2008-12-31

Mais um dos grandes poemas do século XX

Trecho do “Llanto por Ignacio Sánchez Mejias” de Frederico Garcia Lorca, grande poeta Andaluz, dos anos de oiro do século XX, que uma vez disse com muita razão:

“A tourada é o espectáculo mais culto do mundo”

Sobre a tradução de um outro trecho deste mesmo poema, ouvi certa vez Vasco Graça Moura ilustrar as dificuldades da tradução com o simples facto de, em castelhano, a palavra “sangre” ser do género feminino enquanto que em português “sangue” tão semelhante, porém é do género masculino.

Deixo assim o poema na língua original, o castelhano, dado que é, mais ou menos, compreensível para nós, de língua portuguesa, além disso quaisquer dúvidas em determinadas palavras poderão ser facilmente esclarecidas, por quem esteja mais interessado em o fazer.

La cogida y la muerte

A las cinco de la tarde.

Eran las cinco en punto de la tarde.

Un niño trajo la blanca sábana
a las cinco de la tarde.

Una espuerta de cal ya prevenida
a las cinco de la tarde.

Lo demás era muerte y sólo muerte
a las cinco de la tarde.

El viento se llevó los algodones
a las cinco de la tarde.

Y el óxido sembró cristal y níquel
a las cinco de la tarde.

Ya luchan la paloma y el leopardo
a las cinco de la tarde.

Y un muslo con un asta desolada
a las cinco de la tarde.

Comenzaron los sones del bordón
a las cinco de la tarde.

Las campanas de arsénico y el humo
a las cinco de la tarde.

En las esquinas grupos de silencio
a las cinco de la tarde.

¡Y el toro, solo corazón arriba!
a las cinco de la tarde.

Cuando el sudor de nieve fue llegando
a las cinco de la tarde,

cuando la plaza se cubrió de yodo
a las cinco de la tarde,

la muerte puso huevos en la herida
a las cinco de la tarde.

A las cinco de la tarde.
A las cinco en punto de la tarde.

Un ataúd con ruedas es la cama
a las cinco de la tarde.

Huesos y flautas suenan en su oído
a las cinco de la tarde.

El toro ya mugía por su frente
a las cinco de la tarde.

El cuarto se irisaba de agonía
a las cinco de la tarde.

A lo lejos ya viene la gangrena
a las cinco de la tarde.

Trompa de lirio por las verdes ingles
a las cinco de la tarde.

Las heridas quemaban como soles
a las cinco de la tarde,

y el gentío rompía las ventanas
a las cinco de la tarde.

A las cinco de la tarde.

¡Ay qué terribles cinco de la tarde!
¡Eran las cinco en todos los relojes!
¡Eran las cinco en sombra de la tarde!

2008-12-30

O ataque a Gaza

O conflito Israelo-palestiniano é demasiado complexo para que eu tente aqui uma análise.
Contudo há uma expressão que traduz exactamente este comportamento de Israel, independentemente de todas as razões que se possam evocar para um ou outro lado do conflito. Essa expressão é:

Desproporcionado

Assim não se chega a lado nenhum.

A esperança estará apenas na tomada de consciência, como a que estes jovens Israelitas parecem apresentar.

2008-12-29

Eu gosto de touradas

O Sr. Presidente da Câmara de Viana do Castelo, proibiu a realização de touradas no seu Concelho, terminando assim a realização da, praticamente, única tourada anual que se fazia em Viana no final das festas da Sra. da Agonia.
Por este facto o Sr. Presidente da Câmara recebeu elogios de todo o mundo sendo a decisão, como diz, mais apoiada que tomou.
Eu fiquei triste com este conformismo do Sr. Presidente ao pensamento único e à análise daqueles activistas que não têm ideia ou têm uma ideia errada do que é uma tourada.
Nas touradas respeita-se a natureza do touro, ninguém o prende e o tortura, ninguém o agride sem que ele próprio invista para agredir o homem, luta-se com ele num bailado belo e telúrico que inspirou homens de todo o mundo e gerou a produção de obras artísticas de enorme beleza e significado.
Argumenta-se contra dizendo que é uma luta desigual, dado que em 99% dos casos é o homem que ganha. Nada mais falso, a esses digo eu, “vão então tourear para ver se sobrevivem com essas vantagens todas que o homem tem”.
Numa luta daquela natureza e com qualquer homem o touro mataria o homem 90% das vezes, só não o faz por que a luta é com toureiros, que se treinam e preparam uma vida para esse combate.
Quanto à crueldade essa vejo-a eu quando se actua contra a natureza do animal apenas para que o homem desfrute, como se faz quando se prende um pássaro numa gaiola, quando se capam os gatos, para que não nos incomodem, quando se mantém um cão fechado num apartamento, quando se manipula geneticamente um cão de raça, fomentando o “inbreeding”, o incesto, anti natural, até à deformação e disfunção da espécie causando ao animal um insuportável sofrimento em nome da beleza e dos prémios em concursos.
Vivam as touradas todas, a tradicional, a à capea, como se faz na Beira Baixa, a à corda como se faz na ilha terceira e morra a crueldade gratuita contra os animais.

2008-12-27

Um grito desesperado

Agnus Dei
Qui tollis peccata mundi
Dona nobis pacem


Está em latim mas não traduzo, porque creio que todos compreenderão.
É um grito desesperado pela paz que todas as gerações têm proferido mas que ainda não foi ouvido.
Talvez porque não seja o Cordeiro de Deus que tenha de nos salvar.

Apenas nós mesmos.

Das inúmeras versões que existem deste grito, deixo aqui 3 das mais belas ou das que eu gosto mais.

Rufus Wainright



Vivaldi



Bach

2008-12-24

A qualidade dos especialistas

Há tempos li uma referência a um estudo que teria descoberto que a qualidade das previsões políticas e económicas tinha igual fiabilidade quer estas fossem feitas por um painel de especialistas ou por um outro painel de cidadãos comuns.
Um outro estudo, esse que eu pude ler, analisou as grandes inovações tecnológicas na agricultura e verificou que as mais significativas não foram concebidas pelos grandes centros de investigação nem pelas melhores universidades mas sim por agricultores para resolverem problemas que sentiam, ainda que muitos deles fossem quase analfabetos.
É evidente que tudo isto pode ser contestado.
No primeiro caso, talvez o cidadão comum se limite a replicar aquilo que ouve dos especialistas e no segundo, uma mera questão estatística esperará que havendo tantos agricultores no mundo a fazerem as coisas à sua maneira e não se reportando os múltiplos casos de insucesso, talvez por mero acaso, os “brake troughs” surjam e vinguem.
Seria interessante fazer mais estudos deste tipo onde se controle outro tipo de variáveis mas questão da credibilidade dos especialistas parece-me que pode ser legitimamente posta em causa,

O que é certo é que todos vimos, há alguns meses, as maiores sumidades no ofício previrem um preço do petróleo, neste virar de 2008 para 2009, para cima dos 300 dólares, quando na realidade ele está de facto abaixo dos 40 dólares.
Essa é que é essa.
É como uma bola saltitante, é fácil prever que vai cair quando está a cair e é fácil prever que vai subir quando está a subir, e a física permite até saber os momentos exactos da viragem mas a economia está longe de ser uma ciência exacta como a física.

2008-12-23

De novo em casa

A cirurgia foi consumada.
Foram dias passados num ambiente estranho e pouco humanizado: um hospital.
Houve uma enfermeira de voz doce, outras de voz amarga.
Já na marquesa da operação, por baixo do projector, ouvindo a “máquina que faz plim” ouço uma pergunta estranha: “coagulante?”, depois uma ordem: “tem que ser geral” e uma máscara que me apertava as narinas.
Conclusão “não respira bem, não pode ser anestesiado, fica para amanhã”.
E assim foi, regresso à enfermaria para mais um dia morno e ansioso.
Depois tudo se repetiu mas agora sem mais questões. Uma injecção na espinha e, da cintura para baixo, desapareço, embora pudesse ver os meus dedos do pé mexerem, dando-me esperança.
A cirurgia, em si, foi agradável, como uma massagem por dentro.
Porém, horas depois, ainda apalpava o meu corpo sentindo um naco de carne, como a do talho.
Mas por fim veio o recobro, já fora do hospital, frente a uma lareira acesa, ora sentado, ora recostado, ora deitado sobre um escano, acolchoado por um fino colchão e uma manta.
O fogo da lareira é assim, desperta-nos todos os sentidos, emite luz e calor, crepita, cheira a aconchego e permite assar carne ou umas alheiras, como eu fiz.
Os restos, o lixo, as pontas de cigarro, são atirados displicentemente para serem também consumidos, tornando-se úteis.
Olhando o fogo, pensei como ele me parecia uma alegoria da vida: cheio de brilho e de calor, consumindo tudo, sempre tudo, tal como o ventre de Mollock, até se extinguir irremediavelmente, logo que se acabe a lenha e o lixo que o alimenta.
Só restaram as cinzas e eu, voltei.

2008-12-10

A dimensão humana

Um dos efeitos nefastos da chamada globalização é o da humanidade que nos é roubada.
Na sociedade global somos apenas números, estatísticas, vivemos, trabalhamos, comemos, adoecemos em percentagens. Pertencemos ao n porcento que mora em tal parte, ao m porcento dos que vêm tal programa de TV, l porcento dos que têm determinada doença crónica, e assim por aí fora.
O nosso contacto com os senhores do castelo ou com os seus agentes (os senhores do castelo são invisíveis e surdos e mudos) estabelece-se a partir de um número, de cliente, de beneficiário, de contribuinte, de identificação, de código ou outro, mas sempre um número, os nomes são praticamente irrelevantes nas relações com o “sistema”.
Mas o “sistema” é fantástico: ao ter um problema com o meu GPS, contacto um número telefónico que me liga à Holanda e onde me atende uma simpática menina brasileira, trocamos e-mails, o problema persiste, mas já tenho uma pista sobre o passo a dar a seguir, embora saiba que isso me irá fazer perder mais tempo e dinheiro.
É o admirável mundo novo!
Depois há o outro lado, o dos meus próximos e aí felizmente permaneço eu.
Ontem fui levar uma familiar à estação do comboio do Pragal e do alto da plataforma vi instalada uma daquelas “feiras do livro” que em boa hora decidiram ocupar temporariamente estações de comboio e de metropolitano. Desenhei os meus passos seguintes: após a saída do comboio que levou o meu familiar, decidi ir perder-me entre aqueles livros de venda difícil, onde tenho encontrado pérolas por pouco dinheiro.
Desci então para a “feira” coberta de paredes de plástico transparente e onde podia ver vários montes de livros. Lá estavam “O Processo” de Kafka, “O Livro do Desassossego” de Pessoa, e milhares de outros, só que não podia entrar, as portas estavam fechadas, e onde há poucos minutos tinha visto alguma agitação agora só via os livros, inacessíveis para mim.
Comecei a ficar irritado, li um letreiro com um horário e não havia dúvidas, àquele horário, cerca das 3h da tarde deveria estar aberto, fico mesmo irado procurando em volta um responsável, até que distingo, junto à porta, uma pequena cartolina manuscrita com os seguintes dizeres:
“Volto Já – Almoço”.
A humanidade daquela simples mensagem, venceu completamente a minha ira..
Que diabo, todos devemos almoçar, de facto!
Saí já bem disposto pensando simplesmente: “não tem importância, fica para outra vez!”

