2008-03-16

Matar o mensageiro

Quem conhece a condição humana, quem discretamente já observou brincadeiras de criança, onde a natureza humana se revela na sua maior pureza, ainda sem a complexidade que a sociedade vai impondo nas relações humanas, poderá imaginar facilmente o clima de abuso, de prepotência, em alguns casos de crueldade mesmo, que se passarão diariamente num ambiente onde de um lado está a razão e o poder, o bruto e o simbólico e, no outro, apenas a submissão também real e simbólica.
Refiro-me às prisões.
De vez em quando temos notícias desses abusos, Abu Graib, por exemplo, mas muitos outros aqui e em qualquer lugar do mundo.
António Pedro Doures é um Professor Universitário que tem dedicado grande parte do seu tempo a estudar a tortura (que ainda hoje persiste por todo o lado) e a situação do nosso sistema prisional e na medida dos seus meios tem procurado denunciar as situações que encontra e os abusos, de toda a ordem, que testemunha ou colhe de inúmeras denúncias que lhe são feitas sobretudo no âmbito da Associação contra a Exclusão pelo Desenvolvimento (ACED) a que preside.
A sociedade deveria agradecer que alguém esteja atento a estas questões, que só se minimizam com um maior controlo social e regras internas que reequilibrem o poder e os direitos humanos, dentro das prisões.
Tal como as crianças de que falei acima precisariam da supervisão de um adulto responsável mas os guardas prisionais já têm idade para ser adultos e precisariam isso sim de um auto controlo e uma vigilância mútua. Penso que esse poderia ser um papel importante do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional.
Porém, face a denúncias da ACED, este Sindicato não achou importante ou não pôde, desmentir as denuncias feitas pela ACED, limitou-se a reagir como parece que está habituada, reprimindo o incómodo, processando António Pedro Dores.
“Toma lá, para ver se te calas” parece ser só a linguagem que conhece.
Já vem de longe esta estratégia de esconjurar o mal matando o mensageiro!
Enquanto isto, o Professor continua na sua cruzada e aqui deixo a informação que poderá ser útil a quem partilha este tipo de preocupações.

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