2009-12-30

Questão de lógica número 1

Ouvi algures Sócrates dizer que não haveria aumento de impostos em 2010.
Ouvi algures a oposição dizer que o novo código retributivo representava um brutal aumento de impostos.
Ouvi algures o PS dizer que o novo código retributivo visava apenas a justiça fiscal, nada de aumento de impostos e blá, blá blá.
Vi que Cavaco promulgou o adiamento da entrada em vigor do novo código retributivo como propunha a oposição.
Ouvi o Governo dizer que esse adiamento iria fazer diminuir as receitas do Estado de uma forma brutal.
Mesmo sem ler o texto do novo código retributivo, e tendo como base as premissas acima referidas, responda por favor:
O novo código retributivo iria ou não aumentar os impostos?
A mim, por acaso, parece-me que sim, que Sócrates terá mentido. Quem diria?

Terrorismo Poético

Este filme que me chegou por via de um meu amigo, autor deste magnífico blog agora renascido, ilustra um acontecimento magnífico que classifico de terrorismo poético.
Trata-se da interpretação insólita de algumas áreas de Verdi, inesperadamente, em pleno mercado de Valência.
Terrorismo, porque a deslocação do tempo e do espaço, e a reacção de intensa surpresa e prazer que gerou, foi mais eloquente do que um magnífico discurso sobre a insanidade monótona do quotidiano que nos fazem viver.
É um verdadeiro murro no estômago.
Poético porque o belo aconteceu ali.
Espero que tenham tanto prazer ao ver este pequeno filme quanto eu tive.

2009-12-27

Notícia do dia

Hoje, um avião, rumo aos EUA, teve de aterrar de emergência porque um passageiro era nigeriano e esteve demasiado tempo na casa de banho.
Quando será que estes nigerianos, aprenderão a não ter distúrbios alimentares quando viajam?
É a paz do mundo civilizado que o exige!

2009-12-23

Para todos os meus leitores e outros amigos não leitores

Desejo:

Um Feliz Natal
Um Feliz Solstício
Um Bom ano novo.
E que o "Pai Natal" derrape na neve ou tropece numa nuvem e desapareça para sempre.

2009-12-20

Por favor, não contem a ninguém

Tenho andado angustiado, há dias que não escrevo nem leio blogs.
Mas hoje decidi confessar:
Eu sou um emissor de CO2 para a atmosfera.
Em cada expiração minha sai CO2 para a atmosfera, com várias expirações por minuto ao longo de 60 anos de vida já deve estar na escala dos milhões o CO2 que eu tenho mandado para a atmosfera.
O pior é que não sou capaz de mudar e com este falhanço de Copenhaga perdi a esperança de receber alguns Euros para me motivar a parar de respirar.
A minha única solução é permanecer despercebido, conto com os meus leitores para manterem o segredo.
E as minhas desculpas pelo frio que anda por cá.
Enfim, desabafei!

2009-12-09

O clima económico

- Eh pá! Tem estado cá um défice.
- Pois tem, mas o que mais me chateia é esta dívida pública persistente e não para a gaja!
- E o desemprego, pá, tem sido fortíssimo, em certas zonas até caíram firmas.
- É uma porra pá. Quem me dera uns belos dias de crescimento. Já não se aguentam estas mudanças climáticas.
- E nem Copenhaga salva isto!
- Pois não.

