2010-07-29

A importância estratégica

Agora já sabemos qual era a importância estratégica fundamental para o país, que Sócrates referiu para usar a sua polémica “golden share” na PT.
Valia precisamente 350 000 Euros!

2010-07-25

O mercado divino

Harvey Cox é um professor de religião, de Harvard, agora aposentado.
Como ele próprio refere, foi com surpresa que ao se dedicar a analisar o mundo da finança e da economia “the real world”, o mundo real, como lhe diziam, não encontrou mais do que uma variante do seu mundo habitual de especialidade, as religiões.
E aí detectou o “deus mercado”, com todos os atributos dos outros deuses: a omnipresença, a omnisciência e a omnipotência, os seus sacerdotes, os seus locais de culto, os seus milagres e as suas punições.
Está tudo neste artigo, em Inglês, que não tive pachorra para traduzir, embora valha a pena ler.
É uma artigo pleno de sabedoria e de clarividência.
A quem domine minimamente o inglês, recomendo a sua leitura vivamente

2010-07-14

O que é que o episódio de Alexandre Magno e do nó Górdio, poderá ter a ver com Sócrates e a golden share na PT (explicado às crianças).

PARTE IV e última
Pois é não foi amanhã como prometi no último episódio mas foi depois de amanhã.
Mas vamos ao que interessa:
Como vimos o Estado tem a seu cargo os chamados serviços essenciais, aqueles que não podem falhar sem grande dano para os cidadãos, como a recolha do lixo, de que já falei, mas também a distribuição de energia e de água, por exemplo, e isto para que se não caia no risco de em mãos privadas eles falharem em qualquer ponto simplesmente porque não dão lucro.
Estes serviços ,contudo, são provisionados pelo mercado, eu pago a electricidade e a água que consumo e como são produtos essenciais têm venda praticamente garantida e todos os privados querem negócios destes.
O Estado, por outro lado, dá-lhe jeito vender estes serviços, porque arrecada mais algum dinheiro e não tem o trabalho nem os custos para os manter.
Assim tudo se conjuga para que o Estado venda essas empresas aos privados, só que há um problema, é que quando vende já não é dele e assim não pode mandar.
Mas como o Estado é engenhoso inventou um processo.
Perguntou, não posso mandar porquê? Se eu não mandar os malandros dos privados ainda lhes vão faltar posso criar uma figura chamada “golden share” “acções douradas”.
A Opinião pública, os cidadãos, percebem isto, faltar a luz e a água é que não, pois que seja que o Estado a continuar a mandar.
Com a opinião pública favorável, os privados pensam assim: “que seja, já que os lucros continuam nossos”, se houver algum problema logo vemos.
E a tal “Golden Share” é criada e diz mais ou menos isto, o Estado não põe dinheiro nesta empresa mas pode mandar nela sempre que seja preciso.
O que é normal é que sejam os donos a mandar, mas o Estado entende que isso não está escrito em lado nenhum e manda a espadeirada como Alexandre Magno madou no nó górdio.
E tal como para o Alexandre resultou, foi assim que o Estado português mandou na PT mesmo que da PT só tenha um bocadinho equivalente às torneiras do lavatório.
Como já disse, na história do Alexandre Magno não apareceu nenhum juiz a acusá-lo de batota, mas no caso português já apareceu um Juiz da União Europeia a dizer isso mesmo.
Mas como diz o povo: “enquanto o pau vai e vem, folgam as costas” e estas pauladas vão ser a rítmo de caracol e no fim, mesmo que tudo corra mal, logo se inventa outra solução.
Para inventar os seres humanos são especialistas, essa é que é essa.

2010-07-12

O que é que o episódio de Alexandre Magno e do nó Górdio, poderá ter a ver com Sócrates e a golden share na PT (explicado às crianças).

PARTE III
Meus amigos, deixemos a Frígia, há muito, muito tempo.
Abram as vossas asas, liguem os vossos reactores de imaginação e voem pelo espaço e pelo tempo até um cantinho no Ocidente da Europa, chamado Portugal, e posem no ano de 2010.
O que se vê e se vive é a chamada civilização.
Como sempre, nos locais civilizados, existe um Estado, com o seu governo e com todo um aparelho de administração, de serviços públicos e de polícia e existe um mundo, dito privado, de lojas, de fábricas, de escritórios, que também nos prestam serviços e nos vendem coisas.
Como sempre, é o dinheiro que domina tudo e que tudo permite mas também que tudo nos impede, o dinheiro é como se fosse o sangue da sociedade.
E isto é válido tanto para o Estado como para o mundo privado, mas há uma súbtil diferença, o mundo privado pretende sempre ganhar mais e mais dinheiro é só para isso que trabalha. O Estado é mais movido pelo poder, pela possibilidade de mandar, embora que sem dinheiro também não mande nada.
Outra diferença é como o mundo privado e o Estado ganham o seu dinheiro.
O mundo privado recebe-o de nós directamente sempre que nos vende alguma coisa ou no faz qualquer serviço. É provisionado pelo mercado, como dizem os especialistas que sabem destas coisas de dinheiro.
O Estado vai-nos fornecendo serviços e coisas gratuitas, como as ruas e os jardins e os parques infantis que faz, a escola e os hospitais para quando estamos doentes , e cobra tudo por junto através dos chamados impostos que, como o nome já diz, são mesmo impostos, à força, vêm do seu poder, do tal poder do Estado. Os especialistas chamam a esta maneira de cobrar dinheiro, provisão pública.
Isto foi assim pensado no princípio da civilização e tinha uma razão de ser, como os privados só pensam em ganhar dinheiro, por exemplo, podiam não estar para vir buscar o meu lixo, por ser muito longe para eles e eu não ter dinheiro para pagar todos os custos que teriam para o fazer, esse tipo de serviços essenciais, como a recolha do lixo, é, então, geralmente feito pelo Estado, que apenas cobra por grosso e de forma proporcional ao rendimento dos cidadãos (pelo menos teoricamente) permite fazer tudo por todos independentemente das condições de cada um.
Estas eram contudo regras não escritas e, como Alexadre Magno ao partir a corda do nó górdio, com a sua espada,porque ninguém lhe disse que assim era batota (lembram-se dele), muitos começaram a usar as falhas das regras para seu proveito, como se vai ver.
Hoje, à medida que a civilização evoluiu as coisa começaram a ser mais complicadas e misturadas, muitos privados começaram a usar provisão pública para ganharem o seu dinheiro, é o caso, por exemplo, da internet e da TV por cabo que eu pago todos os meses independentemente de usar a internet ou ver a TV muito pouco ou nada. Por outro lado o Estado começou a usar a provisão pelo mercado para ganhar o seu dinheiro, como, por exemplo nas portagens da auto-estrada e nas chamadas taxas moderadoras dos hospitais.
Hoje já é normal para o estado usar expressões tipo “utilizador pagador” e coisas semelhantes que lhe permite arrecadar dinheiro de forma mais expedita e isto para além dos impostos, é claro, porque esses nunca acabam, o nó górdio foi quebrado à espadeirada.
Por agora fico por aqui, amanhã lá chegarei à “golden share”, espero.

2010-07-11

O que é que o episódio de Alexandre Magno e do nó Górdio, poderá ter a ver com Sócrates e a golden share na PT (explicado às crianças).

PARTE II
Ainda se lembram da história que eu contei ontem?
Essa história, como todas as outras histórias antigas e que persistem até hoje na memória de muita gente, assim como muitas histórias infantis, como a do capuchinho vermelho e a da branca de neve, procuram dar-nos ensinamentos, têm geralmente aquilo a que se chama uma mensagem semi-oculta que temos de descobrir e que cada um vai descobrindo à sua maneira, têm aquilo a que se costuma chamar uma moral.
Vejamos a moral desta história.
Toda a gente pensava, naturalmente, que o difícil seria desatar aquele nó, com as mãos, com muita habilidade, compreendendo como a corda se entrelaçava e desfazendo esse entrelace.
Mas isso não estava explícito em regra nenhuma, porque não precisava estar, toda a gente entendia que teria que ser assim.
Mas para isso já havia 500 anos de pessoas a tentar e o certo é que ninguém tinha ainda conseguido.
Aliás é por essa razão que se dá hoje o nome de” nó górdio” a qualquer problema que ninguém consegue resolver.
Alexandre Magno, que já sabia isso tudo e sabia também que certamente, como todos os outros, também não conseguiria desatar o nó, mas que sentia também que era muito importante para ele porque lhe daria muito poder e que ninguém lhe tinha imposto regras e que a sua espada cortaria toda a corda com facilidade, escolheu esse caminho mais fácil, o único ao seu alcance.
Hoje, nessa história, admiramos Alexandre Magno que assim conseguiu o que queria e que aproveitou uma falha do sistema, tirando partido dela.
Na história, poderia ter aparecido um qualquer mago ou juiz que dissesse a Alexandre que o que ele fez foi batota e lhe tirasse o reino, mas de facto não apareceu e a moral da história ficou, mais ou menos, assim: que é justo usarmos toda a nossa habilidade e também a esperteza para conseguirmos vencer os obstáculos que nos são colocados.
Essa moral tem orientado, até hoje, muita gente no mundo em situaçõe reais.
Poderia talvez formular-se assim: se o objectivo é muito importante todos os meios, que ninguém ponha em causa com sussesso,poderão e deverão ser usados.
Os exemplos são muitíssimos no desporto, na guerra, na economia e nas finanças mas perderia muito tempo a apresentá-los aqui, neste momento.
Continuarei então amanhã.

2010-07-10

O que é que o episódio de Alexandre Magno e do nó Górdio, poderá ter a ver com Sócrates e a golden share na PT (explicado às crianças).

PARTE I
Amiguinhos, começo por uma história antiga.
Conta-se que há muitos, muitos anos na Frígia havia um rei que estando a morrer sem ter deixado sucessor, anunciou que o próximo rei chegaria num carro de bois.
Certo dia chegou à Frígia um camponês, chamado Górdio, num carro de bois, tal como dizia a a professia e que assim conseguiu herdar o trono.
Górdio foi então Rei e como foi o facto de ter chegado nesse carro de bois que lhe deu o reinado, resolveu atar esse carro, com umas cordas, tão apertado e tão bem feito, “não fosse o diabo tecê-las”, que ninguém conseguia desatar.
Muitos tentaram, tanto mais que se começou a dizer que quem desatasse esse nó viria a ser o novo rei.
E, durante 500 anos, ninguém conseguiu desatar o tal nó Górdio (ou o nó do Górdio, mais propriamente).
Como a Frígia viveu sem rei todos estes anos, não me perguntem, porque a história não reza, mas presumo que viveram muito bem e felizes.
Mas certo dia chegou Alexadre Magno ou o Grande, que é o que “magno” também quer dizer.
Alexandre Magno era um pouco o que agora chamamos: chico esperto, não queria saber de regras, como muitos de vocês amiguinhos, mais a mais não havia normas escritas,”desatar o nó o que é? É soltar o carro evidentemente, com um golpe de espada parto estas cordas todas e pronto”.
E assim fez, cortou as cordas com a sua espada e ficou Rei.
Esta história ficou desde aí, até à memória de hoje como um hino à “chico espertice”Alexandre Magno foi Rei da Frígia e de grande parte da Ásia Menor (esta parte já não é estória, é mesmo história).

2010-07-07

Notícias

Ontem e ainda hoje, um pouco, os media ocuparam vários minutos dos telejornais para nos dizer e demonstrar com factos e entrevistas que está muito calor, que a proximidade à água ajuda, que temos de beber muito, àgua, de preferência, mas umas minis também têm muita àgua e também podem ajudar.
O ar condicionado sabe bem mas os táxi não têm porque sai muito caro e sem aumentar as tarifas, não dá.
Ficámos todos muito informados e esclarecidos.
Como viveríamos sem esta maravilha da tecnologia.
Ainda morríamos para aí de calor sem mesmo darmos por isso.

2010-07-01

As SCUT

Sempre me intrigou esta expressão.
Não que eu não ouvisse a interpretação, para os media sempre foi simples: “Sem custos para o utilizador”.
Eu pensava: “O S dá para sem, o C, dá para custos, mesmo o U sugere utilizador mas onde estará o P para para e aquele T o que quererá dizer ?
Fui consultar o “site” do ciberdúvidas e lá estava, a propósito do plural, SCUT é um acrónimo que significa “Sem custos para o utilizador”, não tem plural com s, naturalmente, uma SCUT, duas SCUT.
A dúvida persistiu, será que o T é a segunda letra de utilizador?
Consulto “acrónimo”e leio textualmente: “significa o seguinte: palavra formada pelas letras iniciais de várias outras palavras que constituem uma denominação e que se pronuncia como uma palavra normal.”
Formada por iniciais, dizia o meu velho e excelente mestre: José Neves Henriques, que acrescenta, como é seu apanágio, a explicação etimológica, vem do Grego “akron” que significa “extremidade.
O T das SCUT persiste misterioso, não é extremidade de nada.
Agora, com a nova política de Sócrates, começo a perceber.
SCUT deve ser mesmo: “Sem Custos, Uma Treta.”
Fiquei confortado por ter finalmente uma luz de compreenção.