2009-05-19

Notícia de hoje na TV 1

“Com a crise, a taxa de natalidade nos EUA está a aumentar!”

Nas reportagens viam-se as respostas banais e esperadas nesta situação:
Nós, desempregados, não temos que fazer …, já não vamos ao cinema …, já não vamos jantar fora …, deixando nas reticências aquilo que todo o ouvinte compreendia:
“Fodemos mais!”.
Tudo isto como se fosse uma consequência plausível, como se não dominassem os métodos anticoncepcionais, como se a vida corrente limitasse as possibilidades de sexo.

Eu, ao ouvir o título da notícia, lembrei-me de um velho estudo sobre insectos de produtos armazenados que fiz no último ano da minha formação em Fitiatria.

Basicamente o estudo consistiu em vários frascos de insectos, em situações de fartura alimentar ou de stress variável, uns com mais e outros com menos comida ou nenhuma (comida, que é tudo o que os insectos precisam para sobreviver, tal como nós).
Os resultados foram expresssivos:
Nos frascos da fartura os insectos engordavam e reproduziam-se pouco.
Nos frascos intermédios de escassez, a reprodução aumentava imenso (era a resposta da espécie às condições: se temos menos probabilidade de sobrevivermos individualmente, multipliquemo-nos para que a espécie sobreviva).
Nos frascos de penúria, a resposta foi de intensa reprodução e simultaneamente de canibalismo (isto, em insectos, onde em situação normal nunca se observava esse fenómeno).

Este estudo, cujos resultados me surpreenderam na altura, veio agora à memória, com essa simples notícia.

Extraí uma conclusão:
Talvez a crise venha a contribuir para a resolução de um outro problema talvez mais grave:
A baixíssima e preocupante taxa de natalidade do mundo, dito, Ocidental.

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