Ou da poesia que consegue, em poucas palavras, dizer tudo. Mais do que a linguagem comum permite, porque o que dizem é não só com as palavras mas com toda a imaginação que elas despertam.
Há dois magníficos poemas que me dizem o que eu vou tentando dizer neste blogue, já ao longo de 851 mensagens e procurarei continuar a dizê-lo naquelas que hão de vir.
São eles:
De Miguel Torga
Depoimento
De seguro,
Posso apenas dizer que havia um muro
e que foi contra ele que arremeti
A vida inteira.
Não, nunca o contornei.
Nunca tentei
Ultrapassá-lo de qualquer maneira.
A honra era lutar
Sem esperança de vencer.
e lutei ferozmente noite e dia,
Apesar de saber
Que quanto mais lutava, mais perdia
E mais funda sentia
A dor de me perder…
Miguel Torga
Para mim, toda a força do poema está nos primeiros 4 versos que eu tomei a liberdade de realçar.
O outro é de Carlos Drumond de Andrade, também brilhante e que me diz quase o mesmo:
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Carlos Drumond de Andrade
E é sobre estes gigantes que eu fiz o meu poema simples
O Muro
O muro de Torga é feito com a pedra de Drumond
2009-03-15
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