Pavarotti era para mim o melhor tenor da actualidade.
Para mim, porque entre os seus pares havia aquele misto de respeito e de desprezo, talvez pela sua postura menos convencional, a sua cedência ao êxito fácil, aos media e ao dinheiro, sacrificando a arte pela arte.
Para mim, também não sei bem porquê, embora suspeite que as vibrações do seu timbre e a sua interpretação em articulação com um qualquer gene que eu tenha, e que será muito comum porque a admiração é quase universal, provocam uma descarga de qualquer caldo químico que envolve o meu corpo de prazer e de emoção e chega a trazer-me lágrimas aos olhos.
Das reportagens que vi sobre ele, a última das quais hoje na RTP 1, retenho, entre outras duas passagens:
Uma foi vê-lo a mostrar aquela música popular italiana, do tipo da que ouvimos em filmes sobre a mafia, cantar também mas dizendo com naturalidade “eu não sei cantar isto” e não sabia, assim como não saberia cantar fado, cantaria bem mas não era aquilo.
Outra foi hoje quando referiu que sabia o que eram bombas explicando “o que são bombas só se sabe sentindo-as cair sobre a nossa cidade, não atirando-as nas cidades dos outros”.
Era também porque dizia estas coisas que eu gostava de Pavarotti.
2007-09-06
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário