2006-01-31

Bill Gates

Parece que está cá e é seguido por um séquito de notáveis, pudera, dizem que tem uma fortuna equivalente a 250 Euromilhões em fase de “Jackpot”.
Dizem os seus biógrafos que já desde os seus tempos de estudante, mostrava um apurado faro para o negócio e já vendia aos seus colegas cópias dos seus trabalhos académicos, como aqueles que todos nós, “simples idiotas”, que assim nunca haveremos de ser ricos, emprestávamos para ajudar os amigos.
Pois até pode ser um grande filantropo que para mim, humanamente, não vale a ponta de um chavelho.

2006-01-30

O Equívoco do caso Alegre

A notável adesão popular à candidatura de Manuel Alegre transcendeu o próprio candidato. De facto, não foi o apoio a este poeta “histórico” do PS que determinou essa adesão, pelo contrário, foi a conjuntura que conduziu ao seu temporário ostracismo partidário que despertou a simpatia popular.
Cada vez mais as pessoas estão fartas dos partidos, e do seu monopólio de acesso ao poder, em qualquer das suas formas, da sua progressiva alienação da realidade que os rodeia, da intrujice que nos querem “vender” de identificar a democracia com os partidos e as eleições (e mesmo estas só quando os resultados convêm, porque para o Hamas palestiniano, eleições livres já não chegam).
Eu que faço parte do povo (do “demo”) não posso sequer tentar ser deputado.
Campelo que defendeu os interesses dos seus eleitores contra os interesses das sua cúpula partidária foi “crucificado” na praça pública.
Há qualquer coisa de podre neste “Reino da Dinamarca” e muitos dos que votaram Alegre já começam a não suportar o mau cheiro.
Mas sendo já tão significativo este reconhecimento dos malefícios dos partidos, do que é que se hão de lembram os “opinion leaders” para capitalizar este sucesso de Alegre ?
Nem mais nem menos do que a fundação de mais um partido político !
Mais do mesmo, portanto.
Felizmente o povo parece não ser tão pobre de imaginação

2006-01-29

Finalmente Música

Fica hoje inaugurada a música neste blogue.
Basta picar no “play” no aparelho que está aí à direita.
Para começar, obviamente: “Tom Waits”, interpretando “Reeperban” da peça “Alice”
Espero que gostem tanto como eu.

Benfica-Sporting

Desta vez não se cumpriu a tradição :
Ganhou mesmo a melhor !

2006-01-23

Lá nos deram Cavaco

Bastavam 50 porcento mais um voto, Cavaco até teve 50 mais 2 ou 3 e assim se vê quanto uma rodagem de carro pode ser importante.
È verdade meus caros, ainda que se diga que a rodagem do carro foi uma mera cortina de fumo para um plano maquiavélico, como a imaginação criativa de jornalistas e comentadores políticos tem de afirmar para exibir a sua pretensa perspicácia, a verdade é que as coisas se passaram mesmo assim:
Um carro novo a precisar de rodagem, um congresso na Figueira da Foz a fornecer um bom pretexto para a fazer, um partido em fase de desorientação e Cavaco, que ninguém sabia quem era, na altura, a ver-se alçado em Secretario Geral, quase por unanimidade e aclamação.
Depois foi o que se viu, uma conjuntura muito favorável, dinheiro a fluir de Bruxelas, uma gestão honesta e certinha e o país a dar um salto económico e social muito significativo.
Até que a fartura atiçou cobiças, Cavaco perdeu a mão dos seus “boys”, criou o tabu, que ainda hoje estou para saber o que foi, mas que deixou uma aura de mistério no personagem que encantou o pessoal.
Seguiram-se Governos e Partidos, mas com a mediocridade a medrar por todo lado, nunca mais se voltou aos tempos áureos de Cavaco.
E cá o temos de novo: a situação é que já não é a mesma e a função ainda menos.
Vamos a ver o que isto dá. Eu, cá por mim, preferia um Portugal mais alegre, mas enfim...

