com ele, deixá-lo descansar um pouco e continuar para casa.
Mas ele, amuou, não me respondia, não me dizia nada, para alem de uma breve mensagem “problemas na injecção”.
O motor nunca mais trabalhou mas ele mantinha-se vivo, de luzes acesas que não se desligavam e surdo a todas as minhas ordens.
O que se seguiu foi a sociedade moderna, no seu melhor.
Ainda eu tentava chamá-lo à razão, já um reboque ao serviço da ponte (que certamente me tinha visto encostar, pelas múltiplas televisões que nos observam) se aproximava para me ajudar ou para desembaraçar o trânsito, talvez mais isto.
Sem gastar nada, logo deixei tudo arrumado, o carro a caminho da oficina e eu, de táxi, a caminho de casa.
A sociedade cumpriu o seu papel comigo, embora eu soubesse que o meu calvário individual estava apenas a começar.
E assim foi, no dia seguinte telefona-me o mecânico dizendo:
“Tem que cá vir rápido, o motor está todo partido, isto vai ser um bocado caro”.
Na minha cabeça, essas palavras: “partido” e "dinheirão”, associadas a "problema na injecção" ficaram a ressoar na minha cabeça, lembraram-me logo da praga dos gasolineiros, contra os combustíveis brancos: “Poupas na gasolina vais pagar muito mais no mecânico!”.
De facto, eu tenho alimentado o meu carro sempre a gasóleo de saldo. E sei que as ameaças que se ouvem não são mais que o jogo de diferentes tentáculos do polvo capitalista, tentando extorquir-me sempre mais: “Ou enches o meu ventre voraz, na bomba de gasolina ou no mecânico, mas vais enchê-lo sempre.
Mas é nesta luta entre os tentáculos do polvo que nós vamos sobrevivendo,
A verdade é que o gasóleo ou a gasolina “branca”, é legal, não pode estragar carros assim. E a experiência dos milhares que fazem como eu e estão pacientemente na “fila” (para os meus leitores do Brasil) ou na “bicha” (para os de Portugal) para poupar na gasolina não consta que estejam a “partir” motores com essa facilidade.
Foi então que me lembrei de uma vivência recente no campo do vídeo, os velhos aparelhos, pirateavam tudo mas os modernos já não porque os “tentáculos do polvo capitalista” se harmonizaram e têm “ordens de “software” para não permitir a cópia, nem ver os vídeos de outra região e todas essas invenções do capital para nos roubar.
Será que as “mariquices” do meu carro já teriam inclusas instruções para detectar a gasolina branca e “partir” o motor em conformidade?
Era muito verosímil.
Fiquei apreensivo e a delinear estratégia para não baixar os braços nesta luta.
Felizmente a minha ida ao mecânico sossegou-me neste domínio.
O mal foi de uma correia que, supostamente, tem que ser mudada de 90 000 em 90 000Km e que não tendo sido trocada, se partiu e, a partir daí, rapidamente seguiram-se os “pistons” e não sei que mais.
Porque não mudei então essa correia no devido tempo? Perguntará o leitor.
A resposta é simples: porque a porra do computador de bordo que é tão esperto para as coisas simples, nunca me avisou disto que era uma questão vital.
O capital ganha sempre mas, pelo menos vou continuar a usar gasóleo branco, que se lixa!.

2009-07-04

Análise semiológica do gesto do Ex. Ministro Pinho

O contexto é mais ou menos conhecido.
O resultado (demissão do Ministro) é sabido.
O gesto foi este:

Há 3 questões que me parecem fundamentais.
1. O que quereria o Sr. Ministro dizer?
2. Porque é que aquela forma de expressão se mostrou intolerável?
3. Porque escolheu Manuel Pinho aquele gesto?
Quanto à primeira questão poderemos aceitar as explicações do próprio ex-Ministro, (ninguém mente naquela situação, após um acto suicida) ele quis retaliar no mesmo grau, a ofensa e a humilhação que sentiu. Algo de que ele se orgulhava muito estava ali a ser desvalorizado e distorcido, qualquer argumentação era mal compreendida ou negada, portanto inútil.
Como expressar então esse facto? Manuel Pinho escolheu uma forma de acção: o gesto acima.
Quanto à segunda questão a resposta parece também clara, o gesto foi insólito, único, nunca utilizado naquele ambiente nem de forma mitigada.
Foi estranho, inopinado, portanto inaceitável.
A terceira questão porém é a que me parece mais difícil.
Manuel Pinho simbolizou cornos, que nos remetem para duas referência fundamentais:
A força, a tenacidade, a bravura de um touro ou a conotação moral da vítima de infidelidade sexual, o “corno” ou o “encornado”.
Há gestos de mãos que nos remetem para estes campos de significado.
Encolher todos os dedos com excepção do mínimo e do indicador remetendo o gesto para o terceiro tem um significado duplo e inequívoco.
Quere-se dizer: “com a bravura e a tenacidade de um touro eu digo-te, tu és um “corno” (fraco, humilhado, enganado, pouco viril), os dedos mostram os cornos, a mão investe para o adversário, dizendo-lhe “tu és isto”.
O singular, neste caso é que Manuel Pinho colocou os cornos simbólicos na sua própria cabeça, dizendo mais “cuidado que eu sou um touro” mas o contexto não permite esta interpretação, Pinho não queria dar notícia da sua força, queria ofender com a mesma ou maior profundidade do que a com que se sentia ofendido.
Entre o povo ouvi que todos perceberam que a mensagem era importante, embora o significado real tivesse várias interpretações, algumas negativas (Manuel pinho estava a ser toureado e a entregar-se ao deboche).
Este tipo de “linguagem” com múltiplas referências e múltiplas interpretações que gera nos observadores impressões as mais diversas, é típica da linguagem poética.
Manuel pinho, com aquele gesto fez um poema.
Segundo as últimas notícias Joe Berardo (amante das artes) gostou do poema e já convidou Pinho para Administrador da sua fundação.