2004-06-27

Parece que todos acordaram de um sonho

Neste pequeno intervalo nas minhas férias, percorro furiosamente todos os blogs habituais e noto uma ansiedade descabida:
O Abruto demonstra mesmo tendências suicidas.
Parece que o Durão aceita o cargo de Presidente da Comissão !
Parece que Santana Lopes pode vir a ser o novo Primeiro Ministro !
Está tudo maluco ?
Acalmem-se colegas, está tudo na mesma, Portugal também tem direito ao seu Bush, porque não ?
A degradação, mediocridade e incompetência que domina a classe política e dirigente há muito que se instalou em Portugal e não só.
No fundo até é bom que todos vejam depressa as suas verdadeiras cores, talvez seja o princípio do fim, embora receie que ainda haja muito para degradar.
Isto é apenas um passo lógico, na cadeia de motivações que guia esses senhores.
No passa nada.

Mea culpa

Afinal Scolari did it
Não é que a equipa começou a jogar a sério e com vontade de ganhar jogos.
O segredo creio que está num sentimento ou atitude que invadiu o país e chegou à selecção: chama-se entusiasmo.
Eis uma bela palavra que julgo querer dizer qualquer coisa como “possuído por Deus”, mas nestas coisas de etimologia quem sabe é a Charlotte.
Seja como for ele está aí, o entusiasmo, e a manter-se poderemos ir ainda mais longe. Oxalá.

2004-06-15

Blog de férias

Este blog parte para merecidas férias no Algarve esperando regressar cheio de força logo que encontre acesso à net, no máximo dentro de 1 mês ou talvez um pouco antes.

2004-06-13

O desaire com a Grécia

O meu raciocínio sobre esta importante questão nacional é o seguinte:
Portugal tem uma equipa medíocre, provam-no os sucessivos resultados em jogos amigáveis e oficiais de há cerca de 3 anos até aqui.
Isto apesar de ter, também indiscutivelmente, vários valores individuais.
Face a isto a perspectiva para este europeu é frágil, residindo toda a esperança em apenas dois aspectos.
1. A capacidade de Scolari, também indiscutível e de provas dadas, para nos poucos dias de treino conjunto construir uma equipa.
2. O apoio subtil da organização, através, sobretudo, dos árbitros para favorecer a equipa anfitriã, evitando a sua eliminação precoce e o consequente desastre financeiro.
Antes do primeiro jogo desconhecia o que Scolari tinha podido fazer e a escolha do galáctico incorruptível Colina era um péssimo presságio, foi uma infeliz opção da UEFA que confiou o resultado exclusivamente às equipas e ao seu jogo.
O trabalho de Scolari não funcionou e a mediocridade natural da equipa veio ao de cima, perdemos.
Vamos ver com a Rússia, estou confiante no sistema e apenas neste, Scolari já não tem tempo, resta-nos o trabalho do árbitro que tem que nos favorecer e merecemos carago, já fomos muitas vezes prejudicados por esse mesmo factor, isto no tempo em que jogávamos bem melhor e onde o Colina imparcial nos servia bem.

2004-06-12

Pane et circencis

Já chegou o circo, o pão dizem que vem dentro de momentos.

2004-06-11

Reflexões sobre um momento

Acabo de ver o noticiário da RTP da hora do almoço.
Assisto à reportagem sobre o “super bock super rock”.
Uma jornalista interroga uma adolescente sobre o concerto de Avril Lavigne.
A moça responde cantando:

- Don’t even try to tell me what to do; don’t even try to tell me what to say.

Assisto a esta declaração com “mixed feelings”: admiro essa adolescente por se sobrepor à jornalista, no seu minuto de fama, com a emoção proporcionada por essa mensagem sublime que lhe diz: “Sê tu própria”, a mesma mensagem de José Régio no seu Cântico Negro. No entanto, esta concreta mensagem, neste caso parte de Avril Lavigne, que, ao contrário de Régio não faz, nem dá nenhum passo que lhe não seja ditado. E receio que essa adolescente não compreenda a verdadeira dimensão do seu acto.
Nesse momento, telefona o Adriano dizendo que vai ao “Super bock Super Rock” porque a pressão dos seus amigos é muito grande.
Eu também sei que este evento está uns pontos acima do “Rock em Rio”, mas na realidade só uns míseros pequenos pontos.
Resumo assim esta minha reflexão: deixa estes macacos-deuses resolverem as suas próprias contradições, não me cabe a mim mais papel do que o de atirar algumas pequenas achas para a fogueira.

