2004-10-31

O caso Venezuela

O tratamento dos media ao caso da prisão da tripulação e passageiros de um voo charter para Lisboa, por posse de 400 Kg de cocaína, é um caso deveras interessante de seguir.
A última notícia que ouvi, dita como se fosse o caso mais natural do mundo:
- O juiz decidiu a libertação da tripulação do avião, no entanto a acusação opôs-se e eles continuaram presos !

2004-10-29

Se ele há tanto curso por aí

Quando é que aparece um curso para a gente aprender a viver sob o Governo de Santana Lopes.

2004-10-27

Sei que não sou o único

Embora muito poucos tenham esta sensibilidade:
Respeito as touradas, onde os touros se comportam como touros e os homens como homens.
Respeito a caça, mesmo à raposa, onde as presas se comportam como presas e o homem como o predador que é.
Não tolero, incomoda-me, acho uma falta de respeito inaceitável, transformar um burro num palhaço e pô-lo a comentar a Quinta das Celebridades com a Júlia Pinheiro, como se um burro que se preze ligasse o mínimo aquela palhaçada humana.

2004-10-26

Gostava de saber a resposta

Qual será a altura da Alta Autoridade para a Comunicação Social ?

2004-10-25

Discurso politicamente correcto

Vejam o exemplo vivo de como se pode enriquecer apenas do trabalho.
Ganhando apenas o salário mínimo nacional mas com muita poupança e ponderação: levando a lancheira de casa para não desperdiçar dinheiro nos restaurantes, usando transportes públicos, apagando as luzes desnecessárias, aquecendo-se com mantinhas, no Inverno, para controlar a conta da EDP, enfim com uma vida muito regrada, de grande sacrifício e sem luxos, lá se pode ir conseguindo acumular poupança, comprar uns prédiozitos e outros bens e até já se pode dispensar os transportes públicos e deslocar-se num dos seus carros.
E depois pode haver vozes invejosas a dizer que foge aos impostos e não sei quê, ora, quem não foge um bocadinho aos impostos se puder ?
Cambada de invejosos preguiçosos a exigir mais salário e melhores condições de vida: trabalhem e poupem meus amigos, o salário mínimo chega muito bem, façam como o Victor Santos.

2004-10-18

Isabel

Eu tinha então 24 anos, trabalhava em Angola, no Andulo, nos seus últimos meses de colónia, Isabel era uma nossa empregada doméstica com apenas 12 ou 13 anos.
Pagava-lhe uma miséria, ligeiramente superior à miséria habitual, dormia num colchão no chão contra a opinião de todos os casais amigos que criticavam a minha mulher por “esse luxo” que lhe proporcionávamos:
- Vai fazer xixi e estragar o colchão e, até dorme mal porque eles não estão habituados. Deve dormir numa esteira, aí é que ela se há de sentir bem.
Nunca demos ouvidos a essas críticas, sempre pensei que as costas humanas não conhecem escravo nem amo.
Aliás, Isabel não se queixava, vivia feliz, cantarolava, ria-se muito quando eu, no meu umbundo mal arranhado, lhe dizia de brincadeira: Isabel, “nena vava”, querendo dizer “traz-me água” mas certamente tão mal dito que lhe despertava sempre um riso sincero ou seria do prazer que lhe dava a ida à fonte ?
A ida diária para buscar água de uma determinada fonte era o seu grande momento de prazer e liberdade, aí se encontrava com as amigas, conversava sobre o dia, brincava e levava sempre muito mais tempo do que o razoavelmente necessário.
Nós sempre lhe tolerámos esse “abuso” porque a fazia feliz e não nos prejudicava, nem um pouco, já que todo o trabalho era feito a tempo e horas mas, mais uma vez a minha mulher foi muito criticada, Isabel perturbava a paz social: as suas amigas, empregadas de outros casais, usavam a liberdade de Isabel para apoiar as suas reivindicações e muitas vezes também se demoravam desculpando-se com Isabel.
Depois veio o 25 de Abril, a minha difícil decisão de regressar a Portugal, grandes períodos de ausência do Andulo para a então Nova Lisboa e Luanda na preparação da nossa partida e, quando regressávamos, dias depois, Isabel lá aparecia sempre para nos encontrar e retomar o serviço.
Contaram-nos que diariamente Isabel esperava sentada no chão da rua aguardando ansiosa qualquer janela aberta ou luz acesa que lhe indicasse o nosso regresso.
Decidimos voltar a Portugal e despedimo-nos de Isabel definitivamente, nunca mais a voltámos a ver. Apesar de tudo tivemos, alguns dias depois, notícias do Andulo dizendo-nos que Isabel continuava a ficar na rua, em frente da nossa casa, à espera do nosso impossível regresso.
Desde esse tempo que me lembro, muitas vezes, de Isabel, especulo sobre o que terá sido a sua vida ou a sua provável prematura morte, dado os anos brutais e selvagens que se seguiram em Angola.
Lembro-me e invade-me sempre uma estranha sensação de vazio, de incompletude, de que o meu efémero e aparentemente insignificante contacto com Isabel não pode ter terminado ainda.
Foi a minha primeira experiência de patrão, quando eu era ainda um miúdo pouco maior do que ela e o episódio Isabel na minha vida foi determinante na minha formação e visão do Mundo.
Não me conformo que tenha sido tão breve, penso que se olhar para o Sul, e pensar com muita força “nena vava”, terei que ver um dia, de novo, Isabel voltando da fonte, rindo e contente, carregando a sua vasilha de água fresca.

2004-10-16

Bom Conselho

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança

Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio vento na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade

Chico Buarque de Holanda

2004-10-14

Um programa paradigmático

O Tudo em família, na RTP2 a seguir ao almoço, é um programa excelente, paradigmático, uma fonte inesgotável de postes neste blogue.
De facto, se reflectirem um pouco sobre o nome deste blogue, talvez percebam melhor o que quero dizer e que não é nada irrelevante:
O tudo em família é uma voz isolada, no meio do espectáculo, a tentar gritar que também somos macacos. Mas fá-lo de forma confusa, instintiva, oscilando entre o espectáculo e o bom senso.
No programa que vi hoje fiquei a saber que estudos científicos rigorosos (espectáculo), baseados na observação de creches na China e na Roménia (países de macacos, como todos sabem) descobriram que o colo e o contacto de pele a pele pode ser mais importante para o bebé que o simples fornecimento de alimentos.
Observaram também que experiências com macacos (propriamente ditos) preferiam o contacto com “mães” com pelos do que “mães” metálicas.
A minha questão, aquilo que me preocupa, é que seja preciso que os média nos digam aquilo que está inscrito (supunha eu que indelevelmente) nos nossos genes.
Será que hoje, alguma mãe, alertada por qualquer estudo, rigorosamente científico, que prove que no beijo são transmitidos muitos agentes infecciosos e maléficos (o que eu não tenho dúvida que é verdade e qualquer estudo o poderá demonstrar) deixe de beijar o seu filho, para o proteger ?
Numa sociedade onde começam a proliferar cursos de paternidade e de maternidade, receio bem que sim.
Desculpem este meu desvario mas eu não tenho culpa de ser filho de uma mãe fumadora e que não teve aulas de amamentação, como foi proposto à minha filha, e de os meus pais não terem tido nenhum curso de paternidade (por apena 100 Euros).
Dou graças a Deus por ter sobrevivido até hoje, apesar de tudo.

Bush vs Kerry

Assisti aos 3 debates televisivos entre Bush e Kerry e, não obstante o que diz Luís Delgado, só vejo duas hipóteses:
Ou o povo americano é completamente imbecil, o que, infelizmente, não é uma hipótese a desprezar de todo, ou Kerry tem estas eleições no papo.

2004-10-12

O discurso do nosso Primeiro Ministro

Tem sido mal interpretado, não há cidadão, comentador político ou económico que não lance as suas dúvidas e não saliente a sua incoerência com as palavras de Bagão Félix de há um mês.
Oh homens de pouca fé, então não vêem ?
Não se aperceberam que enquanto nós nos distraímos com a novela Marcelo Rebelo de Sousa, e com o empate contra o Lichen quê?, Santana Lopes trabalhava arduamente no que é importante para os portugueses e as portuguesas ?
Não viram como ele resolveu, neste último mês, com suor e muita competência, todos os nossos problemas financeiros ?
Pois foi, agora estão criadas as condições para a fartura.
Tudo o que seja trabalhar menos e ganhar mais, eu apoio com todas as minhas forças, não sou como aquele manhoso do Marcelo que só para destilar ódios pessoais se insurgiu contra a tolerância de ponto.

Contraditório
Tás mas é xéxé oh Nuno, não pode ser, ninguém é capaz de mudar num mês a situação de um défice financeiro descontrolado, os analistas têm razão, pá.

2004-10-08

A pressão

Acho curioso como se discute a existência de eventual pressão neste episódio com Marcelo Rebelo de Sousa.
É uma mera questão de semântica, como em tantos casos.
Pressão ou pressões é o que não tem faltado neste caso: O discurso do Ministro Gomes da Silva foi inequivocamente uma pressão, bastante forte; a audiência de S. Exa o Presidente da República não deixa também de ser uma pressão, de sentido contrário, todas as declarações que se têm feito sobre o caso são também pressões e até eu estou aqui a tentar fazer uma micro-pressão.
A questão não é saber se houve ou não houve pressão do Governo ou do capital, isso houve sem dúvida nenhuma, a questão é saber se houve ou não houve chantagem, só isto.

Contraditório

Olha que não, Nuno; olha que não.

2004-10-07

E agora José ?

Com que opinião vamos sair à rua na segunda feira ?

2004-10-06

O ranking das escolas

Publicado, há dias, é uma coisa muito boa.
Agora, basta os pais dos alunos da escola Básica Integrada de Pampilhosa da Serra, tratarem de matricular os seus filhos no Colégio de Nossa Senhora da Boavista em Vila Real e fica tudo resolvido.

2004-10-02

5 de Outubro

É já na próxima terça feira, 5 de Outubro que sai o novo cd de Tom Waits: “Real Gone”.
Embora se possa comprar no escuro qualquer disco de Tom Waits, este já o ouvi e posso confirmar que é fabuloso.
Ah, também se comemora a implantação da República em Portugal, 5 de Outubro é de facto um dia a assinalar.