Hoje levantei-me tarde, demasiado tarde para o meu gosto. Após uma pausa, no computador, ver os e-mails, fazer duas paciências, decido que é hora de preparar o meu almoço.
E aí vou para a cozinha, o menu já estava pensado: feijão-frade com atum de conserva, é só abrir duas latas, picar um pouco de cebola e alho, aquecer o feijão e já está.
O estatuto de prato “gourmet” é-lhe conferido pelos excelentes azeite e vinagre e o vinho que tenho.
No meio da preparação sou interrompido por um telefonema.
Era do Banco Barklays, mais uma vez oferecendo-me um crédito de 100 000 euros, para o que eu quisesse
Não quero o crédito para nada, agradeço à menina a atenção e desligo o telefone.
Este crédito que o Barclays, á força me quer conceder não é para a minha felicidade é apenas para me extrair, em forma de juros, os poucos euros que tenho para o meu dia a dia. Sei até explicar as razões:
A minha casa nova, que comprei ainda na planta do arquitecto a um preço relativamente baixo mas que me obrigou a recorrer ao crédito e que após várias vicissitudes com a CGD e o Santander, veio a cair no Barklays já meia paga por algumas poupanças, foi avaliada na altura, por este banco, antes da crise é claro, por um valor muito superior ao inicial.
Para mim foi um acaso da sorte, na prática sem grande significado (se num aperto a quiser vender não creio que me paguem esse dinheiro), mas como está hipotecada ao Barklays e eles, como qualquer banco só vêem Euros acham que eu estou a pagar pouco, a hipoteca cobre muito mais, têm forçosamente que me sacar mais euros.
Daí a tentativa para me emprestarem mais. Para eles ainda estou meio cheio, o capital só descansa quando me vir na miséria.
Durante o almoço, assisto como habitualmente à “Sociedade Civil”, de que lhes falei no último poste.
Hoje falaram, quase a propósito, da pobreza e da poupança.
E aí vi as receitas que o “Capital” me oferece para a condição em que me quer pôr:
Tenho que poupar, apagar as luzinhas de todo o equipamento, recorrer aos programas gratuitos que algumas Câmaras Municipais oferecem.
Havia vozes que refilavam, “como se pode poupar se não se tem o mínimo para viver?”, mas outras vozes rebatiam, “é sempre possível”, apague as luzes apague o aquecimento, coma pão sem manteiga, vegete”
Só não falaram na receita, que naquele contexto me parecia óbvia:
“Assalte um Banco!”
2009-01-19
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1 comentário:
mui bien
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