2009-12-07

Reflexão sobre o estado do mundo

A propósito da cimeira de Copenhaga

O mundo está em mau estado, é público e notório.
Ontem, a propósito desta cimeira de Copenhaga, assim como noutros dias, vi e ouvi coisas aterradoras.
Na RTP2 vi excertos de um programa com depoimentos de gente ilustre da ciência e da política e que nos dizia como estamos a perturbar o nosso Planeta Terra ao ponto de comprometermos a nossa sobrevivência como espécie.
Lembravam-nos de como é a nossa vida: logo de manhã, em bichas no carro, deitando toneladas de CO2 para a atmosfera, comendo e consumido plástico, muitos trabalhando para produzir ainda mais CO2, enfim as rotinas modernas numa sociedade mercantilista como é a nossa.
Aí questionei-me.
É bem verdade, seria bem melhor para o mundo que estivéssemos todos na praia ou no campo, jogando à bola, brincando com as crianças, respirando ar puro e não poluindo a atmosfera e creio até que a larga maioria dos meus companheiros de espécie, aceitaria fazê-lo de boa vontade.
Porque o não faz? Porque insiste em sobreviver nas bichas de trânsito, nos horários, no trabalho na fábrica poluidora?
A resposta parece-me ser: Para sobreviver, porque é a única alternativa que lhe é dada.
Será que Copenhaga irá decretar uma nova estratégia salvadora?
Infelizmente, tenho a certeza, que não.
Porque nós vamos nos nossos automóveis em bichas e penosamente, em enormes passadas ecológicas, não porque queremos mas apenas porque nos obrigam a isso, a lógica da vida obriga-nos a isso, não há Governo nem cimeira de Governos que possa alterar essa vivência e esse é o drama que enfrenta o mundo, é escusado deitarem-nos a culpas que, de facto não temos, nós somos vítimas mesmo quando poluímos à força, somos mesmo as grandes vítimas.
Aliás, Copenhaga não consegue ver mais longe do que esta lógica única, a receita que procura é ela mesmo mercantilista é preciso ganhar dinheiro estragando o mundo, para poder pagar o direito de o estragar ainda mais.
Alguém entende esta lógica?
O que é estranho é que muita gente a entende.
Mesmo quando alguns falam numa nova economia, não sabem exactamente do que estão a falar, imaginam apenas uma economia ideal onde há emprego para todos, e dinheiro para o trabalho e o lazer, e o acesso ao espectáculo e à tecnologia, a tal nova economia!
Pensam que o caminho para ela é o reformista, de melhoria em melhoria, não se dando conta que a experiência e a história não nos indica isto.
Não somos homens e mulheres mais felizes do que os nossos antepassados de há 10 000 anos, temos apenas mais tecnologia e, provavelmente não a tecnologia que nos faz mais falta, até porque a deitamos fora a uma velocidade vertiginosa e, em contrapartida muito mais marginalidade, muito mais gente fora do sistema, muito Maios gente sem voz nem saída.

A título anedótico refiro apenas que depois destas reportagens vi Pacheco Pereira queixar-se de que duas publicações de referência traziam exactanente as mesmas capas.
Porquê? Porque eram capas de publicidade paga.
Pacheco Pereira deitava as culpas para esses jornais vendidos ao capital, só não explicava como é que eles se podiam livrar dessa publicidade paga e ainda assim sobreviver e pagar as suas crónicas, entre outras despesas.
Que se arranjem, ora essa!

2009-12-06

Num mundo louco não serão os loucos os mais sãos?

Este título, que apanhei já não sei onde, dava para dissertar por mais de mil páginas.
Começando pelo próprio significado da palavra louco, como um valor relativo, apenas definível face a uma norma comportamental corrente, por isso mesmo chamada normal.
Mas não me vou alongar sobre o assunto. Queria apenas deixar aqui duas obras notáveis sobre o tema, dentro das muitíssimas que já foram feitas.

A primeira até é nossa, da “Mensagem” de Fernando Pessoa e escrita a propósito de El-Rei D. Sebastião.

QUINTA / D. SEBASTIÃO, REI DE PORTUGAL

Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?

A segunda, é um tango de Astor Piazzola, com letra de Horácio Ferrer, que já tem 40 anos mas que ainda está vivo e de boa saúde.
Chama-se “Balada para um louco”.
Parece que quando foi escrito suscitou uma enorme polémica, houve muitos que não o aceitaram bem e consideraram mesmo como uma espécie de “ofensa” ao tango.
Mas o tempo tudo cura e hoje o reconhecimento é generalizado e as interpretações são imensas e muitas excelentes, de artistas de todo o mundo, muitas das quais se podem ouvir e ver no “youtube”, suscitando calorosos debates sobre o valor de cada uma..
Eu também tenho as minhas predilecções neste domínio mas como há muitas maneiras diferentes de sentir, escolhi para publicar aqui a versão original de Amelita Bertal, que segue:


2009-12-01

Nem Ionesco faria melhor

Na Cimeira Ibero-Americana.

Jornalista: Qual é a posição dos Governos de Portugal e de Espanha sobre a soberania da ilhas Malvinas?
Sócrates (respondendo): Logo vamos assinar o novo tratado de Lisboa!