2009-03-04

Reflexão filosófica a propósito das correntes comemorações de Darwin

Para mim, assim como o pensamento dominante do Ocidente esteve, nos últimos 2 milénios, condicionado por duas grandes figuras: Sócrates e Jesus Cristo, desde o fim do século IXX emergiu um novo paradigma que se incorporou, como pôde, ao anterior, apoiado em Copérnico e Galileu, mas que é dominado por 4 novas grandes figuras: Marx, Freud, e Darwin e Einstein.

Simplifico assim para maior clareza, de facto, disse Ocidente, porque numa remota aldeia da China, por exemplo, Sócrates ou Jesus Cristo foram nomes provavelmente nunca ouvidos, mas numa remota aldeia de Portugal, se falarmos de Marx, Freud, Darwin ou Einstein, as pessoas não fazem ideia de quem foram, podem até pensar que são actores de cinema ou jogadores de futebol mas os nomes não lhes serão totalmente estranhos.

Por outro lado, quando falo de grandes figuras, não me esqueço de tantas outras, do mesmo ou de ainda maior calibre, como de Platão, de Copérnico e de Galileu, que já citei, de Newton e de Espinosa… enfim dum vastíssimo role mas que de facto não teve o mesmo efeito global, que transcenda um restrito, ainda que muito grande, grupo de estudiosos

Falemos todavia de Darwin, da origem das espécies, da evolução, da sobrevivência dos mais aptos.
Darwin, ele próprio, pressentiu a revolução que ia causar, os danos que poderia sofrer e atrasou bastante a publicação da sua obra.
Mas a clarividência impôs-se e a própria Igreja católica, com um golpe de rins, nos quais é hábil, conseguiu tudo incorporar, ainda que o criacionismo “stricto sensu” comece a ter hoje novos adeptos em novas Igrejas Cristãs, aparentemente menos aptas, sobretudo nos EUA.

Ficou todavia uma dúvida persistente, mesmo para os que não são católicos: a ética.

Darwin parece que descobriu que a natureza não tem ética, é o mais apto que vence, não o melhor ou o mais bom e, se a natureza é Deus, como para alguns filósofos, ou a Sua obra para os cristãos, Deus não terá então ética o que será também a sua negação.

E é aqui que nasce um mundo de reflexão, o que é a ética? O que é o bom? O que é o melhor?

Darwin coloca-nos assim uma nova questão: Será que a natureza não tem uma ética ou será que é na natureza que deveremos encontrar a ética?

Eu julgo que a Resposta que procuramos hoje será a resposta a esta questão.

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