2008-11-28

A esperança do Governo

Já que, há anos que Portugal não consegue agarrar a Europa, crescendo mais do que a média dos seus membros, Sócrates tem agora esperança que vindo mais depressa do que nós, a Europa nos agarre de marcha-atrás.
É uma boa maneira de olhar para a depressão.

2008-11-25

Noções essenciais

O sentimento do ciúme, ao contrário do que muitas vezes se pensa erroniamente, não deriva do amor.
O sentimento do ciúme fundamenta-se, exclusivamente, no sentido da posse.

2008-11-24

Elogio à preguiça

aqui, falei de Juvenal Antunes e deixei a hipótese de publicar um dia o, talvez, seu mais famoso poema “Elogio da preguiça”
Aqui fica, hoje, dia em que este poema se identifica mais com o meu estado de espírito.

ELOGIO DA PREGUIÇA
(A mim mesmo)

Bendita sejas tu, Preguiça amada,
Que não consentes que eu me ocupe em nada!

Mas, queiras tu, Preguiça, ou tu não queiras,
Hei de dizer, em versos, quatro asneiras.

Não permuto por toda a humana ciência
Esta minha honestíssima indolência.

Lá está, na Bíblia, esta doutrina sã:
Não te importes com o dia de amanhã.

Para mim, já é um grande sacrifício
Ter de engolir o bolo alimentício.

Ó sábios, dai à luz um novo invento:
Para mim, já é um grande sacrifício

Todo trabalho humano em que se encerra?
Em, na paz, preparar a luta, a guerra!

Dos tratados, e leis, e ordenações,
Zomba a jurisprudência dos canhões!

Plantas a terra, lavrador? Trabalhas
Para atiçar o fogo das batalhas...

Cresce teu filho? É belo? É forte?
É louro?Mais uma rês votada ao matadouro!...

Pois, se assim é, se os homens são chacais,
Se preferem a guerra à doce paz,

Que arda, depressa, a colossal fogueira
E morra, assada, a humanidade inteira!

Não seria melhor que toda gente,
Em vez de trabalhar, fosse indolente?

Não seria melhor viver à sorte,
Se o fim de tudo é sempre o nada, a morte?

Queres riquezas, glórias e poder?...
Para quê, se, amanhã, tem de morrer?

Qual o mais feliz? – o mísero sendeiro,
Sob o chicote e as pragas do cocheiro,

Ou seus antepassados que, selvagens,
Viviam, livremente, nas pastagens?

Do trabalho por serem tão amigas,
Não sei se são felizes as formigas!

Talvez o sejam mais, vivendo em larvas,
As preguiçosas, pálidas cigarras!

Ó Laura, tu te queixas que eu, farsista,
Ontem faltei, à hora da entrevista,

E que, ingrato, volúvel e traidor,
Troquei o teu amor – por outro amor...

Ou que, receando a fúria marital,
Não quis pular o muro do quintal.

Que me não faças mais essa injustiça!...
Se ontem, não fui te ver – foi por preguiça.

Mas, Juvenal, estás a trabalhar!
Larga a caneta e vai dormir... sonhar...

Juvenal Antunes
(Poeta do Acre)

2008-11-22

Análise política

1 Manuela Ferreira Leite
Depois do silêncio a verborreia.
Manuela teve nas suas recentes alocuções um rácio de (falta-me o termo) talvez asneiras que entretiveram os comentadores do espectáculo.
Todas elas diferentes mas todas elas demonstrativas de que a sua melhor “performance” é o silêncio. Vejamos:
A generalidade são simples expressões mal fundamentadas, facilmente retiráveis do contexto e que fazem o gáudio dos jornalistas.
È neste rol que eu coloco a sua referência à suspensão, de 6 meses, da democracia, a declaração de que o aumento do salário mínimo roça a irresponsabilidade, de que as obras públicas só promovem o emprego de Cabo Verde e da Ucrânia e de que não deviam ser os jornalistas a definir as opções editoriais (com esta até concordo, na realidade deveria ser Eu).
Mas a mais grave, porque não traduz uma simples inabilidade para lidar com os media, foi a de que tinha propostas de medidas boas para o país mas que não as dizia para que o Primeiro-ministro as não copiasse e pusesse em prática!
Ou seja, ela até tem uma solução para os problemas que nos afectam mas receia que essas soluções sejam postas em prática, tirando-lhe o brilho.
Está certo, Manuela Ferreira Leite, primeiro e depois o país, se não for ela a fazê-las, o país que se lixe.
Não há dúvidas que temos uma oposição ao nível.

2. Dias Loureiro
Quem fala verdade?
Não sei mas em termos de verosimilhança as coisas parecem-me claras.
Dias Loureiro diz que pediu uma audiência com António Marta, do Banco de Portugal, para lhe dizer qualquer coisa (não ponho as palavras exactas porque elas evoluíram ao longo do dia) como o seguinte:
- Eu não tenho nenhuma prova nem sequer nenhuma suspeita mas parecia-me bem que o Banco de Portugal investigasse, um pouco mais o que se passa com o BPN.
António Marta é mais claro e diz:
- Dias Loureiro ou está confuso ou mente, o que ele me falou foi a questionar o banco de Portugal porque estava demasiado atento ao BPN.
Ouvindo os dois, sem mais informações, para mim, António Marta parece-me bem mais verosímil.

2008-11-18

A Sociedade Global

Se repararem na minha crónica sobre os Nirvana que está aqui em baixo e se clicarem no filme do You tube, vão ler “We’re sorry this vídeo is no longer available”, em português qualquer coisa como isto “Lamentamos mas este vídeo já não está disponível”.

Este facto, por si só, é um motivo de reflexão.

Eu: Porra! Eu não pedi nada ao “You Tube”, foi ele que se ofereceu e que me diz “podes pôr isto no teu blogue ou onde quiseres” e depois, dá o dito por não dito e tiram-me o tapete, quero dizer o vídeo. È uma grande sacanice seus “talibans” iconoclastas.

You tube: O estimado utilizador não me pagou nada, prestei-lhe um serviço momentâneo e ainda se põe com exigências?

Eu: Mas você estragou-me o post e nem me avisou. Se queria dinheiro tivesse me dito.
Para a próxima roubo-lhe o vídeo, o que posso fazer facilmente com um programa que comprei, penso que legal porque o paguei. Só fico é com o problema de um servidor que o arquive depois, mas talvez o “blogspot” me conceda isso.
Estou tentado a pedir uma indemnização, de milhões, mas arranjar um advogado que pegue nisto sai tão caro!

2008-11-17

Reflexões sobre a avaliação dos professores

Agora que está na opinião pública o problema da avaliação dos professores, sugiro a quem me lê que reflicta neste tema.
Qual será o bom professor?
Quem já sabe daquela minha dificuldade em discernir o bom do mau, excepto naquilo que é bom ou mau para mim, porque isso, eu sei ou vou sabendo, compreenderá que avaliar, professores ou o que seja, não será nunca uma tarefa fácil.
Por exemplo, eu como funcionário, já tenho sido excelente, muito bom e bom, e note-se que na função pública o bom está próximo do medíocre, mas quando olho para mim, vejo-me sempre igual, sou apenas eu, sempre eu.
O que muda então? A resposta é simples: a situação e o avaliador.
Com o mesmo direito com que eles me avaliam posso eu dizer que tenho tido avaliadores excelentes, muito bons ou bons e, esses bons, como aqui não preciso de ter pruridos, direi mesmo medíocres, maus e péssimos.
Em princípio, cada um de nós é a medida de todas as coisas.
Para sairmos deste ciclo sem virtude, só vejo uma saída, só poderemos avaliar alguém face a um objectivo concreto, por exemplo, em termos de física das partículas, dou-me uma nota de medíocre menos e, apenas não de mau porque sei existem muitos piores do que eu mas, em termos de desenvolvimento rural e até de avaliação de programas e projectos, avalio-me como, muito bom.

