2008-02-25

3 Livros obrigatórios – 3

Huxley no seu ensaio “Regresso ao Admirável Mundo Novo”, refere que há 2 formas de dominação numa sociedade, duas formas de assegurar o conformismo:
A força, o estado policial, apoiado na intensa vigilância dos cidadãos, com a punição de qualquer comportamento desviante, como no mundo de “1984”
Ou
A persuasão, convencer os cidadãos de que o conformismo é o melhor para eles, fazendo-os amar a sua própria servidão, como no mundo de “Brave New World”.
Saindo dos romances e passando à realidade, que vivemos nas nossas democracias ocidentais, podemos observar elementos destas duas formas, o que nos faz parecer que há de facto uma terceira via que reúne um misto das duas referidas por Huxley.
Relativamente ao “Brave New World”, é certo que não temos ainda, na realidade, a manipulação genética, mas podemos ver vários sinais do seu avanço provável. Não temos ainda o “soma” a droga mítica referida no “Brave New World” mas temos o tabaco, o álcool, e o prozac no “main stream” e outras substâncias psico-activas um pouco mais na margem mas também temos os bares as discotecas, os concertos e o futebol, para tantos elevado a aspecto primordial da vida e ainda a televisão claro, cada vez mais omnipresente.
Temos ainda o culto da juventude eterna, embora ainda muito à base de botox e silicone, actuando na forma e não do conteúdo mas já com alguns passos dados pela ciência no sentido desejável.
Quanto a “1984”, também estão a aparecer sintomas preocupantes.
A manipulação da realidade: Como ainda vimos recentemente como os mesmos números relativos ao desemprego serviram para provar simultaneamente a sua diminuição e o seu aumento, conforme as conveniências e isto como se a matemática já não fosse uma ciência exacta, exemplos destes são permanentes, com os números da economia e doutras estatísticas.
O refazer do passado: Por exemplo, constatamos agora que nunca Cavaco Silva disse a célebre frase “nunca me engano e raramente tenho dúvidas”, parece que não há registos, embora eu possa dizer ao modo de Galileu, nunca disse isso, não senhor, mas no entanto disse-o que eu ouvi. E não é que o “jamais” de Mário Lino, que todos ouvimos também já parece que não foi dito ?
A vigilância e o estado policial: Pé ante pé, lá vamos vendo a delação e a força crescendo, já temos os “bufos”, já temos uma polícia de costumes, a ASAE, e mais o que o futuro nos reserva se não ficarmos bem atentos e se não dissermos não.

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