2008-07-23

Radovan Karadzic

Eu tenho “mixed feelings” sobre estes Tribunais Internacionais que procuram num tempo de ordem e paz, com toda a calma e conforto, julgar factos que se passaram noutros tempos e noutros mundos, sem lei nem regras, como são todas as guerras
Não sei se isto é justiça !
A generalidade dos homens, penso até que todos, são capazes, em momentos e circunstancias diferentes dos actos da maior nobreza mas também dos da maior ignomínia e crueldade.
A história está repleta de exemplos. Muitos ou praticamente todos os nossos venerandos heróis cometeram actos de barbárie, a começar no Rei fundador e a passar pelos grandes descobridores e até Jesus Cristo que era o mais pacífico e tolerante dos homens, teve iras, chamadas justas.
Jubiabá, personagem do romance de Jorge Amado, falava num olho da crueldade e num olho da piedade que todos teríamos à nascensa, embora alguns tenham o olho da piedade vazado, dizia.
“A Condição Humana” de André Malraux aborda tudo isto magistralmente.
De qualquer forma Karadzic, de facto, excedeu-se muito em, pelo menos, tolerar actos de crueldade extrema, tortura, assassinatos e violações, terríveis.
Nenhum de nós faria isso, sentimos, mas nenhum de nós viveu aquelas circunstâncias também.
Eu, por mim, sigo o preceito cristão: “não julgues, para não seres julgado”
Seguramente estou convencido que naquelas circunstâncias nunca permitiria tais atrocidades, do mesmo modo e pela mesma exacta razão que nunca aceitaria ser Juiz neste Tribunal.

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