2009-04-09

Carta de Pristina –8

Hoje, talvez este título não esteja verdadeiramente apropriado, não foi em Pristina que passei o dia mas numa pequena aldeia rural, na área de Gilane, cujo o nome não retive com rigor.
Sendo um dia feriado no kosovo, dia da constituição, fui convidado para um almoço numa família rural.
Digo família mas deveria talvez dizer tribo ou grande família, de facto são unidades complexas de tios e primos, que vivem em casas individuais, por família, mas próximas uma das outras e onde há uma grande interacção e exploração agrícola, se não em comum, muito articulada.
O almoço foi numa casa de um deles, não na de quem me convidou, mas estavam todos os homens.
Como é preceito por ali, deixamos os sapatos à porta e entramos em meias, sobre tapetes e alcatifas que vêm já de fora. Felizmente tinha as meias apresentáveis.
A sala era simples, com um banco estufado ao longo de duas paredes à maneira árabe, para se comer recostado, embora hoje fossemos tantos que nem deu para todos nos sentarmos aí, alguns ficaram em almofadas no chão, o dono da casa, por exemplo.
A tradição árabe ou muçulmana impõe que seja um ou mais rapazes jovens que fazem todo os serviço, comandados no interior da sala pelos mais idosos com simples olhares e sinais e no exterior certamente pelas mulheres que permanecem escondidas para nós mas comandando tudo por trás dos bastidores.
Foi assim ali mas como os tempos estão mudando, também apareceu no fim uma jovem a ajudar.
Abriu com um aperitivo, não alcoólico, naturalmente, mas composto de um sumo de qualquer coisa e depois um café turco com um doce que serve para adoçar o café e comer-se impregnado do dito. Era bastante bom.
Depois levantámo-nos para lavar as mãos, e regressámos ao lugar onde já estava uma toalha sobre a mesa.
O almoço, comido à mão, como é costume, consistiu em flija (uma espécie de crepe ou empadão folhado, em folhas grossas, entremeando um recheio que me pareceu de carne).
A acompanhar um queijo tipo atabafado, e um prato de, o que me pareceu kefir ou quando muito um iogurte pouco doce e esse sim, era comido com colher.
Estava bom, bastante melhor do que piza, como tive a oportunidade de dizer.
A terminar outro café turco e, a prolongar-se pela tarde, alimentando a conversa, chá.
São momentos destes, que por vezes a minha área de actividade proporciona, que eu valorizo muito, não há dinheiro que compre uma oportunidade como esta, vedada aos turistas, ou se feita para estes, sem a mesma naturalidade e pureza.

1 comentário:

Anónimo disse...

E a malta por cá cheia de inveja "amarela".