2007-05-31

Alguém está a ver uma miragem

Onde o Sr. Ministro Mário Lino vê um deserto, mesmo na zona restrita que apontou na margem Sul, o Sr. Ministro Jaime Silva vê uma cidade, tão urbana, que não aceita que aí se apliquem os apoios previstos do Fundo Europeu para o Desenvolvimento Rural o FEADER.
Um dos dois certamente se engana ou, na verdade, enganam-se os dois, como parece evidente.

2007-05-29

Já percebi

O principal problema com a poupança de energia é que sai caríssimo !

2007-05-27

Ser o primeiro

Há um fascínio estranho dos homens e mulheres deste mundo por serem “os primeiros”.
O Gato Fedorento já caricaturou este fascínio relativamente ao polémico túnel do Marquês, o esforço e dedicação que tantos despenderam para ser os primeiros a fazer qualquer coisa: passar no túnel, tocar algum azulejo, mijar no túnel, eu sei lá !
Vi há pouco um programa sobre o mar, onde um professor exprimia a sua grande emoção por ter estado num submarino, a não sei quantos metros de profundidade e não sei aonde e por ter sido o primeiro a ter estado ali, tirando talvez o condutor do submarino que não conta, assim como o Sherpa que chegou primeiro ao pico do Himalaia com Hillary não contava, até alguém reparar.
Eu também partilho este fascínio da espécie, também gosto de ser o primeiro, só que tenho a consciência de que diariamente sou o primeiro em tantas coisas, em quase tudo, até fui o primeiro a escrever isto.
Ser o primeiro é tão banal que julgo que se deveria inventar o desejo de se ficar na 1437ª posição, porque não? é tão difícil !
Afinal é como ser o primeiro a estar na 1437ª posição.

2007-05-25

Os números e os nomes

O Sr. Ministro da Saúde num debate sobre o fecho das urgências (ou dos SAP, como ele dizia) referia, rindo-se do ridículo da situação, que num determinado SAP fechado só lá iam 4 utentes 4 por cada noite.
De facto manter instalações abertas, equipamento operacional, médicos e enfermeiros, a receber salário e horas extraordinárias para servir 4 utentes 4, parece irracional e a mim também me pareceu, na medida em que esses 4 utentes 4 não eram nem eu, nem algum dos meus filhos, nem um meu vizinho ou conhecido, eram 4 cidadãos quaisquer 4.
Assim esta desumanização, transformação em número das pessoas parece muito conveniente para o Governo quando se trata de estragar a vida de alguém.
Curiosamente, no caso das greves, para o Governo, não servem os números, há que humanizar, listar os nomes e expô-los na internet para que todos saibam , tem que se saber os nomes.
É assim que convém gerir o país e o mundo:
Todos somos números quando somos despedidos, abusados e prejudicados, mas já temos de ser nomes quando afrontamos o Governo, para este efeito já tem que haver transparência.

2007-05-23

O seu a seu dono

Ouvido um debate na 2 sobre a complexa questão dos direitos de autor fiquei a saber que tenho sido um perigoso criminoso desde os meus tempos de estudante em que fotocopiava textos de terceiros, até aos dias de hoje onde, de vez enquanto, faço um download de um mp3
Conforme percebi o conceito, da forma simplista como ele foi tratado, se e quando apanharem, os raptores de Madleine eles terão direito a uma choruda parcela dos lucros que proporcionaram aos media pela autoria moral do seu crime.

2007-05-19

Quem vai ganhar a BWIN Liga

No pressuposto de que todas as 3 equipas de topo têm igual probabilidade de perder, empatar ou ganhar os respectivos jogos, as probabilidades de vencer o campeonato são as seguintes:

