Na maratona ou no triatlo fica bem chegar em último, com uma hora de atraso, de rastos mas sem se desistir.
Talvez alguem ainda se lembre de uma célebre e dramática chegada, fora de horas e perto da exaustão de uma atleta suiça, concorrente da maratona de uns jogos olímpicos de há alguns anos e que foi recebida por um estádio em pé a aplaudir.
Também, no recente triatlo realizado em Lisboa, a concorrente americana que saiu como um pinto e “aos esses” da natação, muito atrás de todas as outras, foi tão acarinhada pelo público como a vencedora Vanessa Fernandes.
É bonito ver esse esforço individual de alguém que luta consigo próprio, até ao limite, para concretizar um sonho.
Porém, se o desporto for xadrez, o abandono tardio, a luta até ao fim a esperança desesperada num volte-face é considerado impertinente, estúpido e antidesportivo, não desperta aplausos mas antes assobios.
Sempre me intrigou esta dualidade de critérios entre o esforço físico e o intelectual mas a realidade é assim mesmo e as explicações sociológicas poderão ser talvez encontradas.
Mas há zonas de penumbra neste domínio:
O gesto de Carmona Rodrigues de lutar até a um fim inglório é aplaudido por uns e assobiado por outros, na verdade não se consegue ver claro se Carmona Rodrigues participava numa maratona ou num jogo de xadrez.
2007-05-16
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