2010-07-12

O que é que o episódio de Alexandre Magno e do nó Górdio, poderá ter a ver com Sócrates e a golden share na PT (explicado às crianças).

PARTE III
Meus amigos, deixemos a Frígia, há muito, muito tempo.
Abram as vossas asas, liguem os vossos reactores de imaginação e voem pelo espaço e pelo tempo até um cantinho no Ocidente da Europa, chamado Portugal, e posem no ano de 2010.
O que se vê e se vive é a chamada civilização.
Como sempre, nos locais civilizados, existe um Estado, com o seu governo e com todo um aparelho de administração, de serviços públicos e de polícia e existe um mundo, dito privado, de lojas, de fábricas, de escritórios, que também nos prestam serviços e nos vendem coisas.
Como sempre, é o dinheiro que domina tudo e que tudo permite mas também que tudo nos impede, o dinheiro é como se fosse o sangue da sociedade.
E isto é válido tanto para o Estado como para o mundo privado, mas há uma súbtil diferença, o mundo privado pretende sempre ganhar mais e mais dinheiro é só para isso que trabalha. O Estado é mais movido pelo poder, pela possibilidade de mandar, embora que sem dinheiro também não mande nada.
Outra diferença é como o mundo privado e o Estado ganham o seu dinheiro.
O mundo privado recebe-o de nós directamente sempre que nos vende alguma coisa ou no faz qualquer serviço. É provisionado pelo mercado, como dizem os especialistas que sabem destas coisas de dinheiro.
O Estado vai-nos fornecendo serviços e coisas gratuitas, como as ruas e os jardins e os parques infantis que faz, a escola e os hospitais para quando estamos doentes , e cobra tudo por junto através dos chamados impostos que, como o nome já diz, são mesmo impostos, à força, vêm do seu poder, do tal poder do Estado. Os especialistas chamam a esta maneira de cobrar dinheiro, provisão pública.
Isto foi assim pensado no princípio da civilização e tinha uma razão de ser, como os privados só pensam em ganhar dinheiro, por exemplo, podiam não estar para vir buscar o meu lixo, por ser muito longe para eles e eu não ter dinheiro para pagar todos os custos que teriam para o fazer, esse tipo de serviços essenciais, como a recolha do lixo, é, então, geralmente feito pelo Estado, que apenas cobra por grosso e de forma proporcional ao rendimento dos cidadãos (pelo menos teoricamente) permite fazer tudo por todos independentemente das condições de cada um.
Estas eram contudo regras não escritas e, como Alexadre Magno ao partir a corda do nó górdio, com a sua espada,porque ninguém lhe disse que assim era batota (lembram-se dele), muitos começaram a usar as falhas das regras para seu proveito, como se vai ver.
Hoje, à medida que a civilização evoluiu as coisa começaram a ser mais complicadas e misturadas, muitos privados começaram a usar provisão pública para ganharem o seu dinheiro, é o caso, por exemplo, da internet e da TV por cabo que eu pago todos os meses independentemente de usar a internet ou ver a TV muito pouco ou nada. Por outro lado o Estado começou a usar a provisão pelo mercado para ganhar o seu dinheiro, como, por exemplo nas portagens da auto-estrada e nas chamadas taxas moderadoras dos hospitais.
Hoje já é normal para o estado usar expressões tipo “utilizador pagador” e coisas semelhantes que lhe permite arrecadar dinheiro de forma mais expedita e isto para além dos impostos, é claro, porque esses nunca acabam, o nó górdio foi quebrado à espadeirada.
Por agora fico por aqui, amanhã lá chegarei à “golden share”, espero.

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