2005-08-12

From gosties and goolies ...

Modernamente, como nunca antes, a tecnologia é complexa e pluridisciplinar.
Enquanto há pouco tempo as máquinas estavam à nossa escala e se não as dominávamos podíamos encontrar alguém que o fazia, agora, um simples telemóvel ou computador com acesso à net, não há ninguém, literalmente ninguém, capaz de os dominar na totalidade. Alguns sabem bastante de um ou outro pequeno aspecto dessa tecnologia mas ninguém a domina totalmente sozinho.
Este facto, como ouvi há dias exprimir por um investigador português, confere um caracter “mágico” a essa tecnologia, como se ganhasse vida autónoma e tivesse os seus caprichos, já não sendo regida pelas leis da física.
Assim, curiosamente, voltamos, por excesso de civilização, a reviver velhos sentimentos mais medievais que nos levavam a abençoar o forno antes de fazer o pão e a culpar os nossos pecados pela má colheita, a chuva, a seca ou a doença.
É certo que ainda não fazemos benzeduras ao computador ou ao telemóvel, embora tenhamos já certos rituais e mezinhas, que alguém nos ensinou, e que talvez levem à cura das doenças ou comportamento estranho que essas máquinas por vezes têm. Às vezes resulta, outras não, e geralmente não sabemos porquê ou porque não, nem o que realmente estamos a fazer.
Dantes dizia-se:
“Vai ao cemitério, em noite de lua cheia, reza o responso de Santo Ildefonso 3 vezes, e enterra junto a um carvalho um lenço velho”
Hoje é mais isto:
“Quando aparecer aquela mensagem, carregas em control t, fazes 3 tabs, insert e page down e o problema desaparece.”, “ok, vou experimentar” e resulta.
Estas reflexões tomaram conta do meu espírito quando vivi aquela aventura que descrevi uns postes abaixo.
Toda a nossa ciência e arrogância é impotente perante as incongruências e a irracionalidade aparente deste “Brave new world”.
Em breve teremos que reeditar novas fórmulas de protecção perante a moderna tecnologia semelhantes aquela velha recomendação para viajantes utilizada na velha Inglaterra:
“From goasties and goollies and long legged beasties and things that go pump(ing) in the night, may the Lord protect us”
Se calhar, talvez nem precisemos de reinventar nada e esta mesma ainda nos sirva.

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