2008-06-30

Ontem Marcelo lavou-me a alma

Logo depois da minha crónica abaixo sobre o Ministro da Agricultura, Marcelo Rebelo de Sousa foi ainda mais longe do que eu.
O Sr .Ministro da Agricultura, tem a filosofia do Zé Povinho, só ele Ministro é honesto e trabalhador, todos ou quase todos os agricultores e pescadores são uns párias da sociedade, vivem à custa duns subsídios de Bruxelas, que ele gere, e não querem fazer nenhum.
A sua receita permanente a sua visão política a sua filosofia é: “vão trabalhar malandros”.
Imagine o leitor que o seu banco, aumento para o dobro o seu serviço de dívida, de um dia para o outro, e quando o leitor protesta e tenta uma renegociação da dívida lhe diz assim: “amanhe-se, vá trabalhar à noite se for preciso, aumente a sua competitividade seu caloteiro”, penso que o leitor não gostava, mas é exactamente como este hipotético banco que o Sr. Ministro tem actuado perante a sua clientela de agricultores e pescadores.
Os funcionários não são diferentes dos agricultores e pescadores, é tudo a mesma corja e toca a disponibilizar a torto e a direito sem considerar o que é ou não necessário fazer.
É com esta visão iluminada que o Sr. Ministro tem conduzido o Ministério e foi talvez por isso que Marcelo Rebelo de Sousa, ontem, meses depois do seu medíocre menos, lhe baixa a nota até ao nível da nulidade, o Ministro mais incompetente que já se viu, disse.
Entretanto o Sr Ministro já se queixou à comunicação social, já disse “Oh senhora, aquele menino bateu-me!”

Viva a Espanha

Finalmente o coração conseguiu bater o cérebro.
Nós e os Turcos fomos vingados.

2008-06-27

Mais vale tarde do que nunca

A realidade é que os media nem se apercebem de que existem Ministros da Agricultura e estes lá vão sobrevivendo sem grande esforço e não obstante serem ou não minimamente competentes. Agricultura e desenvolvimento rural ? Who cares !
Jaime Silva tem sido um desastre ambulante, veio com o rótulo de bom e experiente técnico de Bruxelas que ninguém se preocupou em confirmar. Na realidade nem sequer compreende minimamente os objectivos e as medidas da chamada Política Agrícola Comum, PAC em cuja a restruturação agora participa representando Portugal.
A máquina do Ministério tem sido tão bem afinada que já nem funciona minimamente.
Mesmo quando Marcelo Rebelo de Sousa, nas suas notas, lhe deu medíocre menos, ninguém ligou.
Todavia após uma desastrosa carreira, foi apenas a partir de um pequeno “lapsus linguae” que as atenções se voltaram para ele e começaram ver nele um homem a abater.
Antes assim, mais vale tarde do que nunca

2008-06-23

A viagem

Eu adoro as tecnologias modernas, elas, enfim..., toleram-me. É um pouco como algumas mulheres jovens e bonitas que casam com velhos endinheirados: eles enchem-nas de mimos e atenções, elas são-lhes agradáveis mas não perdem uma ou outra ocasião para lhes ir fazendo sentir que já não têm pedalada para elas e o que lhes interessa mesmo é simplesmente o seu dinheiro e a vida que ele proporciona, são casamentos de interesse, assim é o meu com as NTI.
Nesta viagem fui guiado por GPS e cumpri fielmente as suas indicações mesmo as que me pareciam absurdas, isto até um certo ponto, é claro.
Depois de muitos saltos em Espanha, de autovia para autovia de autovia para autopista e de autopista para autopista e para autovia, sem nunca perceber bem onde estava, foi com satisfação que vi pela primeira vez uma placa que dizia “Francia”, pois foi precisamente aí que o meu GPS me mandou mudar de rumo.
Pensei para comigo “devem haver outras fronteiras para França, talvez o GPS saiba melhor” e obedeci.
Depois de mais autovias e autopistas, vi, de novo, o sinal prometedor “Francia” e, também de novo o GPS me mandou mudar de rumo. Voltei a fazê-lo e tudo se repetiu ainda outra vez até que a comecei a ter, com nitidez, a estranha sensação de “déjà vu”. Foi só depois de pela quarta vez ver a placa que dizia “Francia”, e ver a mesma torre de igreja à direita e tudo o resto igual que percebi finalmente. “o GPS estava a gozar comigo !” estava a manter-me num círculo infernal.
Desobedeci finalmente e segui o letreiro da estrada e é só graças a isso que estou hoje aqui a contar a história, se tivesse sido fiel até ao fim ainda agora estaria às voltas de autovia para autovia.