2008-12-08

A relevância da relevância

No tempo histórico actual, complexo, denso de informação que jorra a rodos, de todo o lugar, onde tudo é medido com o mesmo peso, a mesma importância, o mesmo estatuto espectacular, seja a notícia de uma nova cria de golfinho nascida no zoomarine, a neve que cai no Marão, o assalto “terrorista” em Bombaim, o frio que faz, o aquecimento global que fará, a eleição nos EUA, os acidentes que se verificaram hoje na A24, o debate no parlamento, a nova “gaffe”, ou talvez não, de Manuela Ferreira Leite, tudo debatido e escalpelizado por especialistas reputados, coloca na ordem do dia a questão da relevância.
Uma magna questão.
O que é de facto relevante?
Um grande professor que tive, chamado John O´Shaugnessy, dizia que o sentido da relevância não se ensina, adquire-se com a experiência, é o que faz um médico experiente distinguir entre uma miríade de sintomas que lhe possamos descrever o que é que realmente conta e indicia uma doença ou um velho mecânico de automóveis (raça em extinção) distingue entre um chiado irritante do carro que nos assusta mas que não tem importância, um suave, grunhido que, esse sim, impõe uma cirurgia urgente no carburador do carro.
E é assim que não conseguimos ver claro no complexo de informação que nos chega.

Entre os muitos exemplos que poderia dar, falo agora dos 10 anos da célebre decisão de Guterres de não construir uma barragem em Foz Côa para salvar as gravuras milenares, consideradas pela Unesco como de grande importância mundial.
Todavia, gravuras que avós nossos terão desenhado nas rochas há 10 000 anos, são para o mundo de hoje, para os media, apenas fontes possíveis de dinheiro.
Ele é o museu, os espectáculos de luz e som, os imaginários milhões de visitantes a pagar bilhetes e a comprar lembranças, é para isso que, para os media, servem as gravuras, foi para isso que visionários nossos antepassados capitalistas as desenharam há 10 000 anos.
Mas como, passados 10 anos esse novo quadro ainda não existe, e os sonhados euros ainda não correm, já questionam a decisão de Guterres:
Assim, mais valia construir a barragem, as gravuras que se lixem, dizem.

Eu, já visitei algumas dessas gravuras, deslocando-me num jipe desconfortável e suportando um calor de 50 graus. A impressão que me causaram, jamais a esquecerei, senti-me ligado a esses meus antepassados de há 10 000 anos, que buscavam a caça, para sobreviverem, com o mesmo afinco que os de agora buscam os Euros e terão desenhado essa caça para mobilizar forças ocultas que os ajudassem a encontrá-la ou talvez simplesmente para as contemplar e sentir o poder da criação artística.
Sinto-me feliz por saber que essa marca ainda ali permanece após tantos milénios.
Para mim é óbvio que o museu, os turistas, o dinheiro que não se gerou em 10 anos é completamente irrelevante no contexto dos 10 000 anos destas gravuras.

2008-12-06

Efeitos da LIBERDADE

Este novo estado de liberdade que a aposentação me concedeu está a transformar-me deveras.
Nunca estive tão activo, posso dizer, fazer, o que verdadeiramente me apetece ou quase.
Das máscaras sociais que temos de usar diariamente, várias nas diferentes rotinas pessoais, três no trabalho, uma para os chefes, esta com diferentes adereços conforme o grau de poder do interlocutor, outra para os colegas, outra ainda neutra para estranhos, pude livrar-me de quase todas, só me resta aquela que me está colada à cara.
E, mais estranho do que tudo, estão-me a crescer asas e sinto mesmo no meio das costas uma pequena bossa, que se desenvolve, e que me parece vir a ser um potente reactor que me projectará no espaço.
Estou atento, como sempre e, nos intervalos das minhas viagens espaciais vou voltando aqui, para vos contar o que vir do mundo deste ponto de vista sideral.
Nunca estive tão lúcido.

2008-11-28

A esperança do Governo

Já que, há anos que Portugal não consegue agarrar a Europa, crescendo mais do que a média dos seus membros, Sócrates tem agora esperança que vindo mais depressa do que nós, a Europa nos agarre de marcha-atrás.
É uma boa maneira de olhar para a depressão.

2008-11-25

Noções essenciais

O sentimento do ciúme, ao contrário do que muitas vezes se pensa erroniamente, não deriva do amor.
O sentimento do ciúme fundamenta-se, exclusivamente, no sentido da posse.

2008-11-24

Elogio à preguiça

aqui, falei de Juvenal Antunes e deixei a hipótese de publicar um dia o, talvez, seu mais famoso poema “Elogio da preguiça”
Aqui fica, hoje, dia em que este poema se identifica mais com o meu estado de espírito.

ELOGIO DA PREGUIÇA
(A mim mesmo)

Bendita sejas tu, Preguiça amada,
Que não consentes que eu me ocupe em nada!

Mas, queiras tu, Preguiça, ou tu não queiras,
Hei de dizer, em versos, quatro asneiras.

Não permuto por toda a humana ciência
Esta minha honestíssima indolência.

Lá está, na Bíblia, esta doutrina sã:
Não te importes com o dia de amanhã.

Para mim, já é um grande sacrifício
Ter de engolir o bolo alimentício.

Ó sábios, dai à luz um novo invento:
Para mim, já é um grande sacrifício

Todo trabalho humano em que se encerra?
Em, na paz, preparar a luta, a guerra!

Dos tratados, e leis, e ordenações,
Zomba a jurisprudência dos canhões!

Plantas a terra, lavrador? Trabalhas
Para atiçar o fogo das batalhas...

Cresce teu filho? É belo? É forte?
É louro?Mais uma rês votada ao matadouro!...

Pois, se assim é, se os homens são chacais,
Se preferem a guerra à doce paz,

Que arda, depressa, a colossal fogueira
E morra, assada, a humanidade inteira!

Não seria melhor que toda gente,
Em vez de trabalhar, fosse indolente?

Não seria melhor viver à sorte,
Se o fim de tudo é sempre o nada, a morte?

Queres riquezas, glórias e poder?...
Para quê, se, amanhã, tem de morrer?

Qual o mais feliz? – o mísero sendeiro,
Sob o chicote e as pragas do cocheiro,

Ou seus antepassados que, selvagens,
Viviam, livremente, nas pastagens?

Do trabalho por serem tão amigas,
Não sei se são felizes as formigas!

Talvez o sejam mais, vivendo em larvas,
As preguiçosas, pálidas cigarras!

Ó Laura, tu te queixas que eu, farsista,
Ontem faltei, à hora da entrevista,

E que, ingrato, volúvel e traidor,
Troquei o teu amor – por outro amor...

Ou que, receando a fúria marital,
Não quis pular o muro do quintal.

Que me não faças mais essa injustiça!...
Se ontem, não fui te ver – foi por preguiça.

Mas, Juvenal, estás a trabalhar!
Larga a caneta e vai dormir... sonhar...

Juvenal Antunes
(Poeta do Acre)

2008-11-22

Análise política

1 Manuela Ferreira Leite
Depois do silêncio a verborreia.
Manuela teve nas suas recentes alocuções um rácio de (falta-me o termo) talvez asneiras que entretiveram os comentadores do espectáculo.
Todas elas diferentes mas todas elas demonstrativas de que a sua melhor “performance” é o silêncio. Vejamos:
A generalidade são simples expressões mal fundamentadas, facilmente retiráveis do contexto e que fazem o gáudio dos jornalistas.
È neste rol que eu coloco a sua referência à suspensão, de 6 meses, da democracia, a declaração de que o aumento do salário mínimo roça a irresponsabilidade, de que as obras públicas só promovem o emprego de Cabo Verde e da Ucrânia e de que não deviam ser os jornalistas a definir as opções editoriais (com esta até concordo, na realidade deveria ser Eu).
Mas a mais grave, porque não traduz uma simples inabilidade para lidar com os media, foi a de que tinha propostas de medidas boas para o país mas que não as dizia para que o Primeiro-ministro as não copiasse e pusesse em prática!
Ou seja, ela até tem uma solução para os problemas que nos afectam mas receia que essas soluções sejam postas em prática, tirando-lhe o brilho.
Está certo, Manuela Ferreira Leite, primeiro e depois o país, se não for ela a fazê-las, o país que se lixe.
Não há dúvidas que temos uma oposição ao nível.

2. Dias Loureiro
Quem fala verdade?
Não sei mas em termos de verosimilhança as coisas parecem-me claras.
Dias Loureiro diz que pediu uma audiência com António Marta, do Banco de Portugal, para lhe dizer qualquer coisa (não ponho as palavras exactas porque elas evoluíram ao longo do dia) como o seguinte:
- Eu não tenho nenhuma prova nem sequer nenhuma suspeita mas parecia-me bem que o Banco de Portugal investigasse, um pouco mais o que se passa com o BPN.
António Marta é mais claro e diz:
- Dias Loureiro ou está confuso ou mente, o que ele me falou foi a questionar o banco de Portugal porque estava demasiado atento ao BPN.
Ouvindo os dois, sem mais informações, para mim, António Marta parece-me bem mais verosímil.

2008-11-18

A Sociedade Global

Se repararem na minha crónica sobre os Nirvana que está aqui em baixo e se clicarem no filme do You tube, vão ler “We’re sorry this vídeo is no longer available”, em português qualquer coisa como isto “Lamentamos mas este vídeo já não está disponível”.

Este facto, por si só, é um motivo de reflexão.

Eu: Porra! Eu não pedi nada ao “You Tube”, foi ele que se ofereceu e que me diz “podes pôr isto no teu blogue ou onde quiseres” e depois, dá o dito por não dito e tiram-me o tapete, quero dizer o vídeo. È uma grande sacanice seus “talibans” iconoclastas.

You tube: O estimado utilizador não me pagou nada, prestei-lhe um serviço momentâneo e ainda se põe com exigências?

Eu: Mas você estragou-me o post e nem me avisou. Se queria dinheiro tivesse me dito.
Para a próxima roubo-lhe o vídeo, o que posso fazer facilmente com um programa que comprei, penso que legal porque o paguei. Só fico é com o problema de um servidor que o arquive depois, mas talvez o “blogspot” me conceda isso.
Estou tentado a pedir uma indemnização, de milhões, mas arranjar um advogado que pegue nisto sai tão caro!

