PARTE II
O amanhecer da humanidade
Amiginhos
Tínhamos ficado no ponto em que os homens e, naturalmente, as mulheres, apareceram na Terra, neste planeta que é o terceiro em volta do Sol que, por sua vez, pertence à Via Láctea e esta, como tudo, pertence ao Universo.
Naquele tempo os homens viviam mais ou menos como os seus primos macacos, em pequenos bandos de base familiar, comendo a fruta e as plantas que apanhavam e caçando e pescando os animais que comiam.
Não tinham horário de trabalho, nem havia polícia para os multar nem escolas para frequentarem, nada dessas coisas que hoje nos complicam a vida.
Mas como os homens tinham imaginação e falavam uns com os outros, lá foram inventando utensílios que o ajudavam a colher as plantas, a caçar, a pescar, a preparar os alimentos a cobrirem-se quando estava frio a abrigarem-se do mau tempo e dos animais ferozes, enfim a tornar a sua vida mais fácil e também faziam desenhos nas paredes das suas cavernas e em grandes pedras e faziam também colares, pulseiras outros adornos para andarem mais bonitos. Já eram artistas.
Vivia cada bando no seu sítio, sítio que era de todos e não era de ninguém.
Alguns bandos partiram para outros locais, alguns bem distantes e, aos poucos, acabaram por ocupar todo o planeta.
Por vezes havia disputas, por um fruto mais suculento ou porque uns arranjavam o melhor sítio para dormir e outros também queriam esse sítio e lá iam resolvendo essas questões como podiam, com palavras ou com lutas mas sem polícia, que não havia.
Aliás não havia propriedade, era tudo de todos e cada um só tinha o que conseguia arranjar ou fazer, aquilo que precisava para si e conseguia manter.
E assim passou muito tempo com os homens nesta boa vida, e de tal modo que os bandos foram crescendo.
Havia muita gente e alguns mais espertalhões, certo dia começaram a apropriar-se de lugares e de coisa que passaram a dizer que era só deles ou da sua família e não dividiam com os outros.
Quer dizer, inventaram assim a propriedade e partes do planeta passaram a ser só deles.
Foi por isso que muitos anos mais tarde, mais próximo do nosso tempo, outro homem sábio chamado Proudhon disse assim:
“A propriedade é um roubo”.
As pessoas que, no tempo de Proudhon, como agora, tinham todas as suas coisas, compradas a alguém ou herdadas e não as queriam perder, e se queriam comer fruta não tinham outro remédio se não comprá-la ao dono da fruta, diziam que Proudhon era maluco, e revolucionário.
Mas vocês, amiguinhos, já sabem que ele não estava a sonhar com um novo mundo para a frente, como fazem os revolucionários, estava apenas a meditar sobre os tempos antigos em que tudo era de todos até que alguns se apropriaram de terra e de coisas que, de facto, roubaram aos outros, enfim.
2010-03-14
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