2010-05-31

Macacos-Deuses, como sempre


O parlamento, segundo Banksy

2010-05-30

Enquanto o tempo passa

Uma torneiras aberta, por homens, no fundo do Atlântico, jorra, continuamente petróleo para o mar, que enche, enche e vai chegando a terra.
Não é, não tem nada que ver, com petroleiros afundados, a diferença é que isto não tem fim à vista, é petróleo a jorrar, sempre.
Eu sei, que qualquer dia a BP, ajudada pelo governo dos EUA, vão encontrar uma solução espectacular que a vai compensar dos milhões de “ouro negro” atirado a porcos.
Mas um imenso mal fica feito.
È um novo “Chernobil”, desta feita do lado de cá, dos “bons”.

2010-05-23

Post Dedicado a José Sócrates

Que também nos quer empurrar para um samba no escuro

2010-05-22

Interpretação das sondagens

Ontem vieram publicadas novas sondagens sobre o ambiente socio-políticaportuguês.
Diversos analistas fizeram as suas análises e interpretações, complicando coisas simples, como geralmente fazem.
Eu vou dar aqui a minha leitura dos pontos mais significativos:
POLÍTICA
PS mantêm-se ou desce pouco, porquê?
Porque, como o povo pensa: para melhor, está bem, está bem, para pior já basta assim.
O PSD sobe um pouco, porquê?
Porque Pedro Passos Coelho poderá ser uma luz ao fim do túnel.
MEDIDAS FINANCEIRAS
Os portugueses concordam com o aumento de impostos, porquê?
Porque todos os dias lhe lavam o cérebro dizendo-lhes que ou isso ou a desgraça total.
Os portugueses preferiam outras alterações fiscais, porquê?
Porque, já que se tem de pagar mais impostos, que , ao menos, sejam aqueles impostos que só os outros pagam.

2010-05-19

A confissão de Sócrates

Como Sócrates confesou ser dono da estratégia económica em Portugal passámos todos a saber, de fonte insuspeita, quem é o culpado.

2010-05-17

Assim vai a educação em Portugal

Há dias, no programa “Eixo inclinado”, dedicado às nossas misérias, o Prof Nuno Crato mostrou duas perguntas utilizadas em testes do 6º ano de escolaridade (crianças de aproximadamente 12 anos):

Pergunta 1
Entre as 12 horas e as 12 horas e 25, quantos minutos há de diferença?
Claro que para ajudar a difícil resposta, havia apoio gráfico, com relógios analógicos (daí a dificuldade certamente).

Pergunta 2
Quantos são 8 a dividir por 4?
Utilizando, bocados de chocolate desenhados, para pôr o jovem em contexto (fundamental na moderna didática)

Como curioso, que sou, por estas coisas testei estas perguntas no meu neto Pedro de 5 anos.

Respondeu correctamente à primeira e não soube responder à segunda.
Teria metade da cotação, será que o meu neto é génio?
Não sei se feliz ou infelizmente julgo que não, o Pedro não é génio, o que talvez se passe é que os pedagogos de serviço no Ministério da Educação serão talvez imbecis.
Será?

A Promulgação do Casamento Gay

A declaração ao país do Presidente da República sobre o casamento homosexual, recordou-me uma história passada, de um Despacho de um antigo Secretário de Estado a propósito de qualquer coisa de que já não me recordo:
“Despacho
Concordo, contrariado
Seguia a assinatura”

2010-05-14

Mateus 18-19 (por exemplo)

Ontem ouvi uma peregrina, em Fátima, dizer que se queria aproximar do Papa para poder estar mais próxima de Jesus.Se a reflexão dessa peregrina se dedicasse mais à doutrina de Jesus do que ao “espectáculo” da Igreja, saberia que, naquele momento, Jesus estava precisamente ao seu lado.

2010-05-12

Gastar dinheiro

Todos nós, comuns mortais, individuais e organizações, sabemos o que a expressão significa, as opções a fazer, a gestão de um bem escasso.
Todavia os analistas económicos e financeiros que deveriam ver a economia como um todo como um todo global, deveriam ver que cada euro que eu pago, pago-o a alguém ou a alguma coisa que o recebe e quando eu fico mais pobre num euro, alguém ou alguma coisa fica mais rica nesse mesmo euro.
Visto de cima, gastar dinheiro é, simplesmente, fazê-lo circular, mudar de mãos, é uma mera questão de distribuição da riqueza e se a riqueza não flui, tal como se o sangue não flui no nosso corpo, é a morte que ocorre, do nosso corpo num caso ou da sociedade no outro.
Sendo evidente, há muitos especialistas que ainda o não perceberam.

