2010-07-14

O que é que o episódio de Alexandre Magno e do nó Górdio, poderá ter a ver com Sócrates e a golden share na PT (explicado às crianças).

PARTE IV e última
Pois é não foi amanhã como prometi no último episódio mas foi depois de amanhã.
Mas vamos ao que interessa:
Como vimos o Estado tem a seu cargo os chamados serviços essenciais, aqueles que não podem falhar sem grande dano para os cidadãos, como a recolha do lixo, de que já falei, mas também a distribuição de energia e de água, por exemplo, e isto para que se não caia no risco de em mãos privadas eles falharem em qualquer ponto simplesmente porque não dão lucro.
Estes serviços ,contudo, são provisionados pelo mercado, eu pago a electricidade e a água que consumo e como são produtos essenciais têm venda praticamente garantida e todos os privados querem negócios destes.
O Estado, por outro lado, dá-lhe jeito vender estes serviços, porque arrecada mais algum dinheiro e não tem o trabalho nem os custos para os manter.
Assim tudo se conjuga para que o Estado venda essas empresas aos privados, só que há um problema, é que quando vende já não é dele e assim não pode mandar.
Mas como o Estado é engenhoso inventou um processo.
Perguntou, não posso mandar porquê? Se eu não mandar os malandros dos privados ainda lhes vão faltar posso criar uma figura chamada “golden share” “acções douradas”.
A Opinião pública, os cidadãos, percebem isto, faltar a luz e a água é que não, pois que seja que o Estado a continuar a mandar.
Com a opinião pública favorável, os privados pensam assim: “que seja, já que os lucros continuam nossos”, se houver algum problema logo vemos.
E a tal “Golden Share” é criada e diz mais ou menos isto, o Estado não põe dinheiro nesta empresa mas pode mandar nela sempre que seja preciso.
O que é normal é que sejam os donos a mandar, mas o Estado entende que isso não está escrito em lado nenhum e manda a espadeirada como Alexandre Magno madou no nó górdio.
E tal como para o Alexandre resultou, foi assim que o Estado português mandou na PT mesmo que da PT só tenha um bocadinho equivalente às torneiras do lavatório.
Como já disse, na história do Alexandre Magno não apareceu nenhum juiz a acusá-lo de batota, mas no caso português já apareceu um Juiz da União Europeia a dizer isso mesmo.
Mas como diz o povo: “enquanto o pau vai e vem, folgam as costas” e estas pauladas vão ser a rítmo de caracol e no fim, mesmo que tudo corra mal, logo se inventa outra solução.
Para inventar os seres humanos são especialistas, essa é que é essa.

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