2005-10-17

O regresso do rebanho – capítulo 4

Numa unidade de turismo rural, perto de Vila Flor, existe uma varanda ampla e larga, debruçada sobre um pequeno vale que logo se levanta numa colina que deixa adivinhar novo vale, desenhando o ondulado típico da paisagem de montanha que se contempla aí.
Eu, preparava-me para sair para a minha vida, quando vejo na referida varanda um grupo de turistas nórdicos, sentados lado a lado, debruçados sobre a balaustrada como se estivessem numa frisa de camarote.
Eu sei que a paisagem é linda, mas estranhei aquela postura.
Parecia-me melhor usufruir a beleza do lugar de forma mais descontraída, fazendo uma roda de cadeiras, conversando amenamente, talvez beberricando num copo, deixando a calma do lugar envolver-nos suavemente.
Mas eles lá estavam em silêncio, um pouco tensos de expectativa, esperavam qualquer coisa, o quê ?
Perguntei, à minha hospedeira, o que estariam a fazer aqueles turistas ali. Seria qualquer espectáculo invulgar que se passaria mesmo por baixo da varanda e que eu não descortinava do ponto em que me encontrava ?
“não” disse-me ela, “aguardam o regresso do rebanho, que já não tarda”.
Ao meu espírito afluíram duas imagens, “teatro”, “rebanho”. O regresso do rebanho também pode ser... é, um espectáculo.

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