Os povos, como as pessoas, também têm os seus traços de personalidade, nalguns casos mesmo, manifestam, como as pessoas, distúrbios de personalidade.
Os portugueses, segundo dizem, são um pouco maníaco-depressivos, serão, mas tem outros aspectos bem mais simpáticos e úteis em diferentes circunstâncias.
Um desses aspectos, que é muito nosso, é a capacidade de empatia, compreendemos os outros que nos são diferentes e adoptamos com facilidade aquilo que vemos nos outros e que nos agrada.
Este aspecto não é nada comum e é interpretado até, ás vezes e julgo que erradamente, como falta de personalidade.
Eça de Queirós dizia que os chineses, quando emigram, levam sempre a China consigo e lá fazem os seus bairros que são mini-Chinas, com casas chinesas a mesma gastronomia e hábitos de vida. Os portugueses não, vão de mãos a abanar, vêem e encaixam-se no que vêem.
Um exemplo disto é a forma como adaptamos palavras de outras línguas, enquanto o tempo as não incorpora, fazendo gala em as utilizar tal como no original, com a pronúncia próxima do original ou tão próxima como conseguimos e ouvimos.
Por exemplo Bruce Sprigsteen, em Portugal chama-se Bruce Springsteen, mas nos nossos vizinhos espanhóis já é qualquer coisa como Bru Sprintin.
Este hábito que me parece salutar, tem todavia dois aspectos que me irritam particularmente:
Quando as palavras são de uma língua estranha que não conhecemos exactamente, adaptamos sempre a pronúncia inglesa o que é um absurdo: ainda ouvi, no outro dia, num centro de massagens orientais em que explicavam que era uma arte milenar dos países do Oriente e, como exemplo, aplicaram a “Oriental face massage”, transformando o Inglês numa língua milenar do oriente.
“Oriental face massage” ? a que propósito ? se não sei o nome original porque não digo simplesmente “massagem oriental da face” ou coisa semelhante ?
O outro aspecto irritante é quando, por ignorância, mesmo em camadas sociais que a não deviam ter, pronunciamos mal as palavras transformando-as em coisas que não são da língua original nem da nossa, coisas híbridas e feias.
É o caso do “design” que usamos a torto e a direito, ignorando o nosso antigo termo “risco”, tão bonito, embora reconheça que pode ser fonte de confusão com as suas homófonas e homógrafas.
Mas dizemos quase sempre qualquer coisa como “désaine” e não “disaine” como os ingleses.
Isto irrita-me a mim e ao Carlos Pinto Coelho, porque já o vi corrigir, neste ponto, um seu entrevistado, causando um embaraço, que, no entanto, gostei de ver.
2004-05-27
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