2009-04-13

Carta de Pristina – 9

Muito provavelmente também a última.
Pois é, regresso amanhã com o dever cumprido.
Como apreciação geral diria que foi assim como uma viagem ao passado, ver coisas que já vi mas que já não via à muito tempo.
Surpreendente mesmo, é a paz e o sossego que se vive neste que tem sido um palco de guerra.
O crime é raro e quase sempre não violento, o que há as vezes, ouve-se dizer, são furtos em residências.
O trânsito é caótico mas não assisti a uma única batida de carros, os acidentes são pouquíssimos.
E para mais parece que as cartas de condução são na esmagadora maioria administrativas. Como em tempo de guerra o pessoal foi aprendendo a guiar sozinho, como pôde, com a independência foram dadas licenças de condução a quem solicitou, para introduzir a legalidade, talvez por isso não há bem a noção de prioridade, é quem está mais a jeito é que passa primeiro, venha de onde vier ou mesmo a entrar numa rotunda.
Toda a gente espera tudo, talvez por isso não haja tantos acidentes.
Outro dia vi uma cena que horrorizaria alguém de um país mais “civilizado”: Três miúdos de uns 7 ou 8 anos brincavam na terra e um deles com uma enorme enxada com que cavava a terra, estavam felizes como as crianças a brincar costumam estar.
Tantas crianças que há, andam no carro aos pulos no banco de trás ou da frente.
Todavia, Pristina é uma Lisboa dos anos 50 e 60, mas com internet e TV do século XXI e com Euro sem se preocupar com o défice nem coisa nenhuma.
Creio que tudo vai mudar e mudar rápido, é para isso que a UE, sobretudo, está a investir muito. Foi para isso, aliás, que eu vim cá dar o meu minúsculo contributo.
Essa é que é essa, também vim cá modernizar o Kosovo ou, como dizia um velho Professor de Reading: “ajudar os ricos a ficarem mais ricos e os pobres a ficarem mais pobres!”

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