Quando, há vários anos, passei cerca de um mês num Kibutz, tinha, na minha juventude de então, um imenso fascínio e curiosidade por essa utopia afinal realizada.
E o que lá vi foi um sistema aparentemente perfeito e feliz: não obstante não existir propriedade privada, toda a gente usufruía de mais bens materiais, de viagens, de lazer, do que no resto do mundo em volta, não era quando cada um queria, é certo, mas quando a comunidade democraticamente entendesse que havia condições para tal, mas essas condições surgiam facilmente num Kibutz rico e bem gerido.
Apenas uma questão me intrigava:
Estatisticamente a maioria dos jovens nados e criados num kibutz, que ao atingir a maioridade usufruíam de uma extensa viagem pelo mundo, precisamente para fazer uma opção em consciência, ao regressar decidiam precisamente não ficar !
Falo no pretérito porque desconheço totalmente se a realidade continua a ser a mesma hoje, mas naquela altura os kibutzim eram mantidos por um fluxo constante de aderentes de fora para dentro e constantemente “sangrados” de dentro para fora.
Foi conversando com um jovem dissidente que havia abandonado um kibutz que compreendi perfeitamente a questão:
Embora reconhecesse que agora a vida era mais difícil e que vivia materialmente pior justificou-se assim:
- Se você aguenta passar um dia e outro dia e um mês e um ano e vários anos, enfim toda a vida, a comer numa mesa e a conversar com a mesma cara à frente e a mesma cara no seu lado direito e a mesma cara no seu lado esquerdo, pode gostar dos kibutzim, eu não suportei isso.
Este simples argumento fez-me mudar totalmente toda a minha filosofia social.
Foi mais eficaz do que os milhares de páginas que tenho lido sobre o tema !
2007-06-11
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