Não sei se ando distraído ou se há muitos pouca gente a escrever sobre um período determinante da nossa história, que muitos de nós viveram intensamente.
Refiro-me ao que tem sido chamado como PREC, mas não a Otelos, nem a Conselhos de Revolução, Governos Provisórios, campanhas do MFA e aspectos, como estes, da superestrutura e das elites e vanguardas do PREC, não, sobre isto ainda se tem escrito alguma coisa, ao que eu me refiro é à vivência de gente anónima, das suas esperanças e desilusões e dos seus pequenos papéis na vivência de um período histórico singular e único.
Mesmo entre gente da mesma geração, que viveu tudo isto, pouco se fala e se recorda, é como se fosse um sonho sonhado dentro de um sono colectivo do qual já acordámos e de que não nos lembramos ou não nos queremos lembrar. Muitos de nós mesmo já não nos reconhecemos nesse sonho. Conheço imensos pequenos casos de “amnésia” e todos conhecemos, casos públicos como o do nosso actual Primeiro Ministro, que já ninguém consegue, sequer, imaginar a roubar a mobília da Faculdade de Direito.
Vem isto a propósito do livro “Crónicas Portuguesas” de John Reeve.
O autor, luso-francês, nado e criado no nosso país, viveu tudo isto. Residindo agora lá fora, tem talvez a distância necessária para analisar vários aspectos da nossa evolução pos-PREC, relacionando os anos 90 nacionais, data das crónicas, com as vivências desses gloriosos anos 70.
Trata-se de um excelente e muito interessante livro, sobretudo para os da minha geração.
2004-03-29
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