Imaginemos que, amanhã, logo de madrugada, esse tema permanentemente latente no nosso imaginário, que gera filmes e romances de grande sucesso mediático se transforma de facto em realidade.
Somos invadidos por extraterrestres !
É fácil imaginar como o pânico nos invadiria, como faríamos tudo para ripostar e afastar essa ameaça e como lamentaríamos que não fosse, desta vez, mais um filme, e que Bruce Willis não estivesse lá para nos salvar milagrosamente.
Todavia, racionalmente, podemos perguntar; “salvar de quê ?”.
Esses invasores com tecnologia suficientemente evoluída para cá chegar antes que a nossa tecnologia suspeitasse sequer da sua existência, não auguraria com certeza um futuro melhor ?
Os excessos que provavelmente cometeriam os invasores não seriam justificados pelo nosso primitivismo relativo e a nossa incapacidade para falar na sua língua superior ?
Não desprezaríamos os “traidores” que tendo uma visão mais utilitária do mundo se apressariam em tentar passar para o inimigo, obtendo de imediato alguns privilégios invejáveis ?
Provavelmente, alguns “intelectuais marginais” dessa cultura de invasores lutariam contra os excessos cometidos pelos seus pares, falando de alguns valores que os terráqueos também tinham e diriam que alguns mesmo estão a fazer um grande esforço de adaptação e já se integram minimamente na nossa cultura, os tais, para nós, “traidores”
Foi esta a impressão que colhi, ao ouvir a entrevista ao jornalista da SIC que acompanhou a luta dos Índios “Ianomanis”, parece que é assim que se transcreve, da Amazónia, em luta contra a invasão da nossa civilização “superior” e global.
“Estes ainda não falam português, mas têm valores tradicionais e comunitários de grande interesse, embora as mâes matem os filhos que não têm hipótese de sobreviver mas a missão católica já está a actuar contra estes aspectos, o problema são os fazendeiros, bla, bla, bla”
É este discurso inocentemente hipócrita que eu já não posso ouvir, para mim é tudo mais simples:
Deixem os índios “Ianomanis”, viver em paz, sem terem de aprender português à força ou fazer seja o que for não queiram.
A terra é ocupada por eles há séculos e mesmo segundo as nossas normas de justiça, têm direito a continuar aí na sua “sacrossanta propriedade”, “quietos no seu galho”. Ponto. Mais argumentos para quê ?
2005-10-29
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