2009-08-30

Rita sorriu-me

Rita é a minha nova neta nasceu há poucos dias, dizem-me que foi no passado dia 24.
Vi-a pela primeira vez perto das suas primeiras 24h, e vi-a sorrir quando me viu.
O meu genro dizia-me: são esgares, trejeitos do rosto.
Uma pesquisa no google reforça a sua opinião, diz-me que, de facto, só ao fim de umas semanas é que o bebé sorri pela primeira vez.
Dois dias depois, quando dormia, aproximei dela o meu rosto e disse-lhe: “Rita, tu é que estás bem, que boa vida, nesse berço com todos a servirem-te”.
Rita abriu os olhos, olhou para mim e rasgou um sorriso de prazer.
Pode toda a sabedoria dizer-me o que quiser, são trejeitos involuntários, esgares, o que quiserem que seja.
Eu e a Rita sabemos: foi um sorriso.
Rita sorriu-me!

2009-08-29

O Google

A Internet é, para mim, um espaço de liberdade único, que o Capital e o poder dos Estados toleram mal, dá-lhes muito jeito para algumas coisas, para saber dos outros, o que os outros pensam, dá-lhes ainda jeito para massificarem a sua mensagem e a sua moral, mas não a controlam totalmente ainda, é perigosa pelos bons “maus usos” que proporciona.
Mas mesmo nesta luta pelo controlo, hás uns e outros.
O Google, para mim, é um dos outros.
É um agente do capital, por isso quer ter tudo, controlar tudo, mas tem ainda a sensibilidade humana, veste honestamente a capa do serviço público, conserva ainda a ideia do “déspota iluminado”.
Canta também o hino que diz: “Eu presto enormes serviços a milhões”, “Eu cá sou bom, sou muito bom”.
E no panorama actual, é mesmo.
Em termos de motores de busca, como o Google começou, foi uma pedrada no charco. Percebeu que o mundo era muito vasto, que havia muitas culturas e línguas, que os humanos não são máquinas e cometem erros.
Como motor de busca, desenvolveu um algoritmo, que batia todos os outros pela sua qualidade e eficácia.
Como a Internet, para quem vence aí, é um negócio de biliões, cresceu e é o google quem está hoje mais perto desse ideal, que é o “ser dono da Internet”.
Hoje tem a base de e-mails, mais acessível e funcional da net, continua com o motor de busca mais eficiente e mais utilizado, desenvolveu o google earth, com os seus vários apêndices, percebendo que debaixo de água também há a Terra, que as estrelas são nossos vizinhos e que no mundo há vários níveis, desde os continentes e oceanos até à minha casa e às pessoas que estão na minha rua.
É um trabalho notável e útil.
Nas coisas mais comezinhas também actua, também já é o dono deste espaço cibernético que abriga este meu blog.
A luta contra esta competência é enorme e chega-se ao ridículo, como este casal português que ficou muitíssimo incomodado por o google o ter mostrado na rua no “street view”. Levando-o ao ponto de ter pedido 200 000 Euros de indemnização para restabelecer a sua paz, embora, aparentemente, não tenha nenhum incómodo em pôr a sua imagem (extraída do google) na TVI, em hora de ponta.
Com a notícia falava-se de processos deste tipo que em todo o mundo correm e que envolvem milhões de indemnizações.
Como o Google já tem esses milhões até é capaz de pagar alguma coisa.
Para os felizardos contemplados gostaria mais que dirigissem a sua raiva contra as colheitas da sua imagem feitas por câmaras de vigilância que pululam e crescem por todo o lado.
Mas isto é apenas uma derivação sobre o Google.
Para mim o Google continua a ser um exemplo de “serviço público” na Internet.
Agora na sua barra a “google bar” que tenho no meu “browser” apareceu-me uma nova função, a de tradução e, quando pedi a tradução do meu blog para inglês, tive uma surpresa agradável: Estava longe da perfeição mas não me envergonhava, dava para um anglófono poder ter uma ideia razoável daquilo que escrevo.
Depois tentei ler blogs em línguas estranhas e lá me apareceu a tradução em várias línguas que eu pedisse, mesmo em português.
A minha admiração pelo Google cresceu, é um feito notabilíssimo e que abre muitas portas no mundo.
Asssim, sim.

