2010-08-25

David e Golias

Os únicos combates que me interessam hoje são os combates entre David e Golias onde Golias ganha quase sempre.
Mas há vezes raras em que os deuses no Olimpo se conjugam para que David ganhe e são esses os momentos raros e únicos que valem e fazem suportar a permanente desilusão.
Ontem foi assim com o Braga: David bateu Golias.
Foi um momento raríssimo e, como tal, todos os adeptos exultaram, “fizemos o quase impossível!”.
Quem não gosta destes momentos raros é o sistema, a polícia, a ordem, que não suporta a felicidade dos outros.
Por um acaso, assisti em directo à chegada ao Porto da equipa do Braga, perto das 2 horas da matina. Foi um momento em que a felicidade de todos transbordava.
Só a polícia destoava, batia e punia o mínimo “excesso”, estragava a festa.
Hoje, nas notícias punha a capa de santa e dizia, “ninguém ficou detido”.
Eu digo “è mentira, ficou detido e maltratado um adepto do Braga, que eu vi, detido no pior momento, num momento em que estava eufórico de alegria, detido por quase toda a vida, portanto”.

2010-08-10

Ser único

Um dos valores que a sociedade global valoriza e procura é precisamente aquela que parece tornar-se escassa: a qualidade da diferença, da unicidade.
Por isso se festejam os campeões, os primeiros a fazer algo, os que se inscrevem no “Guiness Book of Records”.
Todavia e felizmente ainda é essa unicidade que caracteriza cada um de nós.
Todos os dias somos únicos e primeiros a fazer alguma coisa.
Cada dia vejo e oiço coisas que só eu vejo e oiço, e que mais ninguém vê e ouve. Cada dia tenho pensamentos únicos, só meus, e que a mais ninguém são sugeridos. Cada dia sou um campeão de mim mesmo.
Só me falta o espectáculo global e o reconhecimento público, é verdade.
Mas. para mim, é precisamente isso que me torna mais único e diferente.
Esta reflexão foi-me sugerida pela notícia de alguém do mundo global (não retive o nome, no mundo global todas as proezas também são efémeras) que desceu a pé o rio amazonas da Venezuela até à foz, no Brasil. Na notícia diziam que foi sempre acompanhado e muito ajudado por um guia local e que sem ele, o tal guia, a proeza não seria conseguida.
Todavia, esse guia que possivelmente já fez essa proeza várias vezes e que provavelmente ganha a vida acompanhando cidadãos do mundo global nessas viagens, não teve o nome inscrito nesta história e apenas se viu o seu rosto, por detrás da imagem do “herói” global na entrevista final da sua apoteose.

2010-08-09

Afinal não são só os “bárbaros”

Há dias ouvi a notícia de que a Arábia Saudita tinha proibido os telemóveis “Blackberry” no país.
Hoje, de manhã, ouvi a notícia de que a Alemanha tinha proibido os telemóveis “Blackberry” na administração pública alemã.
Que raio terão aqueles telefones que começam a assustar governos ?

2010-08-08

Não há Rosa como ela

Há dias acordei ouvindo esta canção de João Gil na telefonia e passei todo o dia bem-disposto.
Tem toda a simplicidade profunda da poesia popular.