Hoje acordei com uma pequena angústia, inspirada pelas eleições do Benfica.
Sou adepto do Sporting, desde que nasci. Porquê ? não sei explicar racionalmente, creio mesmo que essa adesão profundamente emotiva, teve uma origem meramente aleatória; o meu pai, sem ser amante do futebol, era já simpatizante do Sporting e assim ficámos eu e os meus irmãos e irmãs.
Este sportinguismo não foi com as vitórias que se cimentou, pelo contrário, foram os longos anos de derrotas, que vivemos, que reforçaram esse espirito de pertença (os dois, relativamente recentes, campeonatos nacionais deram-me forças para mais 17 ou ainda mais anos de jejum) e me deram sempre aquele secreto conforto de pertencer a uma minoria suficientemente valorosa para poder ganhar, mas eternamente vítima de injustiças e de todo um rol de adversidades.
Gerou-se esta afeição como a natural simpatia, que muitos partilhamos, pelos índios em relação aos “cow-boys” e, em geral pelos mais fracos relativamente aos seus opressores.
Se virmos a história, porém, o Sporting nunca foi fraco, pelo contrário, foi sempre um clube das elites economicamente poderosas e é, de facto, o Benfica, o clube de Lisboa que nasceu do povo e lutou com garra para conquistar a sua posição cimeira.
Não obstante todas as vicissitudes da história, as eleições do Benfica continuam sempre recordar-nos essa origem popular e combativa.
No Sporting e na generalidade dos grandes clubes, mudam as direcções num nível etéreo (não duvido que muito legal e estatutariamente correcto) talvez de forma mais acertada e conduzindo a melhores soluções, mas que a luta pelo poder e as eleições disputadas do Benfica são um espectáculo bonito de se ver, ninguém pode desmentir.
Não obstante e porque estamos num domínio meramente emocional, onde o cérebro não tem nada a dizer, continuo a ser de alma e coração do Sporting.
Vem tudo isto trazer-me à memória os nomes dos novos estádios:
O da Luz passa a Catedral, procurando fazer subir o Benfica a esse nível quase divino a que eles se assumem com direito.
O das Antas passa a Estádio do Dragão, elevando o FC Porto ao nível mitológico, maravilhoso, onde eles se sentem estar.
O José de Alvalade passa a Alvalade XXI, talvez para dizer que este é que é o nosso século, vamos a ver, mas Alvalade porquê ? Quem foi afinal o José de Alvalade que nomeou um importante bairro de Lisboa, um importante estádio e persiste todavia para todo o século XXI, ombreando com uma Catedral e com um Dragão.
Quem foi José de Alvalade ? Não faço ideia nenhuma, já pesquisei na net e só encontro referências ao estádio seu referenciado.
A sua notoriedade faz-me pensar que sou só eu que não sei e daí a minha pequena angústia.
Talvez a Duquesa Charlotte, que muito sabe, me possa elucidar, por mim fico aguardando ajuda e, só espero, que ele não seja apenas um qualquer “pato bravo” endinheirado.
2003-10-31
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