2009-08-25

Como o Mundo pode ser simples

Todas as ideologias se baseiam em simplificações do mundo.
Nem poderia ser de outra maneira, porque é a complexidade que reina, complexidade que transcende todas as capacidades humanas.
Como alguém já disse, ainda que tivéssemos um cérebro 100 vezes mais potente do que o nosso, ainda assim não o compreenderíamos totalmente, porque não disporíamos de outro instrumento para além desse mesmo cérebro e só poderíamos compreender o mundo através dele.
Como Auguste Comte referia a propósito da introspecção nunca poderemos observar-nos a nós próprios a passear na rua espreitando de uma janela.
E assim não temos outro remédio senão reduzir o mundo à nossa dimensão, o mundo é sempre como o vemos.
O que podemos discutir são as simplificações que uns e outros fazem, algumas bem primárias e simplificadoras
Por hoje, porque o ouvi há momentos, gostaria de comentar a visão de Paulo Portas, no que respeita à sociedade.
Paulo Portas vê no mundo uma ordem ideal, que consiste em trabalhar, assim ganhar o seu sustento honesta, digna e alegremente, constituir família e criar filhos que reproduzam este mesmo modelo de vida.
Depois reconhece que nem todos respeitam este modelo e define a sua ideologia deste modo:
Para o bom cidadão (o do modelo) todas as ajudas e consideração, para os malandros (que não querem trabalhar, como refere) nenhuma ajuda nem compreensão e toda a repressão para os obrigar a conformar.
Para Paulo Portas só não trabalha quem não quer, o desemprego é uma mera falta de empenho e de esforço.
Quem não tem meios para sobreviver, não merece sobreviver. Vá trabalhar malandro!
Paulo Portas considera que o mundo dá as mesmas possibilidades a todos, só que uns as agarram e outros não, e para esses é bem feita que sofram para aprenderem.
Se repararem bem vêm que todas as suas propostas são inspiradas e perfeitamente coerentes com esta visão do mundo.
Era, de facto tão fácil se o mundo fosse assim.
Só se deveria questionar ao analisar, por exemplo porque Camões morreu de fome.
Não trabalhava de certo, era um malandro, genial mas malandro.
Ou talvez ache que foi apenas porque ele, Paulo Portas e a sua ideologia não estava no poder.

2009-08-22

Fiquei angustiado

Hoje nas notícias entrevistaram os pais de Caster Smenya, de 18 anos que ganhou brilhantemente a prova de 800m senhoras no Campeonato do Mundo a decorrer em Berlim.
Foi tão brilhante que se começa a duvidar do seu sexo. Deve ser homem pois claro.
Os pais estavam naturalmente escandalizados com a acusação, a mãe dizia mesmo “a minha filha sempre correu muito mas agora, como é preta, não querem admitir”.
Simulações de que se é doutro sexo, sempre se fizeram, para permitir qualquer objectivo, a história e os romances estão cheios de casos desses.
Já terá havido um Papa mulher, os travestis estão por aí todos os dias, hoje no Afeganistão é comum alguns homens trajarem Burka para não serem detectados pelos controlos mas são tudo casos que se esclarecem facilmente, desde que haja a suspeita ou a denúncia.
Isto pensava eu, quando o jornalista que comentava a reportagem sobre Smenya, nos explicou que a definição era complicadíssima e necessitava de um corpo de psicólogos, ginecólogos, biológos e outros ólogos.
Pensei, talvez, parece de facto que o que faz ser-se mulher ou homem, é um conjunto de anatomia, biologia e cultura.
Não sei se algum dia chegaremos a saber se Caster Smenya é mulher ou homem e a mesma questão se pode colocar a qualquer um de nós.
Daí a minha angústia.
Deixo pois um conselho aos meus leitores jovens que se apaixonem por alguém do outro sexo, não se esqueçam de exigir um certificado assinado por psicólogos, médicos, biólogos, atestando o sexo do parceiro e tenham sempre o vosso convosco pronto a apresentar, antes de embarcarem numa aventura.
E esta hem! como será que a sociedade tem sobrevivido a esta incerteza até aqui?

