Há coisas que sabemos mas que, de facto, não sabemos, desconhecemos os seus contornos a sua importância ou outras questões relacionadas. É um pouco como uma peça de um “puzzle” antes de encontrarmos o seu lugar junto das outras ou talvez aquela noção de Piaget de conhecimento acumulado e conhecimento equilibrado, o verdadeiro conhecimento.
Vem isto a propósito de um facto que me ensinaram há muitos anos, ainda na escola primária, como suponho terão ensinado a muitos de vós, que consiste em ser Portugal o país, com as mesmas fronteiras, mais antigo da Europa.
Sempre encarei isto como um “fait divers” , uma curiosidade, sem grande relevância, dita e redita para aumentar a nossa auto-estima, como se ser o mais antigo, por si só, fosse um facto digno de ser valorizado.
A primeira vez que essa informação assumiu em mim contornos diferentes foi, há já alguns anos, quando ouvi numa entrevista a Agostinho da Silva, este dizer que o grande mérito dos nossos primeiros reis foi terem descoberto onde estava Portugal, terem-no desenhado no mapa no seu exacto sítio.
Se por um acaso da história tivéssemos, por exemplo, perdido Trás-os-Montes e ganho a Andaluzia ainda estaríamos em Portugal ? Para Agostinho da Silva absolutamente não.
A Nacionalidade Portuguesa será feita assim desse binómio, povo e território.
Durante a minha estada na Polónia, essa singularidade portuguesa voltou à minha consciência, apercebi-me então que não somos apenas os mais antigos somos praticamente únicos na unidade desse binómio.
O povo e a identidade polaca é tão antiga como a nossa, no entanto em 2004 os polacos, ao contrário dos nossos primeiros reis, ainda não descobriram onde fica a Polónia.
Grande parte da Polónia de hoje ainda há 70 anos era Alemanha, mas antes, parte já havia sido polaca, e Prússica e austrohúngara, e parte do que já foi Polónia é hoje Ucrânia e Bielorússia.
E esta inconstância territorial é válida para as indiscutíveis Alemanha e França e esse arranjo territorial que se chama Espanha e o Reino Unido que por si só já é uma colagem como o nome indica, podemos dizê-lo, para toda a Europa, com a excepção deste nosso singular país.
Será que essa singularidade não confere à nacionalidade portuguesa um sentido diferente também único ?
Esta reflexão fez-me recordar um episódio que se passou comigo há muitos anos que mais tarde contarei.
2004-09-16
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1 comentário:
Entao e a Galiza ? Nao deveria ser parte de Tras-os-Montes ? E barrancos não é Espanhol ?
Quanto à pergunta:
"Será que essa singularidade não confere à nacionalidade portuguesa um sentido diferente também único ?"
Aqui fica a resposta:
Não.
Mas se quiseres saber o que confere à "nacionalidade portuguesa" um sentido diferente e único, podemos facilmente identificar como meros exemplos: a invensão da escravatura a nivel planetario, a carnificina bestial que foram os descobrimentos, e uma tendência visceral para a burocracia, para além de homens baixos e mulheres feias.
Já estou como o Almada Negreiros, quando fizerem uma bomba para dar cabo desta merda toda, por favor, por favor, metam lá dentro Portugal.
Um beijo
Adriano
PS: Quanto aos mapas, passavamos bem sem eles e se me perguntarem a opinião, estão todos errados, se não perguntarem então eu informo que estão todos errados.
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