2004-05-25

Abu Ghraib

Todos nós conhecemos, já vimos, faz parte do processo de formação e das vivências de todos nós:
Uma criança de 3 ou 4 anos que cai e, por exemplo, bate com a cabeça numa cadeira provocando-lhe dor, chora e vira a sua pequena ira contra a cadeira agressiva sendo para isso estimulado por todos os adultos próximos: Tau tau nesta cadeira má que magoou o menino, e todos batem na cadeira atrevida. A criança parece recuperar da sua dor com a sensação de que a justiça foi feita.
Este fenómeno é amplamente conhecido da psicologia e não é só infantil como parece. De formas mais elaboradas, este mecanismo de incorporação do plano simbólico explica muitos aspectos do comportamento humano.
Mas o Sr. Bush que, como todos sabemos, tem uma idade mental próxima dos 3 anos, manifesta esse fenómeno na sua forma mais pura e singela como a criança que descrevi. Disse-nos agora mais ou menos isto:
Abu Ghraib foi palco de torturas no regime de Sadam mas também palco de torturas das forças democráticas de ocupação: A culpa é de Abu Ghraib; tau tau em Abu Ghraib, prisão má que faz mal aos meninos.
Como, apesar de ser intelectualmente um menino, tem já um corpo de gigante, o tau tau de Bush é mais violento: Destrui-se imediatamente Abu Ghraib e faz-se uma prisão nova que não faça mal aos meninos.
Com gestos como este o mundo torna-se mais feliz, a “justiça” é feita, e ficam as nossas consciência descansadas.
Como no caso da criança de que falei, a verdadeira causa da sua má experiência, a sua inabilidade para andar, passa incólume e fica pronta para o próximo fracasso.

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