2009-08-21

Reflexão sobre a notícia do dia

Na praia de Albufeira existia, talvez há milénios, uma falésia avançada sobre a praia, tipo torre de Pizza, que prestava um enorme serviço aos banhistas, proporcionava sombra. Bem de grande valor para quem está à torreira do sol.
A sombra na praia hoje custa muito dinheiro, é um bem escasso, o aluguer de toldos, os chapéus-de-sol privados que temos de carregar, as esplanadas cobertas, onde as há, tudo se paga, mas ali havia a falésia à borla, a civilização ainda não tinha encontrado uma forma de cobrar por estarmos ali.
Naturalmente estava muita gente estendida à sombra da falésia.
As falésias, como toda a natureza, estão em permanente transformação, em ciclos variáveis, alguns ultra rápidos, como os vírus, alguns rápidos como as estações do ano, outros ainda lentos e outros mais lentos ainda, de milénios ou mesmo de milhões de anos.
As falésias estão numa escala longa, nascem, vivem e morrem em períodos, de milénios.
Mas, um dia qualquer podem desmoronar-se, se a erosão natural as moldar contra as leis da física.
Na nossa vida curta, de alguns anos, nunca esperamos que esse dia surja num momento que nos afecta. Tal como não esperamos que nos saia o totoloto embora ele vá saindo para alguns.
Hoje caiu a falésia de Albufeira, com todo o ritual de feridos e mortos.
A minha reflexão deriva para imaginar uma situação em que em vez de humanos civilizados, se encontrava ali um bando de chimpanzés.
Não conheço nenhum estudo sobre o assunto mas pressinto que todos teriam fugido antes do grande evento, leriam na poeira, nas pequenas pedras caindo, nos ruídos singulares, que qualquer coisa de anormal se passava e o seu instinto diria para saírem dali.
Da minha varanda, no Inverno, noto os dias em que muitas pombas e rolas que vivem à volta da minha casa se abrigam, amontoadas, por baixo dum pequeno alpendre de um prédio vizinho, quando isso acontece é certo que vem borrasca, ainda que olhando para o céu me pareça, no momento, que não.
Mas o homem civilizado esqueceu e despreza esses sentidos que também tem, crê que a civilização vela por ele, a falésia torta vai continuar assim e alguma entidade competente já tomou certamente as devidas providências.
Neste contexto, parece que de facto já tinha tomado, já havia um letreiro a avisar o perigo de derrocada.
O homem civilizado não vê o letreiro porque há demasiados letreiros ou se vê pensa que é o negócio das sombras que pôs o letreiro para tirar o acesso a essa sombra que a natureza proporciona gratuitamente. Quando a derrocada começa, estranha, mas não reage, não vão chamá-lo maluco.
A atenção civilizada passa apenas para a “máquina civilizacional” que não funcionou, porque não funciona nunca quando estas coisas acontecem.
A pedra que caiu em cima da minha perna e a partiu só foi retirada 2 horas depois, falhou, foi tarde. O letreiro era talvez pequeno e desbotado, falhou, ninguém reparou nele. Os mortos ficam soterrados horas sem fim, falha também.
Vendo isto, eu, um dia em que me encontrar nesta situação, gostava de ser como os chimpanzés porque há momentos em que as qualidades de macaco superam as dos deuses.
Como exemplo vemos que naquele enorme tsunami que há anos assolou alguns países da Ásia, numa ilha de população indígena pouco civilizada onde todos os “média” previam que tivesse havido grandes tragédias, isso não aconteceu e todos sobreviveram.
Porquê?
Porque conheciam os sinais dos tsunamis e fugiram a tempo para as zonas altas.
Ali não havia televisão nem rádio para avisar, tinham apenas ouvido os avisos da natureza e esses não falham nunca.