2006-01-14

Preciosidades

A Fátima voltou de Trás-os-Montes com um monte de ofertas dos nossos amigos. Preciosidades sem preço: Batatas do Lage, Pencas, Grelos e Alheiras.
Sem preço porque nada disto se pode comprar nas lojas e supermercados comuns, não existem, aí só há batatas, couves pencas, grelos e alheiras.
Mas neste período de festas, recebi outras preciosidades, de outra natureza, acessíveis a muitos, não custam sequer muito dinheiro, mas é preciso sentir que são preciosidades:
O copo “oficial” do Vinho do Porto, desenhado por Siza Vieira.
A colecção, em DVD, agora editada, acessível via internet em vários pontos de venda, da melhor série de televisão alguma vez produzida: a série 2 de “Heimat” de Edgar Reitz.
Cada uma destas preciosidades merece mais do que um post, talvez volte a falar delas.

2006-01-11

Adeus galheteiros

É certo que o sistema ainda permite que se cuspa no bife mas com o tempo a ajuda da ciência e a clarividência já demonstrada, ainda se vai corrigir mais esta terrível ameaça á saúde pública, que já deve ter matado tantos milhões de pessoas quantos o azeite de galheteiro. as prendas do bolo rei e as colheres de pau.
Quem sabe, talvez através de carne frita ou grelhada dentro de uma embalagem inviolável e biodegradável, como já vemos em alguns detergentes para máquinas de lavar.

2006-01-10

O caso IBERDROLA

Lembra Jorge de Sena no prefácio à “A Condição Humana” de André Malraux, na edição “Livros do Brasil” que há quem diga que ninguém é o mesmo após a leitura deste livro.
Não sei se isto é inteiramente verdade, suspeito que não, ao ver algumas críticas e reflexões sobre este livro, que já tive oportunidade de ler e onde não vejo traduzida aquilo que é para mim a sua mensagem essencial.
Para mim e para outras pessoas que conheço foi, todavia, inteiramente verdade.
E é à luz de “A condição Humana” que vejo com enorme clareza através do nevoeiro lançado sobre o caso IBERDROLA.
Em primeiro lugar sei que não existe qualquer entidade mítica, como o Estado o Governo reflectindo sobre uma estratégia energética para Portugal, existem apenas actores particulares com os seus interesses ou a sua indiferença e as reflexões que parecem contraditórias são simultaneamente as forças e a resultante destas forças neste jogo.
Uma peça importantíssima neste caso é indiscutivelmente Pina Moura. Foi Ministro, embrenhou-se laboriosamente neste sector, fruto de um qualquer acaso ou de uma opção pessoal e criou condições para cimentar a sua vida neste sector, conseguindo mesmo chegar a Presidente da IBERDROLA-Portugal. Todas as suas posições, públicas, semi-públicas e privadas se orientam para um objectivo: manter e reforçar a sua posição na IBEROLA o que naturalmente passa pelo reforço da mesma IBERDROLA em Portugal.
Talone, tem uma estratégia semelhante perante a EDP, reforçando a sua já boa imagem de gestor de acordo com os padrões habituais, garantindo a sua presença ou a sua transferencia para outra empresa de igual importância para si .
As duas estratégias entram em conflito, mas aqui, Pina Moura é mais forte, para além das armas empresariais, que Talone domina melhor, tem as armas política/partidárias, com acesso credível às mais altas instâncias nacionais e mesmo algumas internacionais e o lobbing, os telefonemas os almoços e jantares de trabalho devem ter sido mais do que muitos.
Ganhou, conseguiu remover Talone. e colocar alguém da sua confiança e fez isto apresentando-se ou aparentando não ter nada a ver com o assunto, ele é apenas o Presidente da IBERDROLA-Portugal, não demite nem nomeia gestores públicos para empresas.
O Ministro, como quase todos os Ministros, foi apenas um pião neste jogo, mostrou-se dinâmico, actuante num sector vital, tomando medidas, mas no seu discurso não sabe explicar como isto é bom para o país, limita-se a dizer que é assim em muitas empresas, agentes da concorrência metidos uns na casa dos outros, porque não também na EDP ?
Assim se condiciona o futuro energético de Portugal e por estas simples decisões podemos vir a ser qualquer dia afectados.
Como, ainda não sabemos, ninguém se preocupou muito com isso, há apenas o sentimento difuso de que é um sector estratégico e que devia ser tocado com muito cuidado.
Se calhar até é importante mas não se preocupem, isto não é nada de novo, é sempre assim que se tomam as grandes decisões e nós temos sobrevivido até aqui, é assim “a condição humana”.

