2008-02-23

3 Livros obrigatórios

Na minha utopia há 3 livros que seriam de leitura “obrigatória”, usei as aspas porque na minha utopia, obviamente, ninguém obriga nada a ninguém
Refiro-me às duas obras de George Orwell: “Animal Farm” (O Triunfo dos Porcos) e "1984" (1984), e à obra de Aldous Huxley “Brave new World” (O Admirável Mundo Novo).
Os 3 relatam as angustias dos 2 autores ingleses sobre o devir do mundo que se adivinhava na primeira metade do século XX, de formas muito diferentes uns dos outros mas os 3 como que mostrando 3 faces de uma mesma realidade.
As datas em que foram escritos têm o seu significado (nenhum autor se consegue libertar do seu tempo): “Brave new world” foi o primeiro, escrito em 1932. no rescaldo do período mais “luminoso” do século XX, os chamados anos 20, os outros 2, de Orwell, foram escritos nos anos 40, “Animal Farm” em 1945 e “1984” em 1948 (anos esperançosos mas ainda negros do século XX), curiosamente Huxley, no seu prefácio a uma nova edição feita em 1946 diz de “Brave new World”: “hoje teria feito outro livro”, eu digo: “ainda bem que o não fez”.
Mas vejamos o que na minha idiossincrasia releva destes 3 livros:

“Brave New World”
O mais interessante deste livro, para mim o melhor dos 3, é que ele descreve um mundo sedutor (o Portugal moderno com que sonha o nosso Primeiro Ministro Sócrates) um mundo de gente feliz, sem constrangimentos financeiros, com saúde para todos, sempre jovens, com espectáculo permanente e até “sex, drugs and rock and roll” sem os inconvenientes para a saúde e bem estar e sem a sanção social que esse tipo de vida hoje nos traria.
Quem não gostaria de viver assim ? para Huxley, ninguém !
E é o “selvagem” pobre, subnutrido, sujeito à doença que se transforma no “herói” da história.
Huxley leva o leitor a perceber como todos os personagens do “brave new world” são de “plástico”, não vivem, sobrevivem "felizes".
Só o “selvagem” tem o bem maior: É livre !
“Livre, para quê” ? Pergunta-lhe Mustafá Mond, um dos Senhores do maravilhoso mundo novo, “para ter o direito de envelhecer, de ficar feio e impotente, o direito de ter síflis e o cancro, o direito de não ter de comer, o direito de ter piolhos, o direito de viver no temor constante do que poderá acontecer amanhã, o direito de apanhar febre tifóide, o direito de ser torturado por indizíveis dores de todas as espécies ?”
“Reclamo todos esses direitos !”, responde-lhe o “selvagem”.
É esta dicotomia, a essência das noções de felicidade e de liberdade, que se tece e se aprofunda no admirável “Admirável Mundo Novo”
Mas como este poste já vai longo, mais tarde falarei dos outros 2 livros.

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