1º que não apoiamos qualquer partido, grupo, directriz política ou ideologia e que na sua frente apenas nos resta tomar conhecimento: algumas vezes achar bom outras achar mau. Quanto à nossa própria doutrina, os outros hão-de falar.
2º que não simpatizando com qualquer organização policial ou militar achamo-las no entanto fruto e elemento exacto e necessário da sociedade – com quem não simpatizamos igualmente.
3º que sendo nós indivíduos livres de compromissos políticos permaneceremos em qualquer local com o mesmo à-vontade. Seremos nós os melhores cofres –fortes dos segredos do estado: ignoramo-los.
4º que sendo individualmente e portanto abjeccionalmente desligados das normas convencionais, temos o máximo regozijo em ver essas mesmas normas nos componentes da sociedade. Assim delas daremos por vezes testemunho e mesmo ensino.
5º que não somos assim contra a ordem, o trabalho, o progresso, a família, a pátria, o conhecimento estabelecido (religioso, filosófico, científico) mas que na e pela Liberdade, Amor e Conhecimento que lhes preside preferimos estes.
6º que a crítica é a forma da nossa permanência.
Acreditamos que nestes seis pontos fundamentais vão os elementos necessários para que o Estado, os Governos, a Polícia e a Sociedade nos respeitem; nós há muito que nos limitamos neles e neles temos conhecido a maior liberdade. Não se tem do mesmo modo limitado o Estado, a Polícia e a Sociedade e muito menos o seu último reduto: a família. A eles permaneceremos fiéis pois todo o nosso próprio destino e não só parte dele a estes seis pontos andam ligados como homens, como artistas, como poetas e por paradoxo como membros desta sociedade.
António Maria Lisboa
Segundo Mário Cesariny, ele é o mais importante poeta surrealista português.
2009-05-22
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