2009-08-20

Episódios de férias

A caminho do Algarve parei em Mértola para uma pausa de café.
Enquanto descansava fui abordado por um velho estranho de aspecto humilde e negligente, fazendo-me esperar sempre o momento em que me pediria alguma coisa.
Não me pediu nada, apenas queria conversar.
Recitou-me alguns troços de poemas de Florbela Espanca, falou-me sobre o absurdo da vida, disse-me que era Judeu, como o seu nome sugeria embora nascido em Mértola.
Chamava-se Elias, apresentou-se-me como escritor bêbado e louco.
Ainda não o esqueci e no regresso voltei a parar no mesmo café com a esperança de o reencontrar.
Em vão.

Durante as férias na praia o que mais fiz foi ler:
Li, um clássico de muitos estudantes de ciências humanas “A apresentação do EU na vida de todos os dias” de Erving Goffman.
È um belo livro que não me ensinou nada de novo, mas deu-me aquele prazer de constatar que há autores conceituados que descobriram e sistematizaram noções e conceitos que eu fui descobrindo ao longo da vida.
Dizia-me como Shakespear que “The world is a stage”, Falava-me daquilo a que eu chamo máscaras e que todos temos de envergar.
E são tantas e tão diversas como Erving Goffman refere e tipifica.

Li também um interessantíssimo ensaio sobre “Geraldo sem Pavor” de Armando de Sousa Pereira.
Onde aprendi sobre essa espécie de “Rambo” do século XII.
Começou cativo e por mérito ou astúcia adquiriu a liberdade, sabendo tudo sobre a língua e cultura do inimigo.
Conquistou Évora aos Mouros para chegar às graças do Rei.
Por duas vezes conquistou e arrasou Beja mas a sua obceção era Badajoz, dedicou grande parte da sua vida a flagelar e a tentar conquistar Badajoz, insistentemente, persistentemente, obcecadamente.
Mas esse sonho nunca o alcançou.
Badajoz não podia ser da coroa portuguesa.
A memória turva e difusa dos seus feitos persiste ainda hoje após IX séculos.

Por último li um livro fundamental e estruturante: “O Cálice e a Espada” de Riane Eisler.
Tinha há muito referências sobre ele e indicações de que era um livro a ler, tenho em MP3 algumas conferências de Riane Eisler, que sempre me revelaram interesse.
Todavia o livro superou todas as expectativas, penso que é um livro fundamental para compreender a história e mesmo o mundo de hoje.
Mas não me atrevo a falar sobre ele, para não sugerir ideias retorcidas, apenas recomendo que o leiam.

De regresso a casa tive a, para mim, alegre notícia.
Em Belgrado, finalmente, decidiram que era eu o escolhido (ler o poste a baixo “Estou de Férias”).
Parto dentro de alguns dias e este Blogue irá ter assim algumas cartas de Belgrado.

