Naquele tempo, o bom-nome na praça era uma virtude a prosseguir a todo o custo.
Qualquer comerciante, artesão, industrial, agente económico, tinha que conseguir ter bom-nome na praça ou a sua vida económica enveredava por caminhos ínvios de grande dificuldade e, mesmo assim só se mantivesse o bom-nome, não na praça, mas nesses caminhos ínvios.
Por terem perdido o bom-nome na praça, muitos agentes económicos preferiram acabar com a sua própria vida a assumir a sua desonra. Era uma questão de honra.
Naquele tempo, o bom-nome na praça era conseguido com uma vida de esforço e de coerência.
É claro que o nome de família ajudava ou complicava, filho de peixe sabe, ou deve saber nadar, o bom-nome tinha que ser cultivado mas podia também ser conquistado, contra as correntes hereditárias, era um esforço de uma vida.
Naquele tempo, vivia-se em circuitos curtos, a praça era um local.
Hoje, com a sociedade global o bom-nome é independente da vida. Como é que um desconhecido tem ou adquire bom-nome?
Como em tudo na modernidade vem de uma abstracção progressiva, procura-se o Deus-justiça, o Deus-media para atestar o que a nossa vida não produz, prejudicam-se ou eliminam-se os que vêm mácula em nós. Velamos pelo nosso bom-nome eliminando as críticas e os dissidentes.
O esforço já não é interior, é exterior. Reconheçam o meu bom-nome que eu continuo na mesma.
È daqui que nasce a febre persecutória de, por exemplo, o Sr. Engenheiro Sócrates.
Como sempre agora a solução é: eu não mudo, mude o mundo por mim.
Aparentemente é uma via mais difícil mas praticamente não é, basta chegar a quem fala mais alto.
É também por isso que vemos hoje apoucar o bom–nome dessa figura notável, da nossa história, a quem tanto devemos, que foi D. Nuno Álvares Pereira agora S. Nuno de Santa Maria.
2009-04-29
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