2006-02-28

Ontem

A guerra chegou à minha porta.
Quando regressava a casa 2 carros de bombeiros bloqueavam o acesso.
Numa cesta articulada a uma espécie de guindaste, 2 bombeiros com máscaras e armados de sacos de plástico eram erguidos para o telhado do meu prédio.
Rapidamente fizeram a colheita de pombos e rolas mortas, suponho eu, porque são aves abundantes na zona, e desceram com os seus sacos cheios.Em poucos minutos desarmaram o “circo” e seguiram viagem, esperemos que sem o malfadado H5n1.

2006-02-21

A guerra

Tenho para mim que o fim da espécie humana, quando e se chegar um dia, será por via de um qualquer vírus. Como penso aliás que terá sido um virus que já liquidou os velhos dinossauros, porque essa velha teoria do meteoro gigante que elimina os dinossauros em todo o lado e deixa incólumes os mamíferos não me convence de modo nenhum.
Os virus são uma maravilha da natureza na sua complexa simplicidade e inexpugnáveis na sua fragilidade.
O seu segredo é a rápida capacidade de penetração, a verdadeira “blitz krieg”, a capacidade de dissimulação e, sobretudo, a enorme capacidade de adaptação a novas situações.
A espécie humana, todavia é um osso bem mais duro de roer do que os dinossauros, outra maravilha da natureza:. “What a piece of work is man !” como dizia Shakespear “How noble in reason ! how infinite in faculties ! in form and movement how express and admirable ! in action how like an angel ! in apprehension how like a god ! the beauty of the world ! the paragon of animals !”
Temos assim uma guerra de “gigantes” entre dois extremos da evolução.
É assim que eu observo a tremenda batalha que se aproxima.

2006-02-16

Crónica de Dublin

“Dublin fair city, where girls are so pretty”
O irlandeses sempre foram o meu povo preferido da Europa e, por qualquer razão misteriosa, sempre vi nos irlandeses, também, uma grande simpatia por nós. Para mim foi o sangue e a cultura celta que deixou a sua marca nos celtiberos, nossos avôs, depois terá sido uma certa partilha de destinos, de pobres da Europa, a Irlanda é outro país europeu onde a expressão “desenrasca” é bem compreendida.
Foi assim apreensivo que vi nos últimos anos a Irlanda passar da cauda da UE, onde abanava connosco, para o clube dos mais ricos da Europa.
Há 6 ou 7 anos que não vinha a Dublin e estava curioso para ver até que ponto a riqueza lhes subiu à cabeça e depois aquela política “fascista” anti-fumadores que me parecia tão pouco irlandesa.
Logo que saí do aeroporto e me meti num taxi, descansei um pouco, perguntei ao condutor se tinha de apertar o cinto de segurança traseiro ao que ele me respondeu “se quiser”, “ainda bem que não é obrigatório” disse eu, que não o queria usar, “não senhor, é obrigatório por lei mas os ”dubliners” geralmente não o apertam !”, respondeu-me ele, “graças a Deus ainda estou na Irlanda de que gosto”, pensei eu.
No fumo é que não há nada a fazer, não se fuma mesmo em nenhum espaço fechado, nem mesmo num gabinete de trabalho onde se está só. Na rua, é claro só se vê gente de cigarro na mão, em frente de portas, tremendo de frio, deambulando pelas ruas. Vários “pubs” e restaurantes têm esplanadas ou pátios aquecidos, o que lhes sai caríssimo, mas é a única resposta possível, não consegui ver nenhum caso de desobediência civil.
Individualmente, todavia, continuam, afáveis e simpáticos, e há uma coisa nova, a presença da língua irlandesa aumentou substancialmente, tudo é bilingue, eu, é claro, não percebo uma palavra, mas gosto deles assim.
Em resumo, ainda temos Irlanda, negativo só os cigarros e a gastronomia que é uma merda.
A imigração também aumentou a olhos vistos, asiáticos são mato, a servir mesas e em balcões de lojas.

2006-02-09

Estou numa posição privilegiada

Para julgar a OPA de Belmiro sobre a PT, abandonei a NETCABO (PT) e aderi à CLIX (Belmiro), e posso vos dizer de minha justiça:
A netcabo (PT), se bem que tenha melhorado precisamente nos últimos dias antes da minha deslocalização era de facto fraquíssima, apoio a clientes quase nulo, serviço de qualidade instável, falta de respeito generalizado pelo cliente, preço excessivo. Quanto à CLIX (Belmiro), pelo que tenho podido observar até ao momento, tem um apoio a clientes quase nulo, serviço de qualidade instável, falta de respeito generalizado pelo cliente, preço excessivo. Tem porém uma pequena vantagem, a música que acompanha as nossas prolongadas esperas pelo atendimento do telefone, não sendo brilhante, é bem melhor do que a da netcabo, e debita uns “Yoopees” vibrantes que predispõem à boa disposição.
Dito isto, estou moderadamente confiante na OPA, a música talvez venha a ser outra, um pouco melhor.