2004-06-09

Autocensura

Tinha para hoje um poste prontinho, sarcástico, mesmo jocoso, sobre as próxima eleições para o Parlamento Europeu onde arrasava, à minha maneira, todos os cabeças de lista.
A trágica morte de Sousa Franco impede-me de brincar e, falando sério, há apenas 2 cabeças de lista por quem nutro algum respeito: precisamente Sousa Franco e também Ilda Figueiredo.
Creio que são ou eram os únicos que levavam estas eleições a sério e que queriam ir para a Europa para , a seu modo, lutar por aquilo que acham mais justo.
Sousa Franco já lá não vai chegar mas fico com grata memória de ver que morreu a lutar até ao fim, ainda que numa luta inglória e inútil.

2004-06-08

O Trânsito de Vénus

Recebi, recentemente, por herança, um velho relógio pendular de sala.
Imagino-me um membro de uma comunidade de bactérias, mais ou menos, inteligentes, com um horizonte de vida de 5 minutos e que vivem no meu relógio.
Uma vez em cada geração o meu povo vai assistir a um fenómeno raro, vai ver o ponteiro de minutos cruzar sobre o traço que está assinalado no mostrador.
Há gerações infelizes que não vêm esse espectáculo, porque nasceram exactamente depois de um cruzamento e morreram exactamente antes do próximo. São gerações raras e notáveis mas vão lamentar essa peculiaridade.
E, dizem os sábios bacterianos que de 6 em 6 gerações alguns afortunados vão assistir a um espectáculo magnifico, uns trânsitos especiais onde se pode ouvir nesse exacto momento uma ou mais intensas badaladas, entre uma e doze dizem, eu não sei bem mas os cientistas do meu povo têm tudo registado.
Há registos históricos de bactérias afortunadas que ouviram 12 badaladas Isto só acontece de 144 em 144 gerações.
E ao longo do caminho do ponteiro dos minutos há vários riscos e pontos de desgaste no relógio (é um relógio já bastante antigo dos avós da minha mulher) que o ponteiro vai percorrer e que as bactérias se apreçam a ver se puderem e se estiverem no lugar certo do relógio.
Eu, neste relógio cósmico, não sendo astrónomo e não me preocupando com a medida da unidade astronómica que ainda tem um erro de cerca de 30 Km que talvez se anule agora, não quero saber do trânsito de Vénus, sei que para o ano, todos os anos, vão haver outros momentos raros, na verdade todos os momentos são raros e únicos porque nunca se repetem mais.
Ainda por cima o trânsito de Vénus nem sequer toca badaladas.

2004-06-06

Equívoco perigoso

O cidadão comum, os media e todos os intervenientes no espectáculo, vêm, cada vez mais, identificando democracia com eleições ou processo eleitoral. Consideram, sem discussão, mais legítimo o poder que deriva de eleições do que aquele que tem outras fundamentações.
Tem sido esta crença discutível e, como tal, permito-me aceitar facilmente quem assim pense, embora discorde.
Começo a preocupar-me quando assisto à sua elevação ao estatuto de dogma, tornando essa questão, precisamente, indiscutível.
Observam-se fortes sinais nesse sentido quando se vê um suposto professor, especialista em democracia, no programa do Jo no GNT afirmar que a antiga Grécia teve grande importância na construção da democracia ao inventar o sufrágio universal !?
Porque livros terá estudado o Sr. Professor ? em que vestígios históricos se terá fundamentado ? Porque de tudo o que vejo e leio, Atenas através de Sólon e principalmente de Clístenes deu, de facto, os primeiros passos na democracia, podemos mesmo dizer que inventou a democracia: o governo fundamentado no “demos” (povo), mas nunca se baseou no sufrágio e muito menos universal.
Atenas fundou uma Democracia Escravista, o “demos” (povo) não incluía mulheres nem a vasta população de escravos que trabalhavam para que o “demos” tivesse o necessário lazer par se dedicar à democracia, não era assim universal, nem por aproximação.Grande parte do trabalho de Sólon consistiu precisamente na tentativa de identificação do “demos” com todos os atenienses machos, limitando a escravatura a estrangeiros.
Na reforma de Clístenes, geralmente considerado como o inventor da democracia, os 500 membros do Conselho (mais ou menos o parlamento) eram sorteados entre todos os membros do “demos” com mais de 30 anos, logo, sufrágio, não havia.
Tinha ainda a “Ecclesia” (assembleia popular) onde todos os membros masculinos do “demos”, com mais de 20 anos participavam.
Portanto Clístenes fez um trabalho notabilíssimo mas não inventou nenhum sufrágio universal, antes pelo contrário, o seu sistema estava mais próximo daquilo a que se chama hoje democracia directa.
A essência do pensamento dos atenienses notáveis que conceberam a democracia, limitava-se à noção de que deve ser o povo a conduzir o seu próprio destino.
Seguindo os ensinamentos destes mestres deveremos compreender que, eleições são apenas um método, entre outros, para operacionalizar a democracia, nunca a sua fundamentação.

2004-06-04

Um poste essencial

Respigado de Bengelsdorf, letra por letra.

Opinião rara
As pessoas já não morrem, existem só as coisas que as matam. Isto não está certo e não me parece bem.
Vincent Bengelsdorf

2004-06-03

Nostalgia

Há dias, participei num excelente almoço, em casa de um amigo, e onde estava também um conhecido gestor da nossa praça, de seu nome Luís.
Em conversa informal, como é próprio destas reuniões sociais, falámos de Portugal e dos portugueses, da situação actual e da tão desejada retoma.
Disse o Luís, a certo ponto:
- Os portugueses, no fundo, no fundo, não querem crescer; na verdade quereriam voltar atrás 30 anos.
Todos nos rimos no momento, mas o que gostaria de ter respondido na altura e que no entanto não fiz, por não reconhecer naquele auditório a estrutura e a solidez mental que espero encontrar nos leitores deste blogue, foi o seguinte:
- não são 30 anos não, são antes 10 000.
Não sei dos portugueses no seu todo, mas sei de mim, e em verdade vos digo que penso que perdemos a inocência e o caminho há cerca de 10 000 anos.
Antes da invasão dos povos guerreiros inventores da roda e dos carros de combate e que para sempre acabaram com a nossa paz nas sociedades de parceria e de entreajuda de macacos deuses, que aqui, em Lisboa, como noutros lados de outros modos, vivíamos em união com o Tau, alimentando-nos de ostras e de outros bivalves que recolectávamos do Tejo.
Sinto, como muitos outros, uma imensa nostalgia desses gentis trogloditas.

2004-06-02

Começou a campanha

Como de costume começamos já a ler e ouvir muitos peritos analistas com as queixas habituais de que não há elevação, nem debate, que a campanha é pobre, feita de "faits divers" sem esclarecer ninguém.
Como sempre, eu interrogo-me sobre a análise destes analistas. Em que mundo viverão ?
Será que na sua atenta observação da realidade política não conseguiram ainda aperceber-se que ela não se rege por nenhuma ideia ?
Não viram ainda que a política é feita por um jogo de interesses, conversas de corredor, almoços e jantares de negócios, um coça-me as costas que eu coço as tuas ?
Querem debates de quê e sobre o quê ? Para se arriscarem a dizer uma coisa hoje e que, provavelmente, vão ter de desmentir amanhã ?
Debates de ideias ? Haja um pouco mais de rigor e olho mais vivo meus senhores.

2004-06-01

Portugal tem dois políticos

Que em nada são iguais
Mas não tenho a certeza
Qual dos dois detesto mais.
Refiro-me a Paulo e a Miguel Portas.
Que praga terá caído naquela família ?.