2008-11-17

Reflexões sobre a avaliação dos professores

Agora que está na opinião pública o problema da avaliação dos professores, sugiro a quem me lê que reflicta neste tema.
Qual será o bom professor?
Quem já sabe daquela minha dificuldade em discernir o bom do mau, excepto naquilo que é bom ou mau para mim, porque isso, eu sei ou vou sabendo, compreenderá que avaliar, professores ou o que seja, não será nunca uma tarefa fácil.
Por exemplo, eu como funcionário, já tenho sido excelente, muito bom e bom, e note-se que na função pública o bom está próximo do medíocre, mas quando olho para mim, vejo-me sempre igual, sou apenas eu, sempre eu.
O que muda então? A resposta é simples: a situação e o avaliador.
Com o mesmo direito com que eles me avaliam posso eu dizer que tenho tido avaliadores excelentes, muito bons ou bons e, esses bons, como aqui não preciso de ter pruridos, direi mesmo medíocres, maus e péssimos.
Em princípio, cada um de nós é a medida de todas as coisas.
Para sairmos deste ciclo sem virtude, só vejo uma saída, só poderemos avaliar alguém face a um objectivo concreto, por exemplo, em termos de física das partículas, dou-me uma nota de medíocre menos e, apenas não de mau porque sei existem muitos piores do que eu mas, em termos de desenvolvimento rural e até de avaliação de programas e projectos, avalio-me como, muito bom.

Voltando aos professores e aplicando este princípio, concluiremos que qualquer avaliação só permite avaliar os professore face à sua função de ensinar os jovens.
Mas aqui se levanta outra questão que não está também bem resolvida.
Em que consiste ensinar bem os jovens?
Criar autómatos bons repetidores de ciência?
Criar bons cidadãos, responsáveis?
Criar homens e mulheres bem socializados, bem inseridos na sociedade?
Criar especialistas competentes?

Talvez seja mais simples e útil avaliar quem faz passar melhor a mensagem do programa curricular de cada dia, transmitindo igualmente a noção de que tudo não é mais do que a simples passagem curricular de cada dia.

2008-11-15

Um indicador de civilização

Definir a civilização não é tarefa fácil.
Há muitos cérebros a queimar neurónios para encontrar um número que permita traduzir esse conceito.
Já tenho lido que um bom indicador poderá ser o da “energia consumida per capita” e a correlação parece boa: quanto mais modernos e civilizados mais energia consumimos. Mas levantam-se problemas operacionais, como se mede essa energia? A electricidade mais a gasolina e o gás consumidos? Darão talvez uma boa aproximação mas não sei se é perfeito, ultimamente a civilização tem evoluído para sistemas de poupança de energia e, nesse caso a curva tem um pico e decrescerá depois, quando nos civilizarmos ainda mais.
Face a esta dificuldade deixo aqui uma nova linha de investigação à comunidade científica:
Lixo produzido per capita.
Numa primeira aproximação parece-me um excelente indicador, quanto mais civilizados mais “merda”, produzimos.
E esta lei afigura-se-me inexorável.

2008-11-13

O que o Ministério da Educação pensa

1. É preciso facilitar a vida aos alunos para que todos, por igual, possam progredir.
2. É preciso dificultar a vida aos professores e avaliar para que os maus sejam expurgados do sistema e apenas fiquem os bons.

O que o Ministério esquece é que está assim a formar, nos alunos, apenas aqueles futuros professores que abomina!

80% de professores na rua, não chega.
Ovos partidos nos carros do Secretário de Estado, não chegam.
Que mais será preciso fazer para que o Ministério veja a evidência?

2008-11-09

Bem prega Frei Tomás …

Em resposta à impressionante manifestação dos professores, Sócrates apela à honra dos sindicatos.
Ouviram bem? À honra dos sindicatos!
Eh Eh Eh !

2008-11-04

Eleições nos EUA

Pela primeira vez, posso dizer, que simpatizo com os dois candidatos elegíveis.
Com Obama, pelo seu sonho, pela sua determinação, pela sua combatividade e pela sua inexperiência, que pode conduzi-lo à inovação criadora.
Com McCain pelo seu bom senso, pela sua coragem pela sua combatividade e pela sua experiência que pode conduzi-lo à lucidez.
De uma maneira ou de outra tenho a convicção que os EUA ficarão melhor liderados e o mundo mais seguro.

2008-11-03

O BPN faz evoluir o português

Antigamente, as transacções económicas chamavam-se tratos, daí o ainda usado termo contrato, e quem as praticava era chamado tratante.
Com o tempo os tratantes deram mau nome à sua profissão ao ponto de transformarem o seu nome num insulto: Dizer “você é um tratante!” já não é nada simpático para ninguém.
Para fugir a isto passamos a chamar negócios aos tratos, e a quem os pratica demos o nome de negociante.
Mas o problema persiste, há qualquer coisa na actividade económica que o português comum despreza e a palavra negociante começou também a desvalorizar-se.
Há as negociatas, nada transparentes, e chamar a alguém negociante já sugere algumas reservas.
O Banco Português de Negócios (BPN) acaba de dar mais uma machadada na credibilidade da palavra negócio, são uns verdadeiros tratantes estes negociantes.
Já vamos ficando sem palavras para designar as transacções honestas, se é que existem.
Creio que é por isso que temos que ir, nesta área, pedindo palavras emprestadas ao Inglês.
Enfim é tudo “Business, as usual”

2008-10-28

Isto de estar reformado dá muito trabalho

Agora que eu pensava que ia ter tempo de sobra para encher o blog de novas “bocas” foi puro engano, afinal ando mais ocupado do que nunca.
Espero sinceramente que seja apenas uma fase passageira e que nunca volte a ter saudades do “dolce far niente” do meu trabalho diário.

2008-10-22

Nova vida

De há uns dias para cá que tenho andado ocupado naqueles pequenos mas importantes afazeres que me permitam levar os anos que me restam da melhor maneira possível.
Reformei-me da função pública, há novas rotinas a construir, não é o fim nem o princípio, é apenas uma nova etapa.
Para todos os que profissionalmente conviveram comigo ao longo dos anos escrevi uma carta que já enviei para todos os e-mail que consegui encontrar e continuarei a fazê-lo, mas sei que não vai chegar a toda a gente que eu queria.
Deixo então a carta aqui para que chegue também a alguns colegas e amigos que por vezes consultam este blogue e dos quais eu já perdi o contacto.

Caros colegas e amigos

Escrevo para vos dizer que atingi aquele estatuto que me coloca mais próximo do “sonho português”, a vida gratuita.
Pois é, o Estado concedeu-me agora a pensão definitiva de aposentação.
Acabou ! terminaram 36 anos de convivência, na prosperidade e na pobreza, na saúde e na doença, por entre tempestades e calmarias que me trouxeram prazeres e dores, mais prazeres do que dores, felizmente, e que eu recordo já com saudade.
Tudo começou na Missão de Extensão Rural de Angola, nos serviços mais bem organizados onde alguma vez trabalhei e onde me senti a contribuir para uma obra e onde uma obra se começou a fazer em mim, aprendi muito lá.
Depois vieram os anos do “PREC” e da reforma agrária que me ensinaram também muito, mais sobre a história e a condição humana, visto que me permitiram viver um período único e dificilmente repetível.
Vieram então os anos de formação profissional, onde pude conhecer grande parte dos técnicos do Ministério, corri todo o país, e onde um pequeno grupo de técnicos entre os quais eu, iniciámos as acções de formação em gestão para dirigentes cooperativos, acção inovadora no momento, com um grande impacto e enorme sucesso.
Uns anos se seguiram em Trá-os-Montes, aí como dirigente, anos que me deram oportunidade de contribuir ou, pelo menos, não empatar demasiado o que foi um período de ouro do seu desenvolvimento.
Por fim o LEADER, o programa mais belo e utópico que a Comissão Europeia concebeu.
Aprendi imenso aí também e, sinto orgulho de ter levado a missão a bom porto, sem cair na facilidade de desistir do sonho e deixar o tempo e a “realidade” fazer o inevitável: Pôr a utopia no seu lugar que é nenhum.
Por todos estes lados fiz amigos, muitíssimos, e alguns inimigos também, mas estes poucos.
Nesta vida em comum sinto que dei mais ao Estado do que do que ele me deu a mim, mas não tenho ressentimentos, fui recompensado de muitas outras maneiras, cresci bastante.
Estava disposto a continuar, não fosse o Estado se ter cansado de mim.
Aceitei o divórcio por mútuo acordo.
Começo uma nova vida.
A todos que tanto me ajudaram e me ensinaram, o meu muito obrigado e, podem ter a certeza de que não me esqueço de ninguém, nem mesmo dos que já não estão presentes na minha memória.
Continuarei sempre à disposição.
Até sempre.
Nuno Jordão

2008-10-15

Ainda a crise financeira

Eu sei que depois da intensa campanha de informação que eu tenho proporcionado neste blogue a este respeito, julgo que já ninguém terá dúvidas sobre a natureza do problema.

Deixo aqui mais um esclarecimento que, infelizmente, está só em inglês e sem legendas.
Com as minhas desculpas a quem tem, talvez a felicidade, de não entender o Inglês deixo aqui para os outros a mesma explicação, só que agora em Inglês que nestas questões financeiras soa sempre melhor.
Vejam atentamente até ao fim.

2008-10-12

A crise financeira 2

Como bem me lembrou o Adriano, hoje vemos nos telejornais e em quem devia ter vergonha, falar da actual crise financeira mundial usando uma linguagem mais forte do que a que estávamos habituados a ver em literatura anarquista de circulação limitada.
Termos como casino, produtos tóxicos, realidade virtual, para designar a actividade financeira entraram finalmente no “main stream”, espero que não sejam só palavras mas que conduzam a alguma meditação.
Para continuar a chamar os bois pelos nomes, deixo-vos aqui a versão de Chico Buarque, já escrita há anos:

O malandro/Na dureza
Senta à mesa/Do café
Bebe um gole/De cachaça
Acha graça/E dá no pé

O garçom/No prejuízo
Sem sorriso/Sem freguês
De passagem/Pela caixa
Dá uma baixa/No português

O galego/Acha estranho
Que o seu ganho/Tá um horror
Pega o lápis/Soma os canos
Passa os danos/Pro distribuidor

Mas o frete/Vê que ao todo
Há engodo/Nos papéis
E pra cima/Do alambique
Dá um trambique/De cem mil réis

O usineiro/Nessa luta
Grita(ponte que partiu)
Não é idiota/Trunca a nota
Lesa o Banco/Do Brasil

Nosso banco/Tá cotado
'Tá cotado
No mercado/Exterior
Então taxa/A cachaça
A um preço/Assutador

Mas os ianques/Com seus tanques
Têm bem mais o/Que fazer
E proíbem/Os soldados
Aliados/De beber

A cachaça/Tá parada
Rejeitada/No barril
O alambique/Tem chilique
Contra o Banco/Do Brasil

O usineiro/Faz barulho
Com orgulho/De produtor
Mas a sua/Raiva cega
Descarrega/No carregador

Este chega/Pro galego
Nega arrego/Cobra mais
A cachaça/Tá de graça
Mas o frete/Como é que faz?

