2004-08-13

Buba

Começa a passar-se com os blogues o que se passa com tudo neste mundo global, já vão sendo muitos, mais do que as mães, já não há capacidade de processamento e começo a ter a sensação habitual de que estou a perder o melhor porque, como em todos os casos, o ser-se mais badalado não é nenhum sinal de qualidade.
Entretanto, nesta versão do meu blogue, não tenho linques; não que não os queira mas apenas porque ainda os não sei colocar e se, por qualquer acaso desta misteriosa "máquina divina" que é a "net", eu me visse forçado a colocar apenas 1 linque, não tenho qualquer dúvida sobre qual seria: O Buba.
É um blogue riquíssimo e notável. É lento no seu rítmo, mas prescutu-o diariamente, ansioso e, de vez em quando, lá surge uma crónica nova, geralmente longa, que nunca me desilude, são sempre, sempre "pérolas".
É notavelmente bem escrito, com rigor, profundidade e algum humor, ainda que por vezes temperado com alguma melancolia.
É livre e não admite censuras de nenhuma espécie, nem mesmo as mais poderosas que estão dentro de nós.
E escreve lucidamente sobre tudo o que o preocupa, seja este triste mundo e esta triste actualidade em que vivemos, sejam memórias longíquas daqueles factos, aparentemente simples e desinteressantes que todavia nos marcam a vida e, o mais espantoso é que o lemos e percebemos porquê, conseguimos ver aquilo que as palavras não conseguem dizer e apenas o coração ou o cérebro percebem. Tem a dimensão da arte.
É neste aspecto que mais gosto do Buba, porque tenho a noção clara de que a nossa ideosincrasia é construída a partir de um somatório de pequenas referências, pequenos episódios que vivemos, pequenas frases que lêmos ou ouvimos em determinado momento e que se transformam em grandes e sólidas pedras que utilizamos na construção de nós próprios.
Mas essa transformação é feita, por vezes, por subtis razões: porque tocava aquela música, porque a luz incidia de determinada maneira, porque o episódio determinante se relaciona com um outro ou outros insignificantes e de que já nos esquecemos, cuja função foi apenas a de realçar aquele que se tornou determinante.
Quando tentamos descrever essas experiências a alguém, sem a música e sem a luz, torna-se difícil que nos compreendam na plenitude, o Buba, no entanto, consegue sempre transmitir tudo isso, pelo menos a mim.

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