2010-03-20

A globalização contada às crianças

Parte V

A globalização


Amiguinhos

A globalização é a civilização mas em grande, em tão grande que envolve o mundo inteiro.
Nós já falámos de como o ouro se tornou essencial para termos acesso às coisas e falámos também no papel moeda que faziam alguns homens a que chamamos bancos, que guardavam o ouro dos outros e escreviam num papel a quantidade de ouro que guardavam e que restituíam quando o papel lhes era dado de novo, menos um bocadito para pagar o seu trabalho.
A imaginação do homem continuou a inventar coisas, muitas coisas, até ao dia de hoje, onde já temos carros aviões, televisão, internet e telefones que permitem que os vários bandos de homens e os vários Estados rapidamente contactem uns com outros e comprem e vendam produtos.
Entretanto os tais bancos começaram a notar que o ouro que gastavam ficava lá muito tempo guardado, porque o papel permitia comprar tudo sem se ter o trabalho de carregar o tal ouro e, então, pensaram assim, eu posso passar mais papéis do que o ouro que tenho porque eles nunca vêm buscá-lo todos ao mesmo tempo.
Assim foram fazendo e ficando mais ricos mas por vezes havia problemas porque muitas pessoas queriam o ouro ao mesmo tempo e eles não tinham para lhes entregar.
Então os Estados tomaram em mão o fazer esses papéis e, assim, cada um decidiu fazer a sua própria moeda que correspondia ao ouro que tinham guardado.
Acontece que mesmo os Estados pensavam como os banqueiros e começaram a fazer mais moeda do que o ouro que tinham.
Para as pessoas tanto fazia, porque os papéis valiam como o ouro e toda a gente o aceitava em pagamentos mas aos poucos o dinheiro ia sendo mesmo aquilo que era, apenas papel, embora um papel simbólico.
Com a internet e os cartões e tudo o mais nem sequer era preciso o papel moeda, bastava o registo, bastava ficar escrito o dinheiro que cada um tinha.
Claro que isto era uma confusão global, alguns estados tinham muito ouro e a moeda correspondente e outros não.
Certa vez houve uma grande reunião em Brenton-Woods com todos os estados para tentarem pôr ordem nisto e ficou combinado que para o dinheiro que cada estado fazia, tinha que haver a mesma quantidade de ouro ou de “dolars” que era dinheiro dos Estados Unidos, e que se prontificou a que cada “dolar” correspondesse aos seu valor em ouro. Até se criou uma espécie de polícia para fiscalizar isto, que se chama FMI, mas com ou sem polícia tudo descambou outra vez, porque mesmo os Estados Unidos começaram a fazer moeda sem terem o ouro para isso.
Para as pessoas isto tanto fazia porque o dinheiro tem sido sempre aceite mas como cada vez vale menos os preços das coisa começaram sempre a subir,.
É a chamada inflação que se diz sempre que são as coisas a subir de preço mas que na verdade é apenas o dinheiro a perder valor, sempre, sempre.
No mundo global tudo gira em volta do dinheiro e todos querem ter muito dinheiro e assim os Estados vão fazendo mais dinheiro até que um dia todos os homens percebam que aquilo é só papel, é uma abstracção é uma ficção.
È mais um produto da imaginação do homem mas que enquanto vale não temos outro remédio senão o usar porque não podemos ter nada sem dinheiro e temos de esperar que não haja mais crises financeiras que surgem quando aqui e ali se verifica o óbvio, que afinal o dinheiro não vale nada.
Mas no mundo global os homens têm que ser todos como aquele soldados do filmezinho a baixo, têm que ser como máquinas, fazer tudo como o sistema manda se não, não têm dinheiro, não têm essa coisa que só vale porque as pessoas estão convencidas de que vale.
Houve um homem sábio chamado Freud que escreveu um texto chamado “O mal estar da civilização”.
Esse mal estar, que é geral e crescente vem da constatação de que o mundo global só é viável se todos os homens deixarem de pensar pela sua cabeça e todos fizerem tal qual como o tal mundo global quer, só assim podemos viver todos juntos.
Mas, alguns, muitos de nós, não gostamos de ser máquinas.
Ainda que máquinas bonitas e bem lubrificadas e com toda a assistência técnica.
Isso dá-nos mal-estar.
No fundo, o que eu vos queria dizer é que a globalização é inviável, como ireis ver.

FIM

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