O galego/Tá apertado
Pro seu lado/Não tá bom
Então deixa/Congelada
A mesada/Do garçom

O garçom vê/Um malandro
Sai gritando/Pega ladrão
E o malandro/Autuado
É julgado e condenado culpado
Pela situação

2008-10-10

A Euribor lá cedeu

Parece que foi de propósito.
Mal acabei de publicar a minha crónica anterior a Euribor desceu um pouco a sua taxa.Apesar de ser um passo no bom caminho, eu continuo atento.

Falta de confiança ou golpada ?

O sistema é concebido assim:
O Banco central Europeu determina a taxa de juros de referência ou seja a taxa de juros que cobra à banca pelos empréstimos que faz.
Os Bancos naturalmente não se financiam todos e sempre no Banco Central, até porque há limites ao crédito que este fornece, mas antes uns com os outros a taxas negociadas entre si mas que, como é evidente, se forem muito acima das do Banco Central , lhes permite sempre dizer: “a essa taxa exagerada não quero vou antes ao Banco Central à taxa de referência” É assim como eu que tomo uma bica a 55 cêntimos no café à frente de casa mas não a tomaria se me cobrassem 1Euro porque dando mais uns passos a encontraria a 50 cêntimos.
A partir da média das taxas utilizadas em empréstimos interbancários, através de um algoritmo de cálculo, determinam-se as taxas Euribor que são a base utilizada pelos Bancos nos empréstimos aos seus clientes. Euribor mais um pouco, naturalmente, a que se chama “spread"
Esta é a lógica do sistema, naturalmente a Euribor deve ser ligeiramente superior à taxa de referência do Banco Central e a taxa real que nós clientes pagamos ligeiramente superior à Euribor.
Mas não é nada disto que se está a passar. Por falta de confiança dizem.
Ora uma gestão “chico-esperta” dos bancos o que é que pensa ?
“O melhor é eu financiar-me a uma taxa de referência, baixa, e emprestar a uma Euribor alta e mais “spread”, assim é que eu ganho bem”
Como se pode fazer isto ?
Financiando-me no Banco Central à taxa de referência (que é o que os analistas dizem que se está a passar dominantemente) e fazendo uns empréstimos “fantoches” entre bancos a uma taxa elevada para manipular o tal algoritmo de cálculo e fazer subir a taxa Euribor.
Não sei se é isto que se passa mas suspeito bem que sim, tanto mais que o Banco Central (certamente porque também desconfia que isto se está a passar) baixou os juros de referência e retirou ontem todos os limites que tinha aos créditos que concede, facilitando ainda mais o acesso dos Bancos, mas mesmo assim a Euribor subiu !
Falta de confiança dizem especialistas, a mim parece-me é que é confiança a mais.

2008-10-08

A crise financeira

Uma história exemplar

Há dias que dormia com dificuldade, devia 1000 Euros ao meu vizinho Baptista, que todos os dias me interpelava na escada:
“Então vizinho quando me paga os mil Euros? Sabe que eu também tenho os meus compromissos, preciso desse dinheiro para pagar ao meu primo Valdemar os mil Euros que ele me emprestou.”
Eu respondia-lhe já com a convicção de ser uma desculpa esfarrapada:
“Desculpe-me lá vizinho Baptista, o que tenho mal dá para viver mas não tarda nada a minha amiga Adelaide vai-me pagar 1000 Euros que me está devendo e assim que os receber vão logo para si”
Era isto, só que Adelaide se queixava do Valdemar que lhe devia 1000 Euros há um rôr de tempo e assim como é que ela me pagava ?
E assim fomos vivendo em sobressalto com discussões diárias, desculpas sem nexo e noites mal dormidas.
E quando ia assim, pensando nos meus problemas, sem saber como os resolver, a providência interveio.
Ali no chão, à minha frente, encontro uma carteira esquecida, apanho-a e vejo lá dentro, para além dos cartões do dono, 10 notas de 100 Euros, precisamente os mil Euros que eu precisava para pagar ao Baptista.
No dia seguinte quando encontrei o Baptista foi a primeira coisa que fiz: “Sr. Baptista, como vê sou uma pessoa de palavra, tome lá os 1000 Euros que eu lhe devo”, “Muito obrigado caro amigo agora já posso pagar ao Valdemar”, respondeu-me ele.
No outro dia quando estou com a Adelaide diz-me ela: “O Valdemar finalmente pagou-me o que me devia, toma lá os teus 1000 Euros.”
Agradeci, peguei nos 1000 Euros e voltei a metê-los na carteira achada, telefonei ao dono (o contacto estava escrito num cartão de visita que também constava da carteira).
O dono ficou radiante, já tinha perdido a esperança de encontrar a carteira, ainda por cima com o dinheiro dentro, quis-me dar alvíssaras mas eu disse-lhe logo:
“Não se preocupe, o Sr. nem imagina o problema que me resolveu”, daí a bocado batia à minha porta para levar a carteira que prontamente lhe entreguei.
Daí para a frente, nunca mais dormi mal.

2008-10-07

É isto Portugal

É ali, na Alta de Lisboa que está o cruzamento da vergonha.
É um ponto onde desembocam 5 vias e há carros de todas elas que querem ir para todas elas.
Se quiserem podem ver o filme abaixo que dá uma ideia de como tudo se passa nas horas de maior movimento, vai-se fluindo assim: “com licença, com licença, desculpe lá !”



Nas horas de menor trânsito o problema é ainda maior, o cuidado é menos, a velocidade é mais e ninguém controla simultaneamente todas as 5 vias.
Quando passo próximo dou voltas complicadas apenas para não me arriscar ali.
E isto é conhecido há anos, há estudos feitos, há propostas, há reclamações permanentes, só não há acção, estão certamente à espera que alguém morra, porque é muito mais excitante.
No outro dia, um grupo de cidadãos, pela calada da noite, construíu a rotunda que se impunha e a ordem chegou ao lugar.
Há estudos que a recomendavam mas nem era preciso haver, a vantagem é óbvia, entra pelos olhos dentro, como se pode ver no outro filme que regista a curta vida desta rotunda popular.




O que se passou então: A Sra. Câmara, da inacção, da inércia, do empurra para a frente, do amanhã talvez, teve um surto de actividade, actuou, deu cabo da obra ao fim de 2 dias para dizer quem manda: “rotunda sim mas só quando eu quiser!”.
É por estas e por outras que eu também não voto, só quando me apetecer.

2008-10-04

Acabou o tempo

É tudo o que vejo e ouço na média.
- Acabou o tempo da facilidade, diz o nosso Sócrates
- Acabou o tempo do emprego para a vida, diz Ferreira Leite
- Acabou o tempo de se poder financiar apenas uma grande ideia, diz Daniel Beça.
- Acabou o tempo de … diz toda a gente.
E dizem tudo isto com um sorriso nos lábios, com a satisfação de quem sabe mais do que os outros, sem se envergonharem do seu próprio fracasso.
Eu espero o dia., que está para breve, em que poderemos dizer: “acabou o tempo de V. Exas !”.

2008-10-03

O estado do Estado

Depois de uns dias nas “ilhas esquecidas”, no meio do Atlântico, os Açores, volto a casa e vejo isto.
Na questão do casamento homossexual, o PS não dá liberdade de voto aos seus deputados e exige o “não” por falta de oportunidade.
A questão está bem, percebem, só que agora não é oportuno, talvez mais pela tardinha.
Como dizia Eça de Queirós, sobre a reforma da carta constitucional, ainda vamos ver no Borda de Àgua: dizer qualquer coisa como isto: em Outubro planta o repolho mas não aproves o casamento homosexual, espera pelas chuvas de Inverno e por uma noite de lua cheia”.
E, para estas razões tão sérias é claro que não pode haver liberdade de voto, não vá o diabo tecê-las, embora, se a disciplina de voto é a regra, como parece, e se compreende (quem quer ver aquelas luminárias a pensar pela própria cabeça ? e que perigos daí poderiam vir?) o que não se percebe é para quê elegermos tantos deputados, bastava um com um número de votos proporcional à votação, seria muito mais barato e transparente.

2008-09-26

NIRVANA

Ainda a propósito do massacre finlandês.

Os Nirvana foram um efémero incêndio criativo que lavrou de 1987 a 1994, ano em que morreu, com uma aura de mistério, Kurt Cobain, seu vocalista e criador.

Para mim, era um grupo notável, um pequeno oásis de qualidade num deserto de mediocridade.
Com um mínimo de interesse, por aquele tempo, de entre os grupos de rock, mediáticos, apenas me recordo dos The Cure e dos Simple Minds, certamente haveria outros que não me ocorrem.

Como já referi aqui, a minha noção de arte, tem a ver com a comunicação do indizível, o tentar despertar em nós sensações ou sentimentos que pertencem apenas ao nosso imaginário e não se explicam ou transmitem, só através da arte, se tivermos o necessário talento.

A música dos Nirvana transmite-me, faz-me sentir, aquele mal-estar de que falava duas crónicas abaixo, toda a música ou todas as músicas. Ironicamente sempre chamei a todas elas a música dos Nirvana, no singular, por me parecerem todas a mesma, neste contexto, independentemente das diferenças melódicas, rítmicas, de nomes e das letras, em todas elas, sempre aquele mal-estar, aquele absurdo, aquele incómodo, as repetições de palavras ou de frases curtas até à exaustão numa postura quase autista e alienada: stay away, stay away, stay away, stay away …

"In bloom", serve de exemplo como poderia ser qualquer outra, no vídeo torna-se tudo ainda mais aparente, a adesão dos ou das fans, exageradíssima, desproporcionada, idiota e sem sentido e em toda a performance, aquela misturada de ambientes com apelos a diferentes épocas e diferentes contextos, onde tudo está errado, toda aquela sensação de que as coisas não jogam independentemente de tudo funcionar, com um resultado, virtual, quase cómico se não anunciasse a tragédia, aligeirando-a assim, banalizando-a.




A letra é quase uma só ideia repetida várias vezes. Realcei os últimos versos que são todavia iguais a quase todos os outros versos mas a mensagem está lá, repetida, repetida sempre.

