2009-04-03

Carta de Pristina – 5

A parte essencial da minha missão terminou hoje, resta ver, reflectir e escrever.
O projecto de desenvolvimento rural em que estou envolvido, teve ontem uma vitória notável, juntar á mesma mesa sérvios e albaneses, procurando um futuro melhor.
E não é nada fácil, as sementes do ódio, não foram estripadas, as feridas abertas ainda gotejam sangue.
A realidade parece ser a que a Sérvia perdeu a guerra, de facto. Não se pode procurar razão ou justiça num território desde sempre partilhado por vários povos, durante séculos ocupado e explorado pelo Império Otomano de que restam ainda minorias de origem turca para aumentar a confusão, e a subdivisão de uma minoria sérvia islâmica, os Gorani.
Os Balcãs sempre foram um caldeirão, de gente que vivia em paz, cada qual no seu canto, até que a modernidade, as comunicações, a noção moderna de nação, o pôs a ferver, em lutas pela hegemonia, onde a Sérvia levou a melhor até perder.
A desagregação, que até gerou uma palavra, a balcanização, parece-me a única resposta lógica e viável para o problema, mas como não se pode chegar a um país para cada tribo, haverá sempre gente incomodada.
A estabilidade, a chegar, só quando as novas gerações se homogeneizarem e esquecerem o seu passado.

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