Por vezes, creio que quase sempre, há sempre alguém que já disse melhor aquilo que queremos dizer.
Aqui fica um ”poste”, publicado em 1834 mas que continua a aplicar-se hoje:
Imagine-se um rico fabricante que está a fazer grandes negócios, e com o qual eu quero concorrer. “Muito bem”, diz o Estado, “não tenho nada a objectar à tua pessoa como concorrente.” “Pois”, respondo eu, “mas preciso de espaço para construir, preciso de dinheiro!”, “É pena, mas se não tens dinheiro, não podes concorrer. E não podes tirar a ninguém o que é seu, porque eu protejo e privilegio a propriedade.” A livre concorrência não é, de facto, livre, porque me falta a coisa mesma que me permite entrar nela. Contra a minha pessoa, não há nada a objectar; mas, como não disponho da coisa, também a minha pessoa tem de desistir. E quem é que tem a coisa indispensável? Talvez aquele fabricante, e então eu podia tirar-lha! Mas não, porque o Estado é que é o seu proprietário, e o fabricante apenas vassalo, aquele que tem a posse dela.
A minha tentativa não deu resultado com o fabricante; por isso, vou fazer outra, concorrendo com aquele Professor de Direito. O homem é um idiota, e eu, que sei cem vezes mais do que ele, vou-lhe esvaziar o auditório. “Ouve lá amigo, fizeste estudos e tens graus?” “ Não, mas que importa isso? Sei mais do que o suficiente para ensinar a matéria.” “Tenho muita pena, mas a concorrência aqui não é livre. Nada contra a tua pessoa, mas falta-te a coisa, o grau de doutor. E eu, o Estado, exige esse grau. Se me pedires com bons modos, veremos o que podemos fazer por ti.
Stirner, Max: “O Único e a Sua Propriedade”
2005-07-08
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