2006-01-07

O Capitalismo

Também tem a sua aura romântica:
Os capitães de indústria, com grande inteligência e visão, detectando tudo o que pode servir a humanidade, passando sobre tudo e sobre todos, com grande coragem e perseverança, para ter a satisfação de proporcionar bens e serviços preciosos para a felicidade dos homens.
Nas suas fábricas dão o pão e a vida a milhares de famílias.
Depois é o mercado com as suas leis misteriosas, fazendo baixar o preço até ao ponto justo, permitindo a escolha entre a diversidade, promovendo a melhoria constante, estimulando a criatividade e a descoberta.
É o paraíso mercantilista.
Mas onde está este mundo feliz, descrito em compêndios de economia ?
No mundo em que vivemos e no sistema económico em que estamos apenas vejo a cobiça, a acumulação desmesurada, os preços exorbitantes, a destruição e o roubo do património público do planeta que deveria ser de todos.
Curiosamente, o capitalismo romântico, apenas o antevejo, tímida e disfarçadamente, no mercado negro, na contrafacção e no contrabando.
É apenas aí que observo a engenhosidade, o esforço, o assumir de riscos para servir a sua clientela, é só aí que o capitalismo tem dimensão humana..
Mas a estes perseguem-nos o estado e os seus aparelhos policiais e judiciais.
Fazem isto em nome do povo, dizem. Mas em meu nome não é porque eles me prestam um serviço, é apenas para defender os interesses dos “donos do mundo”, e os seus auto estabelecidos “direitos”.
Para estes capitalistas não existe o “laisser faire, laisser passer”.

2006-01-05

Como eu vejo a Bolsa de Valores


Bolas de sabão

Umas sobem, outras descem,
Umas são baças e lentas no seu vaguear,
Outras resplandecem de luz com todas as cores do arco iris,
Mesmo as cores que se não vêem.
E sobem orgulhosas como se tivessem o mundo na mão.
Mas, todas, todas sem excepção,
Rebentam e morrem, quando as queremos agarrar.
Só as crianças se fatigam nesse trabalho inútil.

2006-01-03

Morreu Cáceres Monteiro

Um dia, e um só dia, cruzei a minha vida com a de Cáceres Monteiro.
Partilhamos a palavra num Seminário em Trancoso, jantamos e conversamos no jantar que se seguiu.
Desse brevíssimo encontro ficou um registo no meu espírito:
Simpático ? Era-o, sem duvida, mas quem não é simpático num encontro social como aquele.
Interessante ? também, mas uma amiba, o movimento de uma folha ao vento, podem ser igualmente muito interessantes.
Outras qualidades humanas ? não me foi permitido avaliar com precisão, a partir desse fugaz encontro e dos escritos que deixou e que eu li.
Ficou apenas uma certeza, a mais importante, a cada vez mais rara e mais digna de respeito:
Cáceres Monteiro era, seguramente um “Homo sapiens”

2006-01-01

Ideias de Portugal

É normal, quando nos identificamos como portugueses perante alguém estrangeiro num país diferente, que o nosso interlocutor procure qualquer elo de contacto, qualquer referência que o ligue ao nosso país. e todos teremos a experiência habitual de ouvir citar Figo, Eusébio, nalguns casos, entre gente mais cosmopolita, Amália Rodrigues ou Fátima.
Ouve dois casos que ficaram na minha memória pela sua singularidade:
O primeiro foi com um francês, hóspede do mesmo hotel, já não sei em que país, com o qual entabulei uma conversação rápida num elevador:
- Ah, Portugal, belo país, o melhor café do mundo
Fiquei surpreendido. De facto eu também sei que Portugal serve o melhor café do mundo, mesmo que seja italiano e preparado em máquinas italianas, não sei que jeito lhe damos que fica melhor que em Itália, mas isto sabemos nós portugueses e só nós, a fama do nosso café não corre por esse mundo fora, é clandestina, excepto para aquele francês que numa ou duas visitas ao nosso país descobriu o segredo, notável
O segundo encontro foi ainda mais estranho:
Num bar de hotel em Szczecin na Polónia, fui abordado por um bêbado polaco. Completamente bêbado, ao ponto do meu péssimo polaco, um pouco de inglês e mesmo algum português terem permitido uma conversação aparentemente fluente.
Com este parceiro, quando lhe referi a minha nacionalidade, para ele, inesperadíssima naquele canto da Polónia, disse-me assim:
- Portugalia ? ah tak, “Vasco de Gama”
Foi por esta e outras que me deixei fascinar por aquele país.