2010-03-26

Bulling

Eu não queria falar disto, até a palavra me incomoda, “bulling”.
No meu tempo de estudante e presumo que em todos os tempos de estudante, não havia “bulling” o que havia era porrada, andávamos muito à porrada e nesse jogos dá-se e leva-se, eu até fui um que levou bastante mas também deu alguma coisa.
E essa porrada não tinha sentido nenhum, no plano imediato, era, como julgo que agora, uma simples questão de afirmação de poder, na “alcateia”, a tentativa de estabelecer uma hierarquia.
Nesse jogo os mais fortes fisicamente levavam a melhor, e depois havia um séquito de fracos que adulavam os fortes e servindo-os escapavam, lamentavelmente, eram os fracos, independentes que apanhavam mais. Embora, mesmo para esses por vezes houvesse todo um jogo de alianças e de manhas, que minimizavam os danos, ainda que para alguns mais frágeis ficassem marcas profundas e um intenso sofrimento.
Aliás, no meu tempo, era na escola primária que isso se via mais, entre os 6 e os 10 anos, a partir daí a força física deixava de ser o único valor, o aspecto físico e a força económica ganhavam outro estatuto e a linguagem, o voto ao ostracismo, as pequenas sacanices levavam a melhor sobre a porrada.
Era duro, gerava medos e inseguranças mas sempre encarei tudo isso como uma parte do processo educativo, para nos preparar melhor para o “bulling” constante que enfrentamos na vida, a mesma agressividade gratuita, a mesma violência descabida.
Agora, com esta simples palavra em Inglês, ganhou, como tudo, o estatuto de espectáculo.

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