Voltando aos professores e aplicando este princípio, concluiremos que qualquer avaliação só permite avaliar os professore face à sua função de ensinar os jovens.
Mas aqui se levanta outra questão que não está também bem resolvida.
Em que consiste ensinar bem os jovens?
Criar autómatos bons repetidores de ciência?
Criar bons cidadãos, responsáveis?
Criar homens e mulheres bem socializados, bem inseridos na sociedade?
Criar especialistas competentes?

Talvez seja mais simples e útil avaliar quem faz passar melhor a mensagem do programa curricular de cada dia, transmitindo igualmente a noção de que tudo não é mais do que a simples passagem curricular de cada dia.

2008-11-15

Um indicador de civilização

Definir a civilização não é tarefa fácil.
Há muitos cérebros a queimar neurónios para encontrar um número que permita traduzir esse conceito.
Já tenho lido que um bom indicador poderá ser o da “energia consumida per capita” e a correlação parece boa: quanto mais modernos e civilizados mais energia consumimos. Mas levantam-se problemas operacionais, como se mede essa energia? A electricidade mais a gasolina e o gás consumidos? Darão talvez uma boa aproximação mas não sei se é perfeito, ultimamente a civilização tem evoluído para sistemas de poupança de energia e, nesse caso a curva tem um pico e decrescerá depois, quando nos civilizarmos ainda mais.
Face a esta dificuldade deixo aqui uma nova linha de investigação à comunidade científica:
Lixo produzido per capita.
Numa primeira aproximação parece-me um excelente indicador, quanto mais civilizados mais “merda”, produzimos.
E esta lei afigura-se-me inexorável.

2008-11-13

O que o Ministério da Educação pensa

1. É preciso facilitar a vida aos alunos para que todos, por igual, possam progredir.
2. É preciso dificultar a vida aos professores e avaliar para que os maus sejam expurgados do sistema e apenas fiquem os bons.

O que o Ministério esquece é que está assim a formar, nos alunos, apenas aqueles futuros professores que abomina!

80% de professores na rua, não chega.
Ovos partidos nos carros do Secretário de Estado, não chegam.
Que mais será preciso fazer para que o Ministério veja a evidência?

2008-11-09

Bem prega Frei Tomás …

Em resposta à impressionante manifestação dos professores, Sócrates apela à honra dos sindicatos.
Ouviram bem? À honra dos sindicatos!
Eh Eh Eh !

2008-11-04

Eleições nos EUA

Pela primeira vez, posso dizer, que simpatizo com os dois candidatos elegíveis.
Com Obama, pelo seu sonho, pela sua determinação, pela sua combatividade e pela sua inexperiência, que pode conduzi-lo à inovação criadora.
Com McCain pelo seu bom senso, pela sua coragem pela sua combatividade e pela sua experiência que pode conduzi-lo à lucidez.
De uma maneira ou de outra tenho a convicção que os EUA ficarão melhor liderados e o mundo mais seguro.

2008-11-03

O BPN faz evoluir o português

Antigamente, as transacções económicas chamavam-se tratos, daí o ainda usado termo contrato, e quem as praticava era chamado tratante.
Com o tempo os tratantes deram mau nome à sua profissão ao ponto de transformarem o seu nome num insulto: Dizer “você é um tratante!” já não é nada simpático para ninguém.
Para fugir a isto passamos a chamar negócios aos tratos, e a quem os pratica demos o nome de negociante.
Mas o problema persiste, há qualquer coisa na actividade económica que o português comum despreza e a palavra negociante começou também a desvalorizar-se.
Há as negociatas, nada transparentes, e chamar a alguém negociante já sugere algumas reservas.
O Banco Português de Negócios (BPN) acaba de dar mais uma machadada na credibilidade da palavra negócio, são uns verdadeiros tratantes estes negociantes.
Já vamos ficando sem palavras para designar as transacções honestas, se é que existem.
Creio que é por isso que temos que ir, nesta área, pedindo palavras emprestadas ao Inglês.
Enfim é tudo “Business, as usual”