2010-05-11

A Festa do Benfica

De forma penosa mas muito meritória o Benfica lá conseguiu ganhar o Campeonato Nacional de Futebol.
A festa foi como o esperado, euforia dos adeptos em todo o mundo, que tem durado até hoje.
Até a bolsa entrou em euforia e subiu espectacularmente e por mais que os especialistas arranjem outras explicações, não me restam dúvidas de que foi graças ao Benfica.
Só teve uma mancha que resulta dos preparativos da vinda do Papa, os coletes reflectores, ostensivamente verdes, que por toda a cidade, a polícia envergava.
Até a mim, que sou sportinguista, aquele verde destoou na onda vermelha.
Porque será que os coletes têm que ser obrigatoriamente verdes?
Se eu fosse do Benfica refilava.

2010-05-09

Aventura na Feira do Livro – Parte 2

Lá passei para o lado Ocidental, e comecei descendo a primeira ala.
Não sei já se nessa descida ou depois encontrei, em saldo, 3€, um livro que deveria ser obrigatório: “Vivermos e Pensarmos como Porcos” de Giles Chatelet, matemático e filósofo francês, que se suicidou uns tempos depois de publicar este livro e que apresenta uma crítica feroz ao pensamento único e ao pós-modernismo, ainda por cima mal assimilado, que enferma a nossa actual cultura global.
Já o tinha, mas por 3€ era imperdível, comprei de novo para dar a alguém que o leia, é claramente uma pérola no meio do lixo.
Chegando abaixo, voltei para cima pela segunda ala da parte ocidental.
A princípio muitas editoras religiosa, explorando a próxima visita do Papa a Portugal, aqui e além literatura infantil, fui passando mais rápido até que mais em cima me atrai uma montra cheia de George Orwell. Era a Antígona.
Procurei nas minhas referências (Orwell, obviamente está lá com alta cotação) e por uma razão ou outra comprei:
“Na penúria em Paris e Londres”
e “Livros e cigarros”
Ambos de Orwell, passei depois a Corsery (outra referência altamente cotada) e comprei a sua obra principal: “Mendigos e Altivos”.
Estava já no topo da feira com tudo visto.
Quando me preparava já para me ir embora, veio-me à cabeça um grito silencioso semelhante àquele grito de Cruges, no regresso de Sintra descrito por Eça de Queirós, nos Maia: “Esqueceram-me as queijadas!”. Só que o meu grito foi mais: “esquecera-me a Viúva Grávida!.
Se bem leram o post anterior esse era o meu primeiro motivo para visitar a Feira mas após uma visita cuidada e atenta não tinha descoberto onde ele estava.
Na Apel lá me informaram e tive que voltar, de novo para baixo até que numa das associadas da Bertrand lá consegui comprar “A Viúva Grávida” de Martin Amis.
Voltei então feliz para casa.

