2007-05-16

Questões de etiqueta

Na maratona ou no triatlo fica bem chegar em último, com uma hora de atraso, de rastos mas sem se desistir.
Talvez alguem ainda se lembre de uma célebre e dramática chegada, fora de horas e perto da exaustão de uma atleta suiça, concorrente da maratona de uns jogos olímpicos de há alguns anos e que foi recebida por um estádio em pé a aplaudir.
Também, no recente triatlo realizado em Lisboa, a concorrente americana que saiu como um pinto e “aos esses” da natação, muito atrás de todas as outras, foi tão acarinhada pelo público como a vencedora Vanessa Fernandes.
É bonito ver esse esforço individual de alguém que luta consigo próprio, até ao limite, para concretizar um sonho.
Porém, se o desporto for xadrez, o abandono tardio, a luta até ao fim a esperança desesperada num volte-face é considerado impertinente, estúpido e antidesportivo, não desperta aplausos mas antes assobios.
Sempre me intrigou esta dualidade de critérios entre o esforço físico e o intelectual mas a realidade é assim mesmo e as explicações sociológicas poderão ser talvez encontradas.
Mas há zonas de penumbra neste domínio:
O gesto de Carmona Rodrigues de lutar até a um fim inglório é aplaudido por uns e assobiado por outros, na verdade não se consegue ver claro se Carmona Rodrigues participava numa maratona ou num jogo de xadrez.

Sem comentários: