2008-04-10

A propósito do tornado em Santarém

“...Para mim, se considero, pestes, tormentas, guerras, são produtos da mesma força cega, operando uma vez através de micróbios inconscientes, outra vez através de raios e águas inconscientes, outra vez através de homens inconscientes. Um terramoto e um massacre não têm para mim diferença senão a que há entre assassinar com uma faca e assassinar com um punhal. O monstro imanente nas coisas tanto se serve – para seu bem ou o seu mal, que, ao que parece, lhe são indiferentes – da deslocação de um pedregulho na altura ou da deslocação do ciúme ou da cobiça num coração. O pedregulho cai, e mata um homem, a cobiça ou o ciúme armam um braço, e o braço mata um homem. Assim é o mundo, monturo de forças instintivas , que todavia brilha ao sol com tons palhetados de ouro claro e escuro....”

Se eu soubesse escrever teria escrito isto, mas como não sei, roubei o texto de um outro “blog” escrito num tempo em que não havia blogues, por Fernando Pessoa.
Chama-se “O livro do desassossego” composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa, o poste citado é o 133.

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