In Bloom

Sell the kids for food
Weather changes moods
Spring is here again
Pray for darker grounds

He's the one
He likes all our pretty songs
And he likes to sing along
And he likes to shoot his gun
But he don't know what it means
Don't know what it means
And I say
He's the one
He likes all our pretty songs
And he likes to sing along
And he likes to shoot his gun
But he don't know what it means
Don't know what it means
And I say yea

We can have some more
Nature is a whore
Who's is on a prude (?)
Tender age in bloom

He's the one
He likes all our pretty songs
And he likes to sing along
And he likes to shoot his gun
But he don't know what it means
Don't know what it means
And I say
He's the one
He likes all our pretty songs
And he likes to sing along
And he likes to shoot his gun
But he don't know what it means
Don't know what it means
And I say yea

He's the one
He likes all our pretty songs
And he likes to sing along
And he likes to shoot his gun
But he don't know what it means
Don't know what it means
And I say
He's the one
He likes all our pretty songs
And he likes to sing along
And he likes to shoot his gun
But he don't know what it means
Don't know what it means
Don't know what it means
Don't know what it means
And I say Yea

2008-09-25

Declarações de Sócrates, ontem na assembleia

Sócrates afirmou ontem na assembleia que quer ver menos ganância dos especuladores financeiros.
Estas declarações, demonstraram a sua argúcia (ganância, quem diria ?) e têm a eficácia de quem diz ao leão que o ataca:
- Sr. Leão, por favor, tem que ser menos agressivo !

2008-09-24

A propósito da matança na Finlândia

Estes actos desesperados e criminosos de assassinatos aparentemente indiscriminados, praticados em escolas e que se vão repetindo, sobretudo nos EUA mas também já noutros países do dito 1º mundo, como agora na Finlândia, são um sinal evidente de um crescente mal-estar que esta civilização global e homgeneizadora vai produzindo.
Não sei se não será o tal mal-estar da civilização que Freud teorizou.
Mas o que é mais triste é constatar como esse sentimento de revolta, profundamente individual, arrasta estes jovens para liquidação, liminar e gratuita de muitos dos seus pares. Os outros.
É como se para esse "Eu", qualquer "Não Eu" se representa como um agente do mundo opressor cuja eliminação, ainda que simbólica, redime.
E é esta alienação total, "só eu existo", esta perda de irmandade com os outros que urge combater a todo os custo.
Deveria estar entranhado nos genes, que nunca, nunca, nunca se pode matar voluntariamente um nosso semelhante, salvo em situações extremas e raras, para evitar a morte de nós próprios ou de outros nossos semelhantes.
Mas como se entranha este valor quando vemos a leviandade com que os próprios Estados com o apoio da opinião pública, aceita essas barbaridades, indignas dos seres humanos racionais que somos e que se chamam “guerra” e “pena de morte”.
Não mais me esqueci de um desses jovens assassinos, ex-militar, declarar na altura da sua prisão.
“Já matei muita gente e fui aplaudido pela sociedade e condecoraram-me por isso, agora que matei pouca gente, condenam-me, porquê ?”
Eu, de facto, também não sei !

2008-09-17

Quando eu entrar em falência

O que espero mesmo é que alguém me dê também uma injecção financeira.

2008-09-16

Afinal a economia é uma ciência oculta

Tudo o que se aprende nas escolas a respeito de Economia é uma mera fachada da verdadeira ciência que só é do conhecimento de iniciados.
Esses iniciados são os administradores públicos e que por isso mesmo são regiamente pagos, e tem reformas chorudas ao fim de poucos anos.
Nós nem suspeitamos, da concentração, do esforço e do sacrifício que todos aqueles rituais iniciáticos comportam para lhes proporcionar o acesso à luz.
De vez em quando, porém, há uns que se descaem e revelam parte dos seus segredos.
Eu tive a sorte de presenciar um desses momentos de fraqueza de Ferreira de Oliveira, Presidente Executivo da GALP. Muito instado pelos ignorantes jornalistas que na sua pequenez pensavam que sendo a gasolina petróleo refinado, o preço deste iria condicionar o da gasolina.
Ferreira de Oliveira, muito enfadado com toda aquela ignorância nossa de comuns mortais, lá deixou descair parte do segredo revelado e explicou-nos:
Isto do preço do petróleo e o da gasolina não têm nada a ver um com o outro, só um néscio ignorante pode pensar uma coisa destas, é muito natural até que descendo o petróleo, como tem descido, já para baixo da barreira dos 100 Dólares/barril, a gasolina tenha de subir.
E nós que pensávamos que não era assim, temos que dar graças a Deus, de ter nestes lugares quem verdadeiramente sabe destas coisas.
Se calhar nós baixávamos a gasolina e o mundo ainda era capaz de desabar, safa!

2008-09-14

Sobre o conceito de valor 2


Na minha busca incessante pelo conceito de valor, estou a ler o livro de Brillac Savarin “A fisiologia do gosto”.
Savarin é um nome mítico na comunidade gastronómica, não obstante ter publicado este livro em 1826, há quem veja nele um percursor da ultra moderna cozinha molecular na qual pontua actualmente Ferran Adrià e, por todo o mundo muitos discípulos, entre os quais o nosso excelente Luís Baena, entre outros.
Nesse livro vem narrada uma pequena história que pode suscitar múltiplas reflexões sobre esta questão central: o conceito de valor.
Passo a transcrever, até porque é deliciosa:

“Um dia viajei com duas damas, acompanhando-as até Melun.
Não havíamos partido muito cedo, e chegámos a Montgeron com um apetite que ameaçava destruir tudo.
Vã ameaça: a estalagem onde parámos, embora de boa aparência, esgotara as provisões: três diligências e duas carruagens de correio tinham passado e, como os gafanhotos do Egipto, devorado tudo.
Isto foi o que disse o chef.
No entanto, vi a assar no fogo uma apetitosa perna de carneiro e à qual as senhoras, por hábito, lançavam olhares muito coquette.
Infelizmente, os seus olhares eram mal dirigidos. A perna de carneiro pertencia a três ingleses que a tinham trazido e esperavam sem impaciência que assasse enquanto bebiam champagne.
“Mas pelo menos”, disse eu num tom meio tristonho, meio suplicante, “o senhor podia misturar uns ovos com molho da carne desse carneiro. “Contentávamo-nos com esses ovos e uma chávena de café”. “Com certeza, não há problema” respondeu o chef , “o molho da carne é propriedade nossa por direito, e vou providenciar o que me pede”. E pôs-se logo a abrir os ovos com cuidado.
Quando o vi ocupado, aproximei-me do lume e, tirando do bolso uma faca de viagem, desferi na perna do carneiro proibido uma dúzia de profundos cortes, por onde o suco haveria de escoar até à última gota.
Tive então o cuidado de observar a cozedura dos ovos, para que nenhuma distracção nos viesse prejudicar. Quando estavam no ponto, peguei neles e levei-os para a mesa que nos haviam preparado.
E ali nos regalámos e rimos como loucos, pois na realidade devorámos o substancial da perna de carneiro, deixando aos nossos amigos ingleses apenas o trabalho de mastigar o resíduo.”


Savarin sabia onde estava o valor da perna de carneiro e roubo-o aos ingleses. A história não relata mas, provavelmente, os ingleses, depois de tanto champanhe nem se aperceberam que a perna já tinha perdido o seu valor.
Também nesta questão do bom e do mau existe um efeito de placebo.

2008-09-11

O conceito de valor

Se há problema sério que tenha ocupado o meu espírito desde a minha juventude, sem que ainda o tenha resolvido, é este problema do valor das coisas.
O que é bom ou muito bom, o que é ser sofrível, mau, péssimo, por aí fora e isto na arte, nos bens materiais, nas pessoas, em tudo. Como se dá valores as coisas? Será algo universal, haverá o perfeito absoluto? Ou será antes uma mera questão individual de cada um de nós?
“Gostos não se discutem”, diz o povo, certamente porque sabe bem que não há juiz neste domínio, todavia há coisas de que toda ou quase toda a gente gosta e, vice-versa coisas que quase todos desgostamos. Será então uma questão estatística?
Hoje mesmo ouvi Manuel de Oliveira dizer que nem na sua obra, nem em nenhuma filmografia existe essa coisa a que se poderá chamar o filme perfeito, logo a seguir ouvi um admirador de Madona que considera muito próximo da perfeição qualquer coisa que recorde essa mulher, nem que seja uma velha lata de refrigerante com a sua imagem, coisa que eu deitaria para o lixo sem pestanejar. Ainda um pouco depois ou um pouco antes, falaram de umas cuecas de Michael Jackson que vão a leilão por uns milhões de dólares, enfim!
Resolvi então ir à raiz do problema e fui reler o Génesis para ver bem que raio de fruto comeram Eva e Adão arruinando a humanidade daí para diante e com bem poucas contrapartidas, não obstante Deus ter dito que agora, depois de comerem o fruto, eles se tornaram um de nós (DEUS).
Mas conta a bíblia que foi o fruto da árvore da ciência do bem e do mal e mesmo isso nós homens não aprendemos muito bem.
E eu que tinha esperança que fosse da árvore da ciência do bom e do mau, teria resolvido esta minha questão.
Se calhar não havia essa árvore no paraíso!

2008-09-08

A desonestidade intelectual pode chegar ao ponto do ridículo

Rajendra Pachauri secretário do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, o famigerado IPCC, e que é vegetariano, segundo o público de hoje afirmou que o consumo de carne contribui seriamente para o aquecimento global.
E porquê ? (vou transcrever exactamente o que está na notícia porque as palavras contam) porque “para produzir 1 Kg de carne de vaca são precisos 9 kg de comida para alimentar o animal. Por isso, mudanças na nossa dieta podem ter um grande efeito na ocupação de terra e na criação de gado – ambos contribuintes importantes para as emissões de gases com efeito de estufa que estão a alterar a composição da atmosfera da terra”.
Compreenderam ?
Eu não, embora saiba que os seres vivos da terra, homens incluídos, são emissores de CO2, aliás se o mundo fosse um deserto sem vida, haveria muito menos ou nenhum CO2 e isto é uma verdade científica insofismável, deve ser o mundo sonhado pelo Sr Pachauri. Sobretudo extinguindo as vacas porque mesmo que nós as não comamos elas, para existirem, continuarão a comer os seus fatidicos 9Kg de comida para fazer um quilo do seu corpo.
Por esta óptica, um genocídio humano em larga escala também contribui para diminuir a emissão de gases com efeito de estufa.
Talvez o Sr. Karadzic possa usar este argumento em seu favor, no fundo no fundo, ainda se vai ver que foi tudo para o bem da humanidade.