2008-06-20

Retorno à rotina

Terminou a aventura.
Dediquei estes poucos dias de férias à presença num casamento em Manosque, França mas não foi num casamento, como aqueles em que muitos portugueses participam, de descendentes de familiares em tempos emigrados, não, foi um casamento francês mesmo, da filha Cécile do meu amigo Bernard.
Em todo o caso, a presença permanente da diáspora portuguesa não me deixou esquecer o meu país.
Manosque fica na Provença, não muito longe da Suíça e da Itália, junto aos Alpes franceses e eu parti de Lisboa, de carro, o mais próximo que consegui do ir a pé, que é, para mim, a verdadeira maneira de viajar e de conhecer novas terras. De qualquer forma foi já suficiente para me proporcionar muitas experiências e fontes de reflexão interessantes, algumas das quais darei conta aqui futuramente.
Por agora limito-me a esta constatação da presença portuguesa permanente, na estrada em camiões e carros e nas povoações onde se viam bandeiras portuguesas mesmo nas terras mais insignificantes, suponho eu que devido ao Europeu de futebol, hoje já de saudosa memória, mas também, de forma mais permanente e estrutural. Em Andorra, conversando com uma das recepcionistas portuguesas do hotel, falávamos das línguas desse interessante Principado: dizia-me ela “aqui a língua oficial é o Catalão, a segunda o Castelhano e a terceira...”, “o francês ?”, perguntei-lhe eu, convencido da resposta, “não, a terceira é sem dúvida o português !”.
No casamento, entre os convidados do noivo, lá estava um senhor Martin, filho de um português e de uma mãe francesa que o proibiu sempre de falar português na sua infância (língua menor dos pobres deserdados, pensaria ela) todavia o Sr.Martin fala agora um português fluente, aprendido apenas nas visitas à família e, a sua filha ainda criança, começa já a falá-lo também.
É assim que mesmo maltratado e desprezado pelo poder e graças sobretudo também aos nossos irmãos do Brasil, que são muitos e também estão por todo o lado, o português permanece e fortalece-se enquanto o antes forte e muito apoiado francês mingua e perde terreno.

2008-06-08

Insólitos tecnológicos

Ontem, antecipando alguns dias de férias que se aproximam, resolvi tratar-me bem.
Acordei tarde, regulei a temperatura do termostato da torneira da banheira, abria-a, esperei calmamente que ela se enchesse, deitei umas gotas de essência de lavanda, entrei no banho, carreguei no botão que liga a hidro-massagem, noutro botão regulei a intensidade para forte, estendi-me na banheira para sentir a massagem, olhar o turbilhão que se gerou, libertando o aroma da lavanda e relaxar.
Foi curto esse prazer, de repente vejo a debater-se com as águas uma mancha castanha, concentro a atenção e destingo mesmo o cadáver de uma enorme barata, das grandes, das californianas, com uns 3 cm de comprimento.
Salto do banho e vejo a água cheia de pequenos resíduos negros, certamente vestígios de lautas refeições deixados pela barata em prejuízo da conservação das borrachas e sei lá que mais que mantem aquele sistema a funcionar.
Descartei-me do cadáver, esvaziei a banheira e limitei-me a tomar um duche rápido reflectindo que é certo que todo o meu plano foi destruído mas a minha vingança foi terrível como a ira de “deus”.
Aquela barata, lutando pela vida, como todos nós, naqueles seus aposentos dentro da canalização da minha hidro-massagem, sofreu, sem sobreviver a um terrível “tsunami” que ficaria na história das baratas se houvesse essa história.

Entretanto também sucumbi ao sentimento da obsolescência psicológica:
Aquele meu velho computador, que ia cumprindo com esforço o seu papel, mas cumprindo sempre, embora já com próteses, e que me lembrava já uma vacaria, troquei‑o pelo painel de controlo de uma nave espacial.
Tem sido uma odisseia a repor todos os programas, endereços, mensagens, vícios, esquisitices que me são já essenciais. Uma grande luta foi com o “pop3” do “gmail”. Queria trazer de novo o “gmail” para o “outlook express”, após várias horas de luta consegui mas qual não foi o meu espanto quando - não, não me saiu uma barata pelos altifalantes- apenas o outlook começou a vomitar todos, mesmo todos, os e-mails que recebi e que enviei desde 2005 e que estavam escondidos nalgum canto escuro do imenso “server” do “gmail”. São vários milhares, debitados em pacotes de aproximadamente 200 de cada vez, neste momento ainda estou em Março de 2007.
Ainda comecei a apagar tudo à medida que chegavam mas depressa me cansei e, depois veio-me a nostalgia de relembrar trocas de e-mails perdidas no tempo.
Alguns que já tinha apagado e esquecido, voltaram agora à minha presença.
Vai-me dar muito trabalho nestas minhas férias mas sabe-me bem esta 2ª oportunidade de reviver o passado, que me foi proporcionada.

2008-06-07

A clarividência de Vasco Pulido Valente

O brilhantismo de Vasco Pulido Valente chega sempre à mesma conclusão:
São todos meio imbecis e nada serve para nada.
Já sabíamos, obrigado.

2008-06-03

O dinheiro dos nossos impostos

É comum ouvir-se as pessoas referirem-se ao dinheiro do tesouro nacional como o nosso dinheiro.
É falso.
Eu não tenho capacidade para aplicar um cêntimo desse dinheiro em qualquer coisa de útil, não é meu.
Não o confiei ao Estado, livremente para que ele o gerisse por mim, como quem estabelece um contrato do tipo, “eu pago-te isto e tu tapas os buracos que se vão abrindo na minha rua”, não há qualquer contrato ou compromisso associado, não tenho nada a ver com esse dinheiro, foi-me tirado há força no montante e no momento que me impuseram.
Qualquer argumentação que envolva ideias como a de um contrato socialmente implícito, não colhe, não existe qualquer liberdade contratual, não posso nem sequer não aderir, ninguém perguntou a minha opinião nem se eu queria.
A legitimidade do imposto não reside no direito mas na força e é por isso mesmo que se chama “imposto”.
Para quê manter então essa falsa ilusão de que é o nosso dinheiro que está ali a ser (mal) gerido. Uns pensam ingenuamente que com essa chamada de atenção, essa lembrança de que esse dinheiro já foi nosso um dia, comova o governo e o torne conscencioso. Santa ingenuidade, é como pedir ao ladrão que nos rouba: “Sr. ladrão lembre-se que o que o Sr. aí leva é o meu dinheiro, use-o muito bem !”, não creio que o faça.
O pior é que essa argumentação não nos serve para nada, serve os governos, no seu propósito de o gastar a seu bel-prazer. Podem sempre invocar que sim que é muito importante fazer qualquer coisa que me é necessária mas tenho de compreender que esse dinheiro é de todos os portugueses, que há outras prioridades, enfim, que nunca é para o que eu preciso.
Ainda ontem, no “Prós e Contras”, Judite de Sousa cometeu esse erro, lembrar aos pescadores que a justa ajuda que eles reivindicam é paga com o “nosso” dinheiro. È claro que o Secretário de Estado abriu um sorriso de orelha a orelha, nesse momento o problema deixou de ser dele e passou a ser de todos os portugueses, safa !
Argumentos desses só têm uma resposta possível:
Ah O dinheiro é seu D. Judite ? então faça a Sra. o favor de resolver o meu problema.