2010-05-08

Aventura na Feira do Livro

Abriu a Feira do Livro de Lisboa, como sempre, é uma bela oportunidade para comprar livros um pouco mais baratos e ver tudo o que aparece.
Com as ligeiras limitações que a minha doença vai impondo, planeei percorrê-la em duas etapas.
O plano foi este, almocei no Botequim do Rei, mesmo em cima do Parque e da Feira, num “self-Service” relativamente económico e mergulhei nos livros já de barriga cheia, na ala oriental mesmo por baixo do restaurante.
Tinha um livro em mente: “A viúva Grávida” de Martin Amis, que saiu há dias, editado por uma qualquer Editora, tinha ouvido a notícia na TV.
O meu interesse por Martin Amis, nasceu de uma entrevista que passou na TV e que me interessou, numa pesquisa na internet que aumentou o meu interesse e na leitura do único livro de Amis até então traduzido em português e que é o “Money”, grande livro que recomendo a todos.
Mas a Feira tem os seus encantos, tem o lixo e as pérolas e o que nos guia na busca dos tesouros, são as referências que temos, nomes que ouvimos a quem confiamos ou que lemos em livros que gostamos ou que de qualquer modo nos despertam a atenção e a curiosidade. È um mundo privado de referências que vamos construindo ao longo da vida e também de preconceitos que nos fazem fugir a sete pés.
Logo há entrada deparei com uma dessas referências: Akim Bey, e a sua TAZ “Temporary Autonomous Zone” que já tinha lido, extraído da net, na língua original mas que agora via em português, editado pela frenesi, “Zona Autónoma Temporária” e apenas por 5 Euros. Comprei 2 exemplares, um para mim e outro, a ver vamos.
Depois, logo a seguir havia um espaço dos Açores onde perguntei, mais uma vez, em vão, pelas “Ilhas Encantadas” de Raúl Brandão.
Eu nunca li as “Ilhas Encantadas” de Raúl Brandão mas já li de Raúl Brandão o “Húmus”, “El-Rei Jounot” e “Sonhos”, o suficiente para perceber que é um dos maiores escritores da nossa língua, injustamente esquecido. È um prosador-poeta, estou certo de que não haverá melhor livro sobre o arquipélago Açoriano do que “As ilhas Encantadas”. Todavia nem nos Açores nem aqui o consigo encontrar. Porquê?
Como um miúdo numa loja de doces ou de brinquedos, continuei feliz a minha busca.
Mais adiante encontro o mais belo poema do século XX, a “Tabacaria” de Fernando Pessoa ou melhor, de Álvaro de Campos, com a versão original do poema e ainda as versões francesas, castelhana, italiana e inglesa.
Comprei esse livro.
Lembrei-me da história de António Tabuchi que mudou a sua vida e aprendeu português, apenas por ter lido a versão francesa da “Tabacaria”, “Bureau de Tabac”, a impressão que essa leitura lhe causou fê-lo querer sentir esse poema na língua original.
Quando estive em Belgrado conheci Remy, um Sérvio que falava de Fernando Pessoa, talvez lhe envie agora a versão inglesa, embora já a deva ter.
Já no fim dessa ala, estava o pavilhão dos pequenos editores e lá comprei mais um livro, referência militante, da editora Via Óptima, “A História de B” de Daniel Quinn, para oferecer, cumprindo uma promessa.
Chegando abaixo rodei para cima pela segunda ala oriental.
A feira este ano está mais rica em farturas, café e cerveja e pequenas esplanadas onde parei para uma pausa e um cigarro.
Numa banca da Alfaguara, foquei a atenção num romance Valter Hugo Mãe.
Quem é Valter Hugo Mãe? Para mim é uma referência breve de uma ou duas vezes em que o ouvi falar da sua obra, é um jovem escritor, da nova geração a quem tenho de dar o benefício da dúvida, além de que o título me atraía “A máquina de fazer espanhóis”.
Comprei-o para o ler um dia e promovê-lo na minha lista de rederências ou, eventualmente bani-lo de vez.
Cheguei finalmente ao topo da segunda ala oriental, metade da feira estava vista seria aí o suposto fim da primeira visita.
Porém sentia-me bem, a doença, ELA, parecia que me tinha abandonado transitoriamente, resolvi prosseguir para a primeira ala do lado Ocidental
Mas como o relato vai longo, depois contarei o resto

2010-05-02

Interpretações

O que mais admiro num intérprete é essa noção difusa, indefinível a que se chama precisamente a interpretação, a forma como consegue transmitir as emoções contidas na obra que interpreta.
Para exemplificar esta noção escolhi uma obra bastante conhecida, pelo menos pelos da minha geração, e que é “Just like a rolling Stone” de Bob Dylan.
Curiosamente de Bob Dylan que é ele próprio conhecido por nunca interpretar duas vezes da mesma maneira a mesma canção e impediu-me de encontrar a sua interpretação original que ficou mais conhecida pela gravação em disco.
O poema relata-nos a história de alguém bem sucedido na sociedade, orgulhoso e confiante, desprezando toda a marginalidade e que se vê subitamente caído, ele próprio, nessa marginalidade
A interpretação de BobDylan, traduz aquele misto de escárnio e superioridade moral por aquela lição de vida tão justa e apropriada.
No fundo procura dizer bem feita e foi desta mesma forma que os diversos intérpretes dessa mesma canção a têm interpretado, como Mick Jagger e os Rolling Stones a interpretam no filme que segue.



E é uma excelente interpretação digna da igualmente excelente interpretação original de Dylan.

Mas há dias conheci uma abordagem diferente ao mesmo poema, à mesma história.
Trata-se da interpretação de Barb Jungr, a quem o poema apenas lhe transmitiu tristeza simpatia e solidariedade e é precisamente esse sentimento que transmite aqui também excelentemente.
Quase que parece outra música





Por ultimo fica uma interpretação mais recente desta mesma música por um Bob Dylan muito mais velho e que se apresenta de forma muito diferente da original.
Aqui também já uma certa tristeza pela situação se começa a vislumbrar.




De qualquer forma são 3 excelentes interpretações, todas diferentes e todas brilhantes.