2008-09-06

A cerimónia de abertura dos jogos Paraolímpicos

Foi excelente no seu conteúdo e péssima, como vem sendo habitual, nos comentários da tv.
Primeiro aquele seguidismo, bacoco e pacóvia, à língua inglesa:
Em Inglês os jogos são “Paralympics” mas em português são Paraolimpicos ou, quando muito, Parolímpicos, para quem achar complicado as 2 vogais seguidas.
Sacrifique-se o “a” do prefixo e nunca o “o” da palavra principal.
Depois o profundo significado simbólico de toda a cerimónia, demonstrando a tese dos próprios jogos, que a noção de deficiência é relativa, que todos temos deficiências e talentos e há situações em que esse pequeno talento pode ser vital e suprir todas as outras limitações.
A cerimónia da chama paraolímpica foi comovente, no seu simbolismo ao ser conduzida por portadores, com vários tipos de deficiência diferentes, até à apoteose da subida, a pulso, de chama e cadeira de rodas até à pira olímpica (e é irrelevante todos os tipos de ajuda e de segurança tecnológica que terão sido usados) a mensagem simbólica estava lá patente.
O comentador porém só viu nisto um momento de enfado, interminável!
É claramente um comentador deficiente, espero que tenha outros talentos.

2008-09-04

Uma conservadora prafrentex

A escolha de Sarah Palin para candidata à Vice-presidência de McCain, foi classificada por vários analistas como sendo a resposta de McCain à ala mais conservadora do partido republicano que via McCain já demasiado esquerdista.
Mas depois descreviam vários traços biográficos que não me pareciam nada coerentes com as de um conservador empedernido, vejamos.
Ganhou em jovem um concurso de beleza.
Confessou em público que experimentou marijuana
É casada com um Esquimó
Exercia a actividade de pescadora juntamente com o marido
Tem uma filha de 17 anos que se encontra grávida.
Depois os supostos fortes argumentos conservadores:
É contra o aborto, dado que até tem um filho com trissomia 21 e até quis que nascesse apesar de saber que iria nascer assim e parece que diz a toda a gente: “o meu filho não é deficiente só tem um cromossoma a mais.
Defende a liberalização das armas.
A minha questão é a seguinte: será que ser anti-aborto e defender a liberalização do uso de armas é ser conservador ?
Para mim, longe disso, não se podem confundir posições tácticas partidárias, ditadas pela luta política, com meras questões de consciência pessoal que atravessam todo o espectro político.
O que este perfil me sugere é um espirito muito liberal e pouco conservador.
Creio até que Sarah Palin tem a maior virtude de todas e, tão rara que confunde os analistas que não lhe perdoam, não é autómato, pensa pela sua própria cabeça.

2008-09-03

Os políticos deveriam ser responsabilizados por aquilo que dizem

1. Sócrates, em Portugal, a propósito dos professores que não foram colocados, disse que o tempo da facilidade já acabou.
Eu bem sei, e a culpa é muito dele. Ao menos tenha a decência de não se vangloriar disso.
Nós queremos facilidades, cada vez mais facilidades, para dificuldades já bastam as que não se podem evitar.

2. José Eduardo dos Santos em Angola, a propósito das eleições disse que não era necessária alternância de partidos, bastava mudar as políticas erradas e remover os políticos que pensam mais nos seus interesses do que nos do país.
Depreendo que se irá demitir para dar lugar aos outros que põem Angola à frente dos seus interesses, se os houver, é claro.

2008-08-31

Carta de John Cleese à América

Chegou-me por e-mail com este estatuto mas conhecendo John Cleese, o seu tipo fabuloso de humor, nada me faz duvidar da sua autenticidade.
Deixo-vos, em primeiro lugar a minha tradução para português mas para que não corra o risco de trair alguma coisa e para que quem domine a lingua de Shakespear possa sentir o sabor original, a seguir segue o, suposto, original em Inglês.

É uma pérola de humor.

Carta à América

Dado a vossa incapacidade de escolher um Presidente dos EUA competente e, portanto de vos governardes, comunicamo-vos por este meio a revogação da vossa independência, com efeitos imediatos.

Sua Majestade Soberana a Rainha Isabel II assumirá os seus direitos reais sobre todos os Estados, comunidades e outros territórios (com excepção do Kansas que não lhe agrada muito) a partir da próxima segunda-feira em diante.

O vosso Primeiro-ministro Gordon Brown, nomeará um governador para a América, sem necessidade de mais eleições. O congresso e o Senado serão dissolvidos. No próximo ano poderá circular um inquérito para verificar se algum de vós notou alguma diferença.

Para facilitar a transição para a dependência da Coroa Britânica, serão introduzidas as seguintes leis que entrarão em vigor imediatamente:

1. Deverão verificar o significado da palavra “revogação” (“revocation”) no Oxford English Diccionary e seguidamente o da palavra “alumínio” (“aluminium”) e consultar um guia de pronúncia. Ficarão estupefactos ao verificar a forma incorrecta como as têm pronunciado.
2. A letra U será reintroduzida em palavras como “colour” “favour” e “neighbour”, também aprenderão a escrever “doughnut” sem desperdiçar metade das letras e o sufixo “ize” será substituído por “ise”.
3. Aprenderão que o sufixo “burgh” se pronuncia “bura”: no entanto poderão alterar a grafia de Pitsburgh para Pitsberg se acharem que a pronúncia correcta é demasiado complicada para vocês.
4. Em geral esperamos que o vosso vocabulário (consultar “vocabulário” - “vocabulary”) cresça para níveis minimamente aceitáveis. Usar as mesmas 27 palavras entremeadas de ruídos de preenchimento como “like” e “you know” é uma prática inaceitável e uma forma incorrecta de comunicação.
5. Não existe essa coisa chamada US-English . Informaremos a Microsoft do facto em vosso nome. O corrector ortográfico do Word será alterado de forma a contemplar a reintrodução do u e a supressão de ize.
6. Reaprenderão o vosso hino original “God Save the Queen” mas apenas após terem cumprido satisfatoriamente o artigo primeiro (ver acima)
7. O 4 de Julho deixará de ser celebrado como feriado. O 2 de Novembro será um novo feriado nacional, celebrado apenas em Inglaterra, será chamado “o dia da desforra”.
8. Aprenderão a resolver as vossas disputas sem utilizar armas, advogados ou psiquiatras. O facto de precisarem tanto de advogados e de psiquiatras mostra que não estão suficientemente maduros para a independência. As armas só devem ser usadas por adultos. Se vocês não são adultos para resolver as questões por vocês próprios sem processar alguém ou falar com um psi, então ainda não cresceram o suficiente para manusear armas.
9. Portanto não vos será mais permitido possuir ou utilizar qualquer coisa mais perigosa do que um descascador de fruta. Contudo ser-vos-á exigida uma licença para utilizar um descascador de fruta em público.
10. Todos os carros americanos serão banidos. São uma merda e isto é para o vosso bem. Quando vos mostrarmos carros alemães vocês perceberão do que estamos a falar.
11. Todos os cruzamentos serão substituídos por rotundas. E começarão imediatamente a conduzir pela esquerda. Também passarão para o sistema métrico imediatamente e sem a ajuda de tábuas de conversão. Quer as rotundas, quer o sistema métrico permitir-vos-á compreender o sentido de humor britânico.
12. Os ex-EUA adoptarão os preços de combustíveis (“petrol”, a que vocês chamam “gasoline”) do Reino Unido – aproximadamente 6 US dólares por um galão. Habituem-se.
13. Aprenderão a fazer autênticas batatas fritas (“chips”). Essa coisa a que chamam batatas fritas (“french fries”) não são autênticas batatas fritas e aquelas coisas a que insistem em chamar “potato chips” chamam-se de facto “crisps”. As verdadeiras batatas fritas são cortadas grossas, fritas em gordura animal e não se acompanham com maionese mas com vinagre.
14. Os empregados e empregadas de mesa serão treinados para serem mais agressivos para com os clientes.
15. Aquela coisa fria e sem gosto a que insistem em chamar cerveja, não tem nada a ver com cerveja. De ora em diante apenas a cerveja inglesa terá o nome de cerveja (“beer”). As cervejas europeias de famosas e reconhecidas procedências serão chamadas de “lager”. As cervejas americanas passarão a ser chamadas “urina de insecto quase congelada”, de forma a que tudo possa ser comercializado sem risco de maiores confusões.
16. A Hollywood será exigido que de vez em quando seleccionem actores ingleses para papéis de bom da fita. Também será exigido que Hollywood seleccione ingleses para representarem papéis de ingleses. Ver Andy McDowell tentar dialogar em inglês nos “4 casamentos e um funeral” foi uma experiência semelhante à de ter as orelhas removidas por um ralador de queijo.
17. Deixarão de jogar futebol americano. Só existe um tipo correcto de futebol; vocês chamam-lhe “soccer”. A alguns de vocês suficientemente corajosos será autorizado a que pratiquem rugby (que tem algumas semelhanças com o vosso futebol mas não implica paragens a cada 20 segundos nem vestir uma armadura de kevlar recobrindo todo o corpo como um bando de mariquinhas “jessies” calão inglês para paneleiros “big girls blouse”)
18. Ainda deixarão de jogar basebol. Não é razoável organizar um evento chamado “campeonato mundial” (“world séries”) para um jogo que não se joga fora da América. Como apenas 2,1% de vós sabe que existe um mundo para além das vossas fronteiras tal erro é compreensível e perdoável.
19. Têm que nos dizer afinal quem matou JFK, antes que fiquemos doidos.
20. Um agente interno das finanças (um cobrador de impostos) do Governo de Sua Majestade será enviado em breve de forma a garantir a cobrança de dívidas que remontam a 1776.

Grato pela vossa compreenção.
John Cleese



John Cleese's Letter to America

In view of your failure to elect a competent President of the USA andthus to govern yourselves, we hereby give notice of the revocation of your independence, effective immediately.

Her Sovereign Majesty, Queen Elizabeth II, will resume monarchicalduties over all states, commonwealths and other territories (exceptKansas , which she does not fancy), as from Monday next.

Your new prime minister, Gordon Brown, will appoint a governor forAmerica without the need for further elections. Congress and the Senatewill be disbanded. A questionnaire may be circulated next year todetermine whether any of you noticed.

To aid in the transition to a British Crown Dependency, the followingrules are introduced with immediate effect:

1. You should look up "revocation" in the Oxford English Dictionary.Then look up "aluminium," and check the pronunciation guide. You will beamazed at just how wrongly you have been pronouncing it.

2. The letter 'U' will be reinstated in words such as 'colour', 'favour'and 'neighbour.' Likewise, you will learn to spell 'doughnut' withoutskipping half the letters, and the suffix "ize" will be replaced by thesuffix "ise."

3. You will learn that the suffix 'burgh' is pronounced 'burra'; you mayelect to respell Pittsburgh as 'Pittsberg' if you find you simply can'tcope with correct pronunciation.

4. Generally, you will be expected to raise your vocabulary toacceptable levels (look up "vocabulary"). Using the same twenty-sevenwords interspersed with filler noises such as "like" and "you know" isan unacceptable and inefficient form of communication.

5. There is no such thing as "US English." We will let Microsoft know onyour behalf. The Microsoft spell-checker will be adjusted to takeaccount of the reinstated letter 'u' and the elimination of "-ize."

6. You will relearn your original national anthem, "God Save The Queen",but only after fully carrying out Task #1 (see above).

7. July 4th will no longer be celebrated as a holiday. November 2nd willbe a new national holiday, but to be celebrated only in England . Itwill be called "Come-Uppance Day."

8. You will learn to resolve personal issues without using guns, lawyersor therapists. The fact that you need so many lawyers and therapistsshows that you're not adult enough to be independent. Guns should onlybe handled by adults. If you're not adult enough to sort things outwithout suing someone or speaking to a therapist then you're not grownup enough to handle a gun.

9. Therefore, you will no longer be allowed to own or carry anythingmore dangerous than a vegetable peeler. A permit will be required if youwish to carry a vegetable peeler in public.

10. All American cars are hereby banned. They are crap and this is foryour own good. When we show you German cars, you will understand what wemean.

11. All intersections will be replaced with roundabouts, and you willstart driving on the left with immediate effect. At the same time, youwill go metric immediately and without the benefit of conversion tables..Both roundabouts and metrication will help you understand the Britishsense of humour.

12. The Former USA will adopt UK prices on petrol (which you have beencalling "gasoline") - roughly $6/US per gallon. Get used to it.

13. You will learn to make real chips. Those things you call Frenchfries are not real chips, and those things you insist on calling potatochips are properly called "crisps." Real chips are thick cut, fried inanimal fat, and dressed not with mayonnaise but with vinegar.

14. Waiters and waitresses will be trained to be more aggressive withcustomers.

15. The cold tasteless stuff you insist on calling beer is not actuallybeer at all. Henceforth, only proper British Bitter will be referred toas "beer," and European brews of known and accepted provenance will bereferred to as "Lager." American brands will be referred to as"Near-Frozen Gnat's Urine," so that all can be sold without risk offurther confusion.

16. Hollywood will be required occasionally to cast English actors asgood guys. Hollywood will also be required to cast English actors toplay English characters. Watching Andie MacDowell attempt Englishdialogue in "Four Weddings and a Funeral" was an experience akin tohaving one's ear removed with a cheese grater.

17. You will cease playing American "football." There is only one kindof proper football; you call it "soccer". Those of you brave enoughwill, in time, will be allowed to play rugby (which has somesimilarities to American "football", but does not involve stopping for arest every twenty seconds or wearing full kevlar body armour like abunch of Jessies - English slang for "Big Girls Blouse").

18. Further, you will stop playing baseball. It is not reasonable tohost an event called the "World Series" for a game which is not playedoutside of America . Since only 2.1% of you are aware that there is aworld beyond your borders, your error is understandable and forgiven.

19. You must tell us who killed JFK. It's been driving us mad.20. An internal revenue agent (i.e. tax collector) from Her Majesty'sGovernment will be with you shortly to ensure the acquisition of allmonies due, backdated to 1776.Thank you for your co-operation.John Cleese

2008-08-29

Já me esquecia de contar

O que irritou também muito o Medvedev foi a prima Geórgia.
Não é que ela tinha uma Ossétia lindíssima, lustrosa e com muito pelo, embora arisca porque estava sempre a querer fugir.
O Medvedev estava de olho na Ossétia da prima, queria a todo o custo brincar com ela, mas ela não deixava e dizia-lhe sempre “tu já tens uma Ossétia, brinca com a tua”.
O Medvedev porém, certo dia, roubou-a à força e a prima Geórgia começou a chorar e a gritar, refilou à contínua, D. Europa, que estava já farta das brigas dos miúdos e foi-se queixar ao Bush.
Este facto, para além de brigas passadas, também fazia falta para se perceber melhor, o tal namoro do Bush com a Polónia, tudo só para irritar o Medvedev, claro, e o que é certo é que tem conseguido.

2008-08-28

A alta política internacional

Vejamos, 7 meninos estão a brincar no mundo.
Um chama-se Bush, outro era o Putin mas estava cansado ou a avó chamou-o para um bolicau e uns chocapits e ele deixou o amigo Medvedev a jogar por ele.
Depois havia mais meninos, eram o Iraque o Irão e duas meninas que davam pelo nome de Coreia do Norte e Polónia.
A Certa fase do jogo Bush disse com solenidade:
Os maus são o Iraque o Irão e a Coreia do Norte, não os suporto, chamou-lhes mesmo “eixo do mal”.
Depois, chateia o Iraque, deu-lhe mesmo uma chapada grande, e foi insultando a Coreia do Norte e o Irão, dizendo sempre “lá fora comes, tás a ouvir?” mas, no jogo quem ele teme mesmo é o Medvedev e com quem se alia é com a Polónia que já tinha sido amiga do Medvedev, e só para o chatear.
O Medevedev, ainda picado pelo Putin que vinha comendo a sua sandes, fica fulo e diz, “então tua andas a “namorar” a minha ex-namorada, em vez de bateres no Irão e na Coreia do Norte, pá? Espera aí que eu vou buscar a casa o meu míssil transcontinental Topol (que é um grande abafador, perto de um “papa mundo” que só se usa quando estamos irritados) e é para ver se gostas!”
E assim o jogo fica quente e tenso.
O que safa é que a mãe do Bush já o chamou também para o lanche, e o menino Obama e o menino McCain andam a tirar à sorte para ver quem o vai substituir.
E além disso já se está a fazer noite e daqui a pouco vai mas é tudo para a cama.

2008-08-27

Amazónia

Amazónia – de Galvez a Chico Mendes, é uma excelente produção da rede Globo que relata a saga da ocupação da amazónia ao longo de 3 gerações de coronéis e de seringueiros mostrando as várias teias sociais, as fraquezas e vilezas humanas mas também a sua heroicidade em muitos momentos.
É um verdadeiro e muito interessante documento histórico e sobre a condição humana.
A SIC apresentou-a como série semanal para os serões de Domingo, até que um qualquer deus das audiências a foi remetendo para horários cada vez mais tardios, estando agora a ser transmitida ainda aos Domingos, mas não todos, uma ou outra vez aos Sábados, entre as 4 e as 6 da madrugada.
É o que a SIC costuma fazer às melhores produções, é o mesmo que fez à excelente produção de uma TV holandesa “Beauty and Consolation”, só os muito interessados como eu e com meios para isso, vão procurando gravar os episódios, com grandes margens de tempo para garantir que o episódio lá fica, porque mesmo marcada por exemplo para as 4h 15m da manhã pode ser que comece às 4 ou às 4h 45. Nenhum respeito nem pela obra nem pelo espectador.
Espero que, pelo menos no Brasil, tenha sido tratada com maior respeito.
No entanto o que me sugeriu esta crónica é o facto de que um dos personagens que aparece na novela ser o, um pouco esquecido, boémio e poeta do Acre, Juvenal Antunes. Figura interessantíssima e excelente poeta, tal como vem retratado na novela mas também como pude descobrir na net.
O seu poema mais famoso é um notável elogio à preguiça que talvez transcreva aqui um outro dia, por ora deixo-vos este soneto também sábio:

Futilidade

Não me dirás, meu caro, o que é que ganhas
Em trabalhar assim, desde a alvorada,
- Larga a fronte de suores inundada -
Até que o sol se oculte entre as montanhas ?

A vida pode ser simbolizada
Pelo exemplo das moscas e das aranhas;
Ciência, amores, glórias e façanhas
Tudo termina em nada, nada e nada

O gato come o rato; o lobo a ovelha
Pelo micróbio mínimo e perverso,
O homem, que tudo come, é consumido

Nisso o grande ao pequeno se assemelha ...
E o destino de todos, no Universo,
Resume-se em comer e ser comido
!

Juvenal Antunes

2008-08-25

Dubitando ad veritatem pervenimus

Duvidando chegamos à verdade

O trágico acidente do avião da Spanair, as toscas justificações da companhia procurando apenas convencer-nos de que tudo estava bem e que tudo foi feito, quando o único facto é que o avião caiu, entrando por nós, de asas bem abertas, a evidência de que nada estava bem, ainda o recente, segundo, contratempo com outro avião da Spanair, tudo isto fez-me recordar daquela máxima, acima, que tem guiado o espírito humano na sua busca pela verdade e que tão esquecida parece estar agora, hoje, no mundo global, homogeneizado, do pensamento único, onde o virtual e a realidade se confundem e nos confundem e quando é ainda mais importante duvidar.
É este espírito do nosso tempo o “genius seculi” o “zeitgeist” que o filme abaixo procura mostrar.
Tem uma tese, defende em vários aspectos aquilo que se vai chamando a “teoria da conspiração”, como se este nome afastasse per si toda a credibilidade, mas tem uma intenção e uma fundamentação séria.
Aceite-se ou rejeite-se mas não se ignore só por ser uma voz diferente.
Está aqui em baixo a versão integral legendada em português embora seja difícil vê-lo aqui, leva 2h 02 m.
Quem quiser mais conforto poderá vê-lo aqui ou ainda aqui onde também pode comprar o DVD, a preço muito módico.

2008-08-21

Nelson Évora

Hoje ocupou quase todo o meu dia.

Primeiro a “transmissão”, meti entre aspas porque de facto não houve transmissão, preferiram dar o salto em altura do decatlo e as eliminatórias de pista que foram havendo. Da final do triplo-salto apenas imagens em diferido dos saltos melhores.
A RTP não terá culpa das imagens que lhe chegam e reproduz mas podia ao menos ter um comentador que nos fosse dizendo o que a rádio transmitia em directo mas, não teve.
O salto de ouro, consegui vê-lo escrito num quadro no estádio durante uma cerimónia protocolar. O comentador só anunciou o facto quando o mesmo salto foi mostrado em diferido, uma vergonha que faz reflectir.
Depois passei para a rádio e aí sim, havia o directo.
Enfim, adiante…! a RTP reabilitou-se com a excelente reportagem sobre o percurso de Nelson Évora que transmitiu depois do telejornal e, aí houve um momento magistral quando Nelson descreve minuciosamente cada fase (de segundos) do seu salto, onde refere que é no segundo salto que abre as “asas” e apenas sente o prazer que o invade até quando bate no solo e vê a caixa de areia, trazendo-o, de novo, à realidade e ao esforço.
Nelson reflecte muito, sobre cada contracção dos seus músculos e é assim que se faz um campeão.
Eu tenho esperança de o ver um dia, não dar um salto que lhe permita passar a marca dos 18,29 metros, mas levantar voo e sair para o infinito que é o seu único limite imaginário.
Bem-haja.

2008-08-19

Viagem da vila Paula até ao café Chitas com um criminoso a bordo

Como é sabido a lei obriga que as crianças, até quase à idade militar, se desloquem em viaturas apenas em cadeiras especiais.
Dizem que é muito mais seguro do que o simples cinto de segurança e com isso ganharão as crianças mas, contente contente está quem produz e vende essas cadeiras. É o paraíso do marketing que não precisa de grande esforço; mesmo que não se queira tem que se comprar.
Depois vêm outros problemas, é que montar aquilo tem os seus quês, não será difícil para quem o faz com frequência mas para um novato não é nada intuitivo, daí o humor de um anúncio que correu onde se ouvia a voz de uma criança perguntar “oh mãe, por que é que os carros e as casas estão todas de pernas para o ar ?” e uma voz em off explicava, “antes de montar a cadeirinha das crianças leia bem as instruções”.
Pois é, o pior é quando não temos as instruções à mão !
Para complicar o sistema, quando se tem duas crianças, como eu com os meus 2 netos, o banco traseiro fica ocupado para qualquer outro uso.
Nas minhas férias resolvi o problema com dois carros, um para dois adultos e duas crianças e outro só para adultos e assim lá vamos resolvendo quase todas as situações.
Acontece que quisemos ir ao café Chitas, 3 adultos e uma criança. A única solução era mudar uma das cadeiras para o carro livre mas isso implicava o tal problema de desmontar e montar cadeiras, o que tirava qualquer vontade de ir ao café.
Foi assim que decidi racionalmente enveredar pela vida do crime, pensei; “que se lixe, são só 500 metros, vai o miúdo sem cadeira, seja o que Deus quiser” mas para evitar a punição potencial de 600 Euros recomendei muito ao Pedro, meu neto criminoso: “se aparecer a polícia tu escondes-te no chão do carro, ouviste?” mas conservando sempre o receio de que ele, nos seus quase 4 anos, inconscientes, não acatasse devidamente as minhas instruções.
Felizmente há momentos em que a lei dorme e, apesar da tensão, a viagem de ida e volta decorreu sem mais alarmes ou sobressaltos.

2008-08-18

Mark Spitz e Michael Phelps

Mark Spitz foi aos jogos olimpícos e ganhou 7 medalhas.
Michael Phelps foi ganhar 8 medalhas e foi ao jogos olímpicos.
Para mim, Spitz não foi batido.

Erros meus, má fortuna, amor ardente …

De facto o amor ardente não teve muito a ver com o assunto mas erros meus e má fortuna fizeram-me ficar sem net uma série de dias apesar de ter supostamente a solução para o caso, a box Vodafone.
O que é certo é que não funcionou, mesmo após vários telefonemas para a assistência. Só por fim me deram a solução mas que passava por um ficheiro enviado por e-mail mas eu não tendo net não tinha também e-mail.
Tive que esperar por uma oportunidade de arranjar um acesso e só assim a coisa se resolveu.
Decididamente as novas tecnologias não gostam de mim.

2008-08-07

O que querem os media ?

Constantemente nos lembram que estamos a pagar mais pelos créditos à habitação e que ainda iremos pagar mais e até nos dizem quanto mais e isto independentemente do Banco Europeu ter mantido a taxa de juros o que não interessa nada porque o que conta é a euribor e essa esta-se marimbando para o Banco Europeu.
Depois fala-nos dos lucros das empresas, também não estão famosos, são só uns milhões, mas também não são tão maus assim e vão melhorar.
A seguir diz que vão haver portagens à entrada das cidades e agravadas para os carros que só levem um passageiro, isto por causa de um estudo do famoso Ferreira da Quercos que nos explicou que deveriam ser não mais do que 35 dias e afinal foram mais de 180, esqueceu-se é de dizer do que é que estava a falar mas presumo que terão sido 180 dias de coisas terríveis para a nossa saúde.
Por último vão-nos lembrando que o índice de confiança anda pela rua da amargura.
Eu vejo isto e pergunto, porque será ? não percebo !

2008-08-01

Esta noite em Mirandela...

O som da percussão intenso, monótono, repetido, até à exaustão, tem um fascínio para a nossa espécie que talvez se explique apenas por qualquer fenómeno de psicoactividade.
O que é certo é que ele está presente em praticamente todas as culturas humanas e faz parte do folclore e de diversos rituais sociais próprios de cada cultura.
Luis Buñuel descreve como foram marcantes para ele e como essa memória o acompanhou sempre, os tambores de Calanda (a sua aldeia natal) percutidos em uníssono e com grande intensidade na festa da Semana Santa.
Aqui fica um pequeno trecho do que Buñuel escreveu sobre o assunto:
Cuando el reloj de la Torre del Pilar inicie la cuenta de las 12, en la mañana del Viernes Santo calandino, la hora quedará rota. El sonido de los redobles se convierte en un lenguaje expresivo. A la primera campanada de las doce del reloj de la iglesia, un estruendo enorme como de un gran trueno retumba en todo el pueblo con una fuerza aplastante. Todos los tambores redoblan a la vez. Una emoción indefinible que pronto se convierte en una especie de embriaguez, se apodera de los hombres.
Do livro “O último suspiro” de Luis Buñuel
É interessante ver como ele sentiu esse efeito inebriador dos tambores.
O Youtube permite-nos sentir um ar dessa graça.




Em Mirandela, a noite dos bombos, que será esta noite, tem porém características diferentes:
Não é uma tradição antiga: conta-se que em meados do século passado, um grupo de médicos do hospital de Mirandela roubou ou de qualquer forma se apoderou dos bombos de um grupo que deveria actuar nas festas anuais da Srª do Amparo e, com a ajuda de muito álcool iniciou uma batucada infernal que terá durado toda a noite. Como eram doutores tiveram alguma complacência das autoridades e da população e assim nasceu a tradição que ano após ano se repete em Mirandela e atrai já muitos forasteiros.
Chama-se “Noite dos Bombos” e é praticamente desorganizada, daí talvez parte do seu encanto, consiste essencialmente em vários, muitos, grupos informais de ambos os sexos e de todas as idades, alguns trajando a bata branca médica, remetendo-nos para a sua origem, outros simplesmente bebendo e tocando por toda a cidade até à manhã seguinte, até não poderem mais.
É uma noite sem regras, sem freios e sem tino.
Alguns habitantes da cidade, porque gostariam de dormir, não suportam esta noite em claro e procuram fugir da cidade, outros sonham com ela e lamentam apenas que seja só uma vez por ano.
O melhor é mesmo participar.
É sempre um “happening”.
A baixo, fica também um breve filme sobre um dos muitíssimos grupos actuantes que pode dar uma muito pálida ideia do que esta noite vai ser.
Viva a noite dos bombos de Mirandela.

2008-07-31

Sócrates errou a vocação

Ao ver Sócrates ontem apresentando os “Magalhães”, transpirando optimismo e com grande entusiasmo e convicção, bem atento às significativas vantagens daquelas máquinas nos seus mais ínfimos pormenores, percebi como falhou a sua verdadeira vocação.
Ganhamos um mau Primeiro Ministro e perdemos um excelente vendedor.

2008-07-29

O teatro do absurdo

Ionesco foi um dos grandes dramaturgos do teatro do absurdo, com diversas obras notáveis como a “Cantora Careca”, o “Rinoceronte” ou “As cadeiras”.
Na altura, anos 50 e 60 do século passado, fizeram furor pela sua originalidade, o seu arrojo e aquela dúvida que nos deixava sempre “será isto arte ? ou estarão a gozar comigo e eu a deixar ?”.
Passou o tempo e o teatro do absurdo saiu do “main stream”, mas ao ler hoje o seguinte esclarecimento do Jornal Público, foi de Ionesco que me lembrei:
“Na primeira página de ontem, escreveu-se, por lapso, e no âmbito do trabalho que comparou a nova tabela de preços do registo predial com a situação anterior, que "o custo dos notários para a compra e venda de casa com recurso ao crédito bancário é dos que baixaram menos". Como se compreende, não foi o custo dos notários que sofreu alterações, mas sim o preço dos registos, que são efectuados não nos notários, mas nas conservatórias. Pelo lapso pedimos desculpa aos visados e aos leitores.”
Será que alguém compreende do que é que o Público está a pedir desculpas ?
De ter dito que os custos dos notários é que baixaram menos quando afinal eles nem se alteraram (será que poderá baixar menos do que zero ?)
E o que é que se compreende ? e se se compreende (talvez lendo o artigo) porque é que nos querem explicar outra vez ?
Terão sido então os custos das conservatórias que baixaram menos e não os dos notários que afinal não se alteraram ? e então como é que os custos subiram ? (que era o tema da notícia).
Bom, seja o que for, o Público, por mim, está desculpado.

2008-07-28

Eles sabem-na toda

Na esteira de Sócrates que sabe tudo, o PS também diz que não precisa de lições de corrupção de Cravinho.
Pudera, eles são especialistas no tema.

2008-07-26

A geração rasca

Quando em 1994, Vicente Jorge Silva intitulou de geração rasca aquela camada etária que então frequentava a Universidade, certamente não imaginou o tremendo impacto que a sua designação iria ter e que, passados 14 anos, continua a suscitar debates e análises em Universidades e nos cafés.
Acertou em cheio. Rasca é uma expressão suficientemente rica e difusa na sua negatividade, par poder ser, ofensiva para uns e ostentada orgulhosamente por outros, como os que fazem este excelente blog e que em vez de a rebater, a interiorizaram e ostentam como quem afirma ao mundo “se nós somos os rascas olhem então para vocês, quão abaixo de rasca são!”
É a geração da minha filha Joana, é a geração dos filhos da revolução, geração que nasceu e cresceu sem os valores decrépitos do outro regime e sem ter ainda nenhuns novos para os substituir, daí a sua desorientação, mas são também eles que os estão a construir.
Como em todas as gerações há de tudo, do mais baixo e desprezível, infelizmente muitos como sempre, mas também alguns de génio que nos irão salvar.
Veio esta crónica a propósito da referência que ouvi no último programa de “Alma Nostra”, diálogos entre Amaral dias e Carlos Magno que se podem ouvir na RDP1 em “podcast" visto que passa a horas inconvenientes, como quase todos os programas que merecem ser acompanhados, diziam eles que é essa geração rascas que está agora a chegar ao poder.
È bem verdade, é gente que está hoje entre os 33 e os 39 anos, são já os quadros intermédios da administração e de muitas empresas, em breve estarão no topo.
Sejam bem vindos e devolvam-nos o bom senso, se possível.