2003-09-17

Inspiração 2

Este período de convalescença tem-me permitido deambular preguiçosamente pelos vários canais do cabo. Hoje passei algum tempo assistindo à primeira sessão plenária após o regresso de férias do Parlamento, no respectivo canal da TV.
Nessa observação despreocupada foi-se reafirmando na minha mente um sentimento antigo e que se assume como regra na nossa democracia:
As oposições mostram-se quase sempre mais lúcidas do que os governos e talvez isso se possa explicar pela menor dependência dos lobies e capelinhas que enleiam a acção governativa, permitindo-lhes uma apreensão mais fiel da realidade.
E foi assim que a minha cabecinha pensadora formulou uma hipótese de grande alcance:
Se assim é, deveriam ser sempre as oposições a governar mas, de tal maneira, que se mantivessem na oposição, sob pena de perderem fatalmente a lucidez.
A minha proposta é assim a seguinte: as oposições deveriam concertar um verdadeiro governo sombra, como muitas já têm ou dizem que têm, a diferença é que todas as manhãs os ministros do governo deveriam ir a despacho aos respectivos sombra e ficavam vinculados às decisões destes últimos.
Teríamos assim sempre a oposição no poder !?
Para os governos era sempre cómodo o poderem desculpar as suas asneiras com a incapacidade da oposição, para a oposição seria mais simples poderem dizer mal das suas próprias medidas. A democracia beneficiava da prudência e autocrítica permanente que a implementação do sistema iria exigir.

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