2009-08-16

Woodstock

No debate que ouvi, ver post abaixo, António Macedo falava que aquele concerto era irrepetível pela qualidade dos músicos que intervieram.
Perguntava mesmo, “Como poderíamos organizar hoje um concerto de tal nível ?”.
Não é verdade, os grandes nomes do momento não estiveram lá. Os Beatles, os Doors, e mesmo Bob Dylan, que até vivia em Woodstock, não estiveram lá.
Como também alguém disse, nesse debate, qualquer dos muitos festivais de verão que hoje se fazem em Portugal, têm um nível idêntico, alguns nomes famosos e uma quantidade de outros que tentam se mostrar.
Nomes sonantes na altura estiveram Janis Jopling, Jimi Hendrix, Joan Baez , the Band e Ravi Shankar, depois estrelas ascendentes e ilustres desconhecidos como Joe Cocker, Crosby Still and Nash, Santana, Reachie Heavens, que são hoje famosos precisamente por terem lá estado.
E ainda outros, que mesmo tendo lá estado, pouca gente se lembra deles, não obstante a sua enorme qualidade, como Swami Satchidananda.
Isto tudo entre outros nas diversas categorias.
Seria talvez por ter sido um concerto ao ar livre?
Também não, naquele tempo havia outros festivais assim, com êxito moderado, como o de Monterrey em 1967 entre vários outros.
Não, não foi nenhum pormenor de organização que tornou aquele concerto memorável, pelo contrário, foi precisamente a desorganização o caos que transformaram aquele evento num ícon.
Parece que foram vendidos cerca de 184 000 bilhetes mas estiveram lá para cima de meio milhãode pessoas, à borla, entraram e pronto.
Cada um se safou como quis e pôde.
O mundo organizado, perdeu o controlo, não houve polícia a regular, a chatear e a fazer rusgas, todo o mundo esteve temporariamente livre.
Woodstock foi um TAZ (Temporary Autonomous Zone) Zona Autónoma Temporária, um ZAT em português.
Este conceito, que eu já tenho referido neste blogue, foi tipificado por Akim bay que o considera como a única via verdadeiramente revolucionária para nos libertarmos das amarras e do sufoco da civilização.
Infelizmente são sempre momentos efémeros vividos em maior ou menor escala.
Evidentemente o mundo não suporta os TAZ, tenta sempre incorporá-los, quando não os pode vencer, como está tentando fazer com Woodstock ou então destruí-los para fazer renascer a velha ordem.
Viva Woodstock livre!
O TAZ contaminou tudo e os próprios músicos se transcenderam e tiveram “performances” únicas.
O que se lá passou está, felizmente, documentado em filme, em registos sonoros e em muitos escritos, mas julgo que nada poderá transmitir exactamente o que terá sido aquela vivência ou as múltiplas vivências de cada um que lá esteve.
Podemos apenas imaginar.
Eu imagino a força daquela primeira actuação, na abertura no dia 15, onde o jovem Reachie Heavens, tremendo de nervos, como nos confessa hoje, entrando naquele palco e cantando uma adaptação de um velho Gospel, gritando na sua voz rouca: “freedom”, “liberdade”.
Imaginem-se então neste momento, entre aquele meio milhão de homens e mulheres belos e jovens e temporariamente livres, exorcizando, naquele momento o fantasma de então, que os esperava, a estúpida guerra do Vietname.
E isto foi apenas o começo de um paraíso que durou 3 dias.

2009-08-15

Cheguei!

Agora já me é mais fácil postar.
Tinha já planeado falar aqui dalguns factos significativos das minhas férias na praia, no Algarve, mas a minha viagem de regresso ocorreu hoje, acompanhando na rádio a efeméride desse festival memorável que decorreu em Woodstock, entre 15 e 17 de Agosto de 1969, tinha eu 20 anos.
Pelo que ouvi, a grande questão será: O que terá feito de Woodstock um acontecimento memorável, ainda hoje? E aventaram respostas erradas.
Na verdade eu, que não estive lá, sei muito bem a resposta mas só falarei disso amanhã ou depois.
Aguardem pois.

2009-08-07

Estou de férias

Que tal as férias?
É a expressão que os meus colegas ainda no activo costumam usar quando me vêem, no dia a dia sem as obrigações comuns que a vida activa exige.
No seu imaginário a reforma que ambicionam é, sobretudo, férias, não fazer nada, de “papo para o ar”, como se isso, por si só, fosse a felicidade.
Não é!
As minhas férias, como a de muitas pessoas em muitas situações, são apenas uma alteração da rotina, a adaptação a um espaço estranho, que se vai descobrindo e tentando moldar à nossa imagem.
A presença constante dos meus netos, ora gratificante e cheia de surpresas, ora perturbante e quase insuportável.
O uso do computador portátil, o toque das teclas, a mania irritante de me dobrar os aa que escrevo, a Internet intermitente e lenta, tudo isso são pequenas dificuldades que contrariam a minha escrita.
Entretanto, em Belgrado, alguma equipa de jovens muito activos debruçam-se sobre vários currículos, entre os quais o meu, para escolher a pessoa ideal para ajudar o Governo Sérvio a definir a estratégia para a implementação da abordagem LEADER para o desenvolvimento rural, naquele país.
É-me evidente que sou eu a pessoa indicada, só que eles não sabem disso, ainda.
Aguardo ansiosamente a decisão.
A pressa com que me pedem, como pediram alguns esclarecimentos adicionais, é só necessária para mim, eles ,como sempre, são lentos, lentíssimos nas suas decisões.
Iremos ver o resultado.
Iremos ver se este blogue irá ter ou não algumas cartas de Belgrado.
Entretanto vou continuando a viver e tentando gozar o melhor possível as minhas férias.