2011-04-26

As melhores anedotas de Sócrates, que eu ouvi.

Sócrates ganhou mais um prémio:
O de melhor sogro do mundo, porque deixou todo o país à nora.
Mas depois disto começou a ter alucinações auditivas: estava sempre a ouvir passos de coelho e portas a bater.
O PS, preocupado, arranjou um “slogan" de campanha fortíssimo:
Talvez só o PS dê!

2011-04-25

Há quem não goste de Tom Waits

Mas não é o caso da minha neta Rita de ano e meio.
Entrou no meu escritório quando eu começava a ouvir “Telephone call from Istambul” do cd “Franks wild years” de Tom Waits, música que reproduzo em baixo.
Aos primeiros compassos, os olhos de Rita brilharam, começou a bater palmas e a gingar o corpo à cadência.
Quando a música terminou, saiu e voltou à sua vida.

2011-04-11

QUASE

De repente, por razões que não sei explicar, veio à minha consciência a frase “um pouco mais de azul e eu ….”.
Lembrava-me um poema já escrito mas que poema? escrito por quem ?
Noutros tempos a frase seria de novo esquecida por mim mas agora, com a internet, foi fácil chegar à verdade.
Trata-se do belo poema de Mário de Sá Carneiro denominado Quase.
Aqui fica:

QUASE

Um pouco mais de sol — eu era brasa.
Um pouco mais de azul — eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num baixo mar enganador d'espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho — ó dor! — quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim — quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo... e tudo errou...
— Ai a dor de ser-quase, dor sem fim... —
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...

Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol — vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

Um pouco mais de sol — e fora brasa,
Um pouco mais de azul — e fora além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Mário de Sá Carneiro
(Paris, 13 de maio de 1913)

2011-04-03

Conversa, sobre o sentido da vida, com o meu neto Luís

Luís, meu neto de 4 anos, quando lhe pedi para colocar um cinzeiro com beatas sobre uma mesa, disse-me assim:
- Avô porque é que fumas? Se fumares morres, tu sabes.
Eu, habituado a este tipo de repreensões, respondi-lhe logo:
- Pois é verdade mas se não fumar morro na mesma.
Inconformado com a perspectiva da minha morte Luís insistiu:
- Avô, também podes pedir ao Jesus para não morreres.
E como insistisse muito nesta possibilidade de me fazer pedir a Jesus para não morrer, retorqui-lhe eu:
- Não preciso, porque o avô não se importa de morrer.
Esta minha declaração causou-lhe um grande espanto:
-Não te importas de morrer? Porquê?
Eu, aproveitando o seu cristianismo, demonstrado no apelo à minha reza retorqui-lhe.
- Olha se eu morrer, posso ir para o Céu, que é muito bom.
Luís não se convenceu e disse-me com superioridade: - Olha, eu não, eu prefiro não morrer e ir para o Japão!
O que é certo é que não tive mais argumentos; Luís venceu-me no meu melhor, a argumentação filosófica.