2006-02-08

A perspectiva ontológica implícita no pensamento único

Ao ouvir, mais uma vez, na rádio que, já não sei que estudo científico demonstrava claramente que já não sei que substância das nossas relações matava seres humanos como tordos, como sempre, fez despontar em mim a eterna questão: “já sei que se ingerir aquela substância contribuo significativamente para a minha morte mas se não a ingerir, será que não morro ?”, “Não”, responderá o pensamento único “mas assim terás uma morte prematura”.
Faço as minhas contas: (não sei quando) menos n anos é igual a (não sei quando), “Fico na mesma, prematura em relação a quê ?”.
Seguindo por este raciocínio lembrei-me de uma história passada comigo há muitos anos:
Tinha então vinte e tal anos e foi a primeira vez que tentei patinar no gelo, nos EUA.
Com alguns camaradas decidimos ir experimentar a patinagem no gelo, o homem que alugava os patins, vendo-me com cara de estrangeiro de paragens mais quentes perguntou-me: “já alguma vez patinou no gelo ?”, “não” respondi-lhe “só sobre rodas”, “então não precisa pagar o aluguer, mantenha os joelhos unidos”. Esta oferta e este conselho, alertara-me para a responsabilidade do momento, as gargalhadas que iria certamente proporcionar com as minhas quedas desastradas valiam mais do que o aluguer dos patins, decidi então não me dar ao desfrute.
Concebi a seguinte estratégia, em vez de andar atarantado perto da balaustrada com a mão a uns centímetros desta, fazendo a figura típica de principiante, enquanto crianças de apenas 6 ou 7 anos deambulam elegantemente por toda a pista, dou um impulso e deslizo para o meio e aí, sou forçado a patinar mesmo.
E assim fiz, cheguei lenta e equilibradamente ao meio da pista e só então caí na realidade: “e agora Nuno ? o que é que fazes ?”, lá tentei dar uns paços tímidos e deslocar-me uns centímetros mas o risco de me estatelar era enorme, fiquei quieto pensando que pelo menos assim passava despercebido mas sem saber bem como haveria de sair dali.
Os acontecimentos seguintes castigaram a minha soberba: subitamente, um a um, todos os patinadores saíram da pista e entrou uma máquina gigantesca que fazia a limpeza do gelo e a sua conservação.
E assim ficou a máquina e eu, sozinho, no meio da pista, com todos os olhos virados para mim, sem me conseguir deslocar.
Por fim, este momento lamentável foi ultrapassado por um jovem patinador que entrou na pista, patinou até mim e agarrando-me nas mãos me rebocou para fora entre os aplausos e o gáudio geral. Só de uma coisa me gabo, de facto nunca caí !
A minha estratégia conduziu a situação ao pior resultado possível e percebi então que teria sido bem melhor ter saído pelos meus pés ainda que me estatelasse uma ou duas vezes.
Pensará agora o leitor mas o que é que esta estória tem a ver com “a perspectiva ontológica implícita no pensamento único” ?
Pois tem tudo a ver: assim como eu privilegiei manter-me em cima dos patins em vez de patinar e me dei mal, o pensamento único privilegia o mantermo-nos vivos em vez de vivermos, e penso que assim também nos daremos mal, os “prozac” e os "xanax" que o digam.
Há a ideia implícita nesse pensamento de que nós poderíamos viver eternamente, se conseguíssemos evitar todas as agressões que nos podem matar: germes, tabaco, sal, ausência de exercício, acidentes, virus, bactérias diversas e tudo o mais que se vai descobrindo.
O que a ciência nos diz, todavia, é que ainda assim morreríamos, porque a morte faz parte da vida e nem mesmo teria sentido falar em vida se não existisse a morte.
A existência tem sempre princípio meio e fim.
O importante será tentarmos viver alegre, útil e reflectidamente, enquanto isso nos for concedido.

2006-02-02

A música agora é outra

Já aqui (no fim da página, num dia 4 desse velho ano de 2003) falei de Damien Saez, pois ele aqui está, para os que quiserem ouvir picando na geringonça aqui ao lado direito.
Isto, é claro, se conseguirem porque esta tecnologia também tem os seus mistérios e parece que só alguns escolhidos conseguem ouvir.

2006-02-01

Bill Gates 2

Eu bem sei que, muito provavelmente, se eu estou aqui, calmamente, a escrever neste blogue, alguma coisa tenho que agradecer a esse senhor Bill Gates, mas tenho para comigo que se não fosse a ele seria a outro qualquer e, de qualquer modo, já lhe paguei e continuo a pagar esse favor bem pago.
De qualquer forma ficam aqui os meus agradecimentos pelo seu contributo para com a humanidade: obrigadinho ò Bill.