FC Porto – 63 %
Sporting CP – 30 %
SL Benfica – 7 %

2007-05-18

O meu MEM

A Joana, minha filha, desafiou-me para postar um meu MEM, inserindo-me assim numa cadeia que se vai desenvolvendo por vários Blogues.
A minha primeira dificuldade foi a de conhecer melhor o conceito.
A minha ideia inicial identificava MEM com aquilo a que eu tenho chamado aqui, nalguns postes de “tijolos”: Impressões, experiências individuais elementares que se incorporam e construem a nossa idiossincrasia, como peças de um “puzzle”.
Uma pesquisa no “Google” mostrou-me que não, o MEM, noção introduzida por Richard Dawkins, não é um elemento individual, será antes uma unidade colectiva que se propaga como um gene cultural sendo mais próximo do que eu tenho chamado “referências”.
Sendo assim, parece-me uma noção menos interessante para se colocar num blogue (expressão individual, geralmente) visto que para ser um MEM tem que ser já partilhado por um conjunto de pessoas.
O que pensei intuitivamente colocar foi o seguinte:
“A base de sucesso da natureza, mesmo do universo, está na diversidade”
Pensando, todavia melhor creio que isto, pelo menos formulado desta maneira, não será propriamente um MEM, é apenas uma ideia minha, sê-lo-ia se estivesse inscrito na obra de um notável autor e que muitos conhecessem.
Deixo então um verdadeiro MEM extraído do Maio de 68 e que é já partilhado por muita gente e base da cultura de muitos (excepto Sarkozi):
“Somos realistas, queremos o impossível”

2007-05-17

Malhas que o Império tece

Foi há 35 anos, em Angola.
Sentávamo-nos, o ex-soldado e eu, a uma mesa, conversando, entre petiscos e cerveja, sobre o dia passado e sobre a guerra que nos envolvia.
Nisto, diz-me ele com a voz mais baixa e um estranho à vontade, solene e triste:
- Sabes ? matei uma criança !
- Meu Deus, como pode ser isso, estás a brincar ? (como se se pudesse brincar assim)
Explicou-me então o que se tinha passado:
- Estávamos no meio de um tiroteio. Não se via nada, eu estava escondido atrás de umas moitas e disparava para o mato para de onde vinha o fogo inimigo.
De repente, passa um vulto negro a correr à minha frente, um filho da puta de um “turra” mesmo ali, à minha frente. Não pensei, não hesitei, dei-lhe um tiro e o vulto tombou ali.
Fui ver, era uma jovem negra que transportava um bébé, o seu filho, às costas.
Ela, jazia morta, a criança gritava assustada e em sofrimento, tinha um braço decepado pela bala.
Que fazer meu Deus ! sair dali e abandonar criança assim ?
Encostei-lhe a arma à cabeça e disparei sem olhar. Morreu instantaneamente.
Até hoje não sei se fiz bem ou mal, maldita guerra !
Nunca mais abordámos este assunto.
Apesar de trabalhármos hoje no mesmo ministério, há anos que não o vejo nem falo com o ex-soldado e, tudo se foi esmorecendo.
Até há dias em que me telefonou desesperado pedindo ajuda por conta de um processo disciplinar a que estava sujeito, conduzido por alguém que eu conhecia bem.
Intercedi por ele, falei ao meu amigo e disse-lhe que o ex-soldado era um bom rapaz, que já tinha trabalhado comigo, há anos em Angola e não tinha queixas dele, antes pelo contrário.
Não sei, nem quis saber o resultado final.
O meu amigo que instruiu o processo disciplinar apenas me disse:
- Vou ver o que posso fazer, mas não é fácil, o “gajo” é completamente maluco, passa de todas as marcas !
- Talvez ... !
Respondi-lhe eu, enquanto todo o pesadelo me afrontava de novo, voltando do fundo da memória.

2007-05-16

Questões de etiqueta

Na maratona ou no triatlo fica bem chegar em último, com uma hora de atraso, de rastos mas sem se desistir.
Talvez alguem ainda se lembre de uma célebre e dramática chegada, fora de horas e perto da exaustão de uma atleta suiça, concorrente da maratona de uns jogos olímpicos de há alguns anos e que foi recebida por um estádio em pé a aplaudir.
Também, no recente triatlo realizado em Lisboa, a concorrente americana que saiu como um pinto e “aos esses” da natação, muito atrás de todas as outras, foi tão acarinhada pelo público como a vencedora Vanessa Fernandes.
É bonito ver esse esforço individual de alguém que luta consigo próprio, até ao limite, para concretizar um sonho.
Porém, se o desporto for xadrez, o abandono tardio, a luta até ao fim a esperança desesperada num volte-face é considerado impertinente, estúpido e antidesportivo, não desperta aplausos mas antes assobios.
Sempre me intrigou esta dualidade de critérios entre o esforço físico e o intelectual mas a realidade é assim mesmo e as explicações sociológicas poderão ser talvez encontradas.
Mas há zonas de penumbra neste domínio:
O gesto de Carmona Rodrigues de lutar até a um fim inglório é aplaudido por uns e assobiado por outros, na verdade não se consegue ver claro se Carmona Rodrigues participava numa maratona ou num jogo de xadrez.

