2007-03-21

O défice

Quando uma conhecida empresa portuguesa, no sector do vinho, foi adquirida por uma multinacional do sector, onde ainda está hoje, logo no primeiro ano, segundo as práticas da empresa mãe, foi obrigada a estabelecer objectivos quantitativos para o ano seguinte.
Passado esse ano a empresa constatou que tinha superado muito os objectivos previstos, as vendas terão quase duplicado relativamente às expectativas.
Muito à portuguesa, embandeirou em arco, ficou felicíssima e foi com enorme espanto que recebeu um “puxão de orelhas” da empresa mãe. Os objectivos são para serem cumpridos disseram-lhes, um aumento desse calibre só pode significar um péssimo planeamento ou o uso indevido de recursos desnecessários. Em resumo: má gestão.
Ocorreu-me esta história, que foi estudada como um estudo de caso durante o meu mestrado, ao ver a espantosa queda do défice registada em 2006 em Portugal.
Passar num ano dos mais de 6% para os 4,6% era já um esforço colossal, baixar ainda mais do que isto para os 3,9% é apenas um indicador da brutalidade da política de desmantelamento das estruturas do Estado e de desinvestimento deste Governo.
Ainda ficaria contente se sentíssemos que o esforço iria desanuviar mas o PRACE ainda nem começou e por este andar vamos chegar para o ano ao 1%, embora a esperteza saloia do Governo ainda pretenda fixar as suas previsões acima dos 3%.
O Governo vai ficar feliz e nós depauperados desprotegidos e meios mortos.

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