2007-05-15

O que faz falta

É bom senso.
Não sei bem o que é, só o reconheço quando o vejo mas vejo-o muito pouco e cada vez menos.

2007-05-11

Pornografia gastronómica

Parece que a Coca-Cola é óptima para desentupir canos e, dizem também que tem algumas propriedades medicinais em perturbações do tráfico intestinal.
Até há quem a beba com algum prazer, atendendo certamente à quantidade de açúcar que contem, essa droga poderosíssima que torna tudo, mais ou menos, apetecível.
Para o que manifestamente não serve é para acompanhar sardinhas assadas.
A simples sugestão dessa possibilidade que agora é feita despoduradamente na publicidade, em horários nobres onde existem criancinhas a assistir é contra natura e ofende a sensibilidade gastronómica portuguesa e mundial.
Coca-Cola com sardinhas não só não liga como estraga tudo, até a sardinha se deve sentir enxovalhada com este desrespeito.
Sempre que vejo esse anúncio fico ruborizado de vergonha e de cólera contra o atrevimento.
Onde estão as comissões de ética e todos essas instãncias criadas para nos protegerem de conteúdos obscenos nos media ?

2007-05-05

Afinal ainda há esperança

Não me precipitei, as coisas passaram-se exactamente como contei no poste anterior, li a mensagem de recusa de publicação no monitor.
Vi e fiquei ofendido e triste.
Recorri à única arma que tinha, a “minha tribuna”, e assim nasceu o poste anterior.
Inesperadamente li hoje o comentário de Daniel Oliveira neste blogue, voltei ao Arrastão, fiz F5 e o meu comentário lá apareceu como penso devia ter aparecido desde o primeiro momento.
Fico feliz porque parece não ter sido, de facto, uma opção editorial de Daniel Oliveira mas antes um daqueles incontroláveis e inusitados acontecimentos de que este media é pródigo e dos quais já tenho falado aqui e que não me interessa aprofundar.
Assunto encerrado portanto, retiro a minha desconfiança em relação às intenções de Daniel Oliveira e reforço a minha desconfiança em relação aos computadores e às suas manias.

2007-05-04

Assim vai a “esquerda” hoje !

O arrastão, blogue do mediático militante de esquerda Daniel Oliveira, publicou o seguinte poste a 2 de Maio:
Sempre ao seu dispor
Vejo na SIC que Alberto João inaugurou uma estrada para uma pequena povoação. Conta que o fez para pagar uma dívida a Maria, a empregada que o ajudou a cuidar dos filhos e que ali vive. Ficamos todos satisfeitos por contribuir com o nosso dinheiro para pagar os favores do senhor Alberto. E que ele tenha o descaramento de o dizer na televisão, comovido com a nossa generosidade, ainda me agrada mais.
Suscitou diversos e justíssimos comentários de apoio ao poste e de repulsa pelo comportamento de Alberto João Jardim.
Porém, eu tenho outro ponto de vista sobre o mesmo assunto e procurei exprimi-lo, postando um comentário como este.
“Pois é, servir os interesses do capital, como fazem quase todos, quase sempre, não suscita a revolta da esquerda de hoje, mas a D. Maria é demasiado insignificante, não é ?
Eu, por mim gosto que os meus impostos sirvam os interesses das D. Maria e dos Srs. José deste mundo.”
Parecia-me correcto, educado e que permitiria alguma reflexão mais profunda sobre a questão.
Acontece que o blogue de Daniel Oliveira tem instituída a censura prévia, funcionalidade que , pensava eu, serviria para afastar os “spam coments” ou linguagem obscena. Engano meu, é censura mesmo e o meu comentário não foi publicado por ter sido classificado de comentário não apropriado.
Afinal Daniel Oliveira usa no seu blogue a mesma estratégia de Alberto João na Madeira ao “comprar “ os jornais todos: aplausos, tudo bem mas qualquer voz discordante nem pensar.
Viva o lápis azul !
Curiosamente, o mesmo blogue “Arrastão”, no dia 1 de Maio, prestou um excelente serviço ao divulgar diversas versões da “Internacional” que tiveram o condão de me comover, ao me proporcionar ouvir em diversas línguas do mundo, diversas versões da seguinte noção:
“Bem unidos façamos nesta luta final, uma terra sem amos, a internacional”
